Poucos
Contos
Muitos
Pontos
da Palavra
de Deus
Introdução
Eis um
trabalho paradoxal constituído de três pilares: a ficção, a realidade da vida
mundana e o que está contido na Palavra de Deus.
Surge
fantasioso quanto à existência dos fatos e dos personagens, com pouquíssimas
exceções. Eles são inverídicos e atemporais. Eles podem perfeitamente se
assemelhar à vida de qualquer um que possa ter vivenciado uma situação similar
e ter para si algum significado. Como também pode ser uma lembrança de uma mera
leitura... Talvez uma vontade, um desejo, um sonho...
É real porque
o cotidiano da vida de muitas pessoas compõe a história do mundo. Estas
experiências ou narrações se propagam numa convivência, numa mídia, num livro
entre outros e favorecem a inspiração. E a partir do que a própria memória se
apodera, é possível criar uma nova história porque, com efeito, “ninguém cria
do nada...”.
É legítimo porque
em um ou outro conto, a história é inspirada em fatos fidedignos.
Às vezes
difere uns dos outros quanto ao estilo, porque uns estão muito mais voltados
para as passagens Bíblicas. Torna-se mais real porque a narrativa se apropria
de muitas ideias, palavras e expressões bíblicas onde se encontra o Deus Vivo
nas linhas e entrelinhas.
Não
há pretensão de mudar a Bíblia, nem desrespeito. As citações bíblicas estão
marcadas em aspas e com as indicações entre parênteses para facilitar uma
consulta. Espera-se que se torne um texto agradável e a leitura flua
livremente.
Há o
entendimento de que a frase da Bíblia não pode ser vista isoladamente, mas num
conto é possível usá-la assim, entretanto procura manter a integridade dos
ensinamentos de Deus.
Ao
utilizar as “Palavras de Deus” nos “Contos”, busca-se uma forma de relacionar “Muitos
Pontos” inspirados pelo Espírito Santo, porém acima de tudo é um caminho
escolhido para louvar a Deus. Jesus disse que “onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20). E estes contos não têm outro foco se não
falar no nome da Trindade.
Tem sido possível
pela facilidade de escrever, um dom dado por Deus, juntamente com a vontade de
explorar o conteúdo Bíblico, em uma linguagem simples associado também à ideia
e acréscimos de outrem, pois não se trata de uma trajetória unilateral.
Não aborda um
conto de fada que culmina com “felizes para sempre”. Mas nestes textos de
louvação, há de fato, um final feliz, na maioria deles, pois a presença de Deus
é significativa como em todos os momentos da vida, ignorada por tantos, fazendo
jus ao provérbio: “a tristeza pode durar uma noite, mas a alegria vem pela
manhã” (Cf. Sl 30,6).
Em cada tema
escrito, identificado por numeração e título, há uma frase interrogativa que
induz a uma reflexão que pode estar respondida ou não no contexto.
Caracteriza-se por textos independentes, enriquecidos com uma frase final em
destaque, que de certa forma se julga correlacionadas com o conto em si.
Alguns textos
acompanharam um conteúdo mais acirrado, porque a inspiração levou a isso.
Foi historiado
e datado conforme a concretização da ideia.
Será
apresentado no menu Texto / Contos e como submenu 1ª Sequência, 2ª Sequência e
assim sucessivamente. Cada Sequência conterá 20 (vinte) Contos, mas a numeração
será contínua. É só uma forma de apresentar. A última vai sendo atualizada até
completar os 20 (vinte) à medida que vão ficando prontos.
Conclusão
É mais fácil
escrever esses textos “utópicos” do que vivenciar a realidade que pode estar
inserida neles. No entanto, a crença que Deus se encontra nos dois campos (no
texto e na vida) é eminente e por isso, este meio de louvor foi escolhido.
Convém acrescentar que existe muita fé no poder da oração.
Realmente é
difícil entender que Deus esteja presente em todos os momentos da vida, até
mesmo quando se comete atos desagradáveis a Ele. E mais ainda, encarar o que
parece mais um castigo ou uma injustiça ser proveniente de Sua permissão.
Enxergar uma tribulação como livramento ou mesmo uma bênção e para tudo necessita
de fé, talvez muita fé... Embora ela “possa ser pequenina como o grão da
mostarda, como disse Jesus” (Mt 17,20).
Em contra
partida, quantas vezes se ouve dizer: Só Jesus mesmo na causa; não sei como eu
aguentei tudo isso; parece que a mão de Deus me tocou naquela hora; e tantas
frases equivalentes! Acreditem: Ele está sempre com cada um...
Com efeito, a
justiça de Deus não precisa se mostrar com vinganças aos algozes, nem Sua
glória precisa se manifestar num mundo florido e colorido.
“Deus amou
tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo, o que crê não
pereça, mas tenha vida eterna.” (Jo 13,16)
Filho glorioso, capaz de “pegar a enfermidade de todos e libertar todos de um
espírito impuro, sendo de fato o Filho de Deus” (Cf. Mt
4,23).
Deus como
homem, “começou a apavorar-se e a angustiar-se, chorou e foi consolado por um
anjo no Getsêmani” (Mt
26,36-47; Mc14,32-42; Lc 22,39-46). É
inteiramente natural que Jesus tivesse comportamentos humanos, como é natural
que o nosso consolo chegue.
Este Filho
veio proclamar a “paternidade do Pai” e de forma resumida destacam-se três
pedidos de Jesus aos homens: “amar uns aos outros como Ele amou” (Jo 15,12), “crer no Filho e no Pai” (Cf. Jo 14,10-11) e na “vinda Espírito Santo” (Jo 16,5-15).
E este louvor
é oferecido porque se crê; quanto ao amor, sempre precisa melhorar...
1 – A Espera
O
que você faz quando os seus
planos
não coincidem com o de Deus?
Ela
tem seus 12 anos. Sabia que “deveria ser submissa aos pais como Jesus fora” (Cf.
Lc 2,51), conforme lera na Bíblia. Era uma
leitora assídua, já possuía sua vida definida por vocação nata e por se
identificar com aquelas passagens fruto de suas interpretações e análises
diárias.
Ela costumava
orar, conversar com Deus, escrever para Ele e contemplá-lO na cruz ou em
fotografia. Também ouvia músicas religiosas. Participava das missas. Gostava
dos Santos. Assistia filmes, lia livros editados e buscava suas Histórias pela Internet.
Tinha um comportamento recatado.
Então,
certo tempo, ela passara mais de 15 dias ansiosa, orando e fazendo suas
petições a Deus, entre elas como servir a Ele e levar a sua Palavra, mas
precisava da permissão dos pais. Pedia que Deus lhe indicasse uma hora propícia
para fazer os mesmos apelos aos genitores.
Para ela este
dia chegou... A informação da sua vocação e pedido para ir para o convento
saíram de sua boca advindos de um coração sereno, suave como uma oração. Mas,
chegou como uma bomba relógio para quem o ouviu, e igualmente a um bumerangue,
voltou para si, mas em outros termos: pura negação e agressividade.
A paz
saíra da sua alma com a reação dos pais. Encheu-se de uma tristeza angustiante,
de momentos conflitantes, num silêncio profundo... Chorava tanto em seu coração
que as lágrimas nem conseguiram acompanhá-lo.
Foi
quando viu, na sua imaginação, a figura do Filho do Pai: “Jesus no monte das
Oliveiras, orando ao Pai, e quanto mais angustiado ficou, mas Ele orou” (Cf.
Lc 22,39-45).
Sem revolta,
ela apenas conversava com o Pai em sua mente: Não foi isso que eu lhe pedi.
Esta realidade se misturava à imagem de “Jesus de joelhos orando” (Lc 22,41). E ela ousa dizer que, como o
“anjo chegou a Jesus e O confortou” (Lc 22,43),
chegou a ela também, embora não tenha sentido nada. Ele chegou sem censura, sem
cobranças. A paz que passou a sentir denunciou sua presença.
As palavras
que um dia lera agora eram vivenciadas ao ver Jesus na imaginação e naquela
sensação de conforto deixada pelo Anjo. Mas, aquela negativa queria prevalecer
na sua tristeza, agora pacífica e assim se justificava: “Deus firmou no céu o
seu trono e sua realeza governa o universo” (Sl
103,19). “Ele conhece os desígnios que formou a meu respeito (Cf. Jr
29,11) e para Deus nada é impossível”. (Lc
1,37)
Refletiu sobre
uma citação dirigida a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não dás
preferência a ninguém, pois não consideras o homem pelas aparências, mas
ensinas, de fato, o caminho de Deus” (Mc 12,14). Que Ele lhe
direcionasse então!
Tudo isso lhe
trouxera o alento necessário. Não estava só, embora estivesse distante de suas
perspectivas.
Não desistiria
dos seus apelos. Apenas entregara de fato nas mãos de Deus. “Abandonara-se à
Providência” (Mt 6,25). Assumira o “seja
feita a sua vontade” (Mt 6,10).
Ele luz (Jo 8,12), Ele direciona. “Ele que conhece a necessidade
de cada um” (Cf. Mt 6,32) mais que a
própria pessoa! O Plano d’Ele é superior à necessidade de cada um (Sl 37,5). De certo irá agir em seu favor ou em seu
consolo, “ainda que seja preciso esperar...” (Cf. Lc
18,6).
Maria no seu
‘sim’ (Cf. Lc 1,38), mudou o mundo. Ela,
no seu sim, não pronunciado nestes termos, mas no “faça-se em mim segundo tua
palavra” (Lc 1,38); sabia que “sempre
haveria os pobres para que ela pudesse fazer o bem” (Cf. Mc 14,7).
Ela agiria “honrando os pais” (Cf. Mt 19,19)
e com certeza faria tudo o que sua idade permitisse. Esse era seu caminho
escolhido, por enquanto...
“Entrega
teu caminho ao Senhor, confia n’Ele e Ele agirá.” (Sm
37,5)
(Em 17/08/2021)
2 – O
Esmorecimento
O
que você faz quando o esmorecimento
quer
fazer morada no seu coração?
Ela é uma
viúva aposentada com filhos criados e se sente abençoada com a presença dos netos.
Aparentemente
a vida lhe parece ingrata. Os descrentes da benevolência Divina julgam que Deus
não teve misericórdia com ela.
No entanto,
ela sabe no imo do coração que recebera muitas bênçãos de Deus e testemunhou
muitas bênçãos destinadas aos seus familiares bem chegados que moram próximo e
distante. E até mesmo a parentes não tão chegados, amigos, vizinhos e
desconhecidos. Mas claro, que ela não foi isentada de dificuldades, amarguras e
até mesmo de relativa penúria.
“No monte das
Oliveiras Jesus falara: o espírito está pronto, mas a carne é fraca. Vigiai
para não entrar em tentação.” (Cf. Mt 26,41)
Ela, mesmo tendo um espírito forte, em muitos momentos, deixou de vigiar e caiu
em tentação.
Numa das
tribulações, até se revoltara, pois lhe dominou a falta de vigilância. Recebeu de
Deus uma resposta eminente, que só ela conhece. E nesta hora abriu seu coração
mais ainda para Ele.
Noutra
atribulação “abandonara-se a Deus” (Cf. Mt 6,25-34)
inteiramente e ainda cumprira ao pedido “por tudo daí graças” (1Ts 5,18), mas
sem saber que era da vontade do Pai.
Diante da
carne fraca e do espírito invigilante, alternava sua fé entre crer na força de
Deus e na inércia do seu corpo.
Ora abatia-se
pela tristeza que consumia sua alma de forma tão profunda que nem lacrimejava.
Deixava que o esmorecimento instalasse seu corpo sobre sua cama, naquele vazio
que pairava sobre si contrariando o “orar sempre, sem jamais esmorecer” (Lc 18,1).
Pensava assim quando estava ressentida,
cheia de amargura: “meus olhos derretem-se de dor pela insolência dos meus
adversários´” (Sl 6,8) – a provação (Rodapé Pág. 868).
Inconscientemente,
deixava que seu profundo silêncio lhe ocultasse sem saber que justo ele
denunciaria a sua própria ausência, pois ela era amada e querida por muitas
pessoas e elas sentiam falta de sua presença quando deixava de dar notícias.
Então ela agradecia
e se enchia de graça porque as pessoas se preocupavam com ela, e lhe tinham
afeto e amor, embora no dia a dia nem sempre se manifestassem...
Há vezes que torna-se vigilante reagindo ao esmorecimento, buscando seus
afazeres, atestando o fortalecimento do Espírito sobre a carne. “A viúva não
esmoreceu e frequentemente se dirigia ao juiz” (Cf. Lc
18,1-5). Pensando como a viúva assim reagia à sua apatia.
Assim ela tem levado a vida com altos e
baixos, alegre e triste, sozinha e acompanhada. E se ela opta por atitudes
próprias que parecem afastá-la de Deus, Ele se encontra indiferente a estas
ações e lhe presenteia com bênçãos, milagres e graças.
Nem ela mesma
tem sabedoria suficiente para conhecer toda a ação Divina que tem recebido porque “não depende daquele
que quer, nem daquele que corre, mas de Deus que faz misericórdia” (Rm
9,16).
Ela desconhece
muitos livramentos que Deus lhe proporcionou. Ela está sempre cumulada da
presença d’Ele, basta “abrir a mente” (Lc 24,45),
pois Deus está fazendo a Sua parte.
“O
próprio irá à sua frente e estará com você”. (Dt
31,8)
(Em 20/8/2021)
3 –
Encontrando a Bíblia
(Os 10
Mandamentos)
Você
acredita que a Bíblia possa
de fato
lhe dar respostas?
Ela estava com
60 anos. Aguardava apenas a publicação da sua aposentadoria no Diário Oficial
para se afastar da sua labuta. Era professora de uma escola pública e refletia:
60 anos! Já vivi mais que metade da minha vida. É mesmo hora de descansar.
Foi interrompida
com a chegada de uma aluna. A menina pediu que a professora consertasse sua
Bíblia, por favor, porque na sua casa não tinha cola, nem fita colante. Também,
ela não tinha atributos para fazer esta colagem.
A menina,
deixando a Bíblia, agradeceu e se afastou ciente que havia um tempo de espera
para a disponibilidade da professora e para a secagem da cola. A futura
aposentada ia atender esse pedido em casa e depois a devolveria à aluna.
Em casa, ao
abrir a página rasgada e descolada, a idosa se deparou com o “Decálogo”, “Êxodo
20”. Na hora, isso não lhe trazia nenhum significado. Mas, a leitura daqueles
“10 Mandamentos” surgiu sem nenhum esforço. Mesmo que não quisesse ler, era
impossível. Não tinha como desviar os olhos daquela lista que aprendera há
tanto tempo.
Sem que
pudesse evitar, aquela leitura apresentava-se em sua mente como um
caleidoscópio, e ao invés de mostrar linha e figuras geométricas coloridas,
mostrava sua própria vida, suas reflexões e suas ações de acordo com cada
Mandamento.
Os três
primeiros mandamentos a respeito de Deus estavam diante dela lhe trazendo um
jugo na consciência.
“1°) Amar a Deus sobre todas as coisas” – Não amava
Deus. Amava seus irmãos, sobrinhos, alunos, amigos, vizinhos...
“2°) Não
usar seu Santo nome em vão” – Isso não fazia, mas também não louvava;
passava para os alunos, atividades que separassem o que Deus criara e o que
homem fazia. Via agora, tão pouco falara de Suas obras... Seus ensinamentos
nunca foram motivo de suas aulas e nesses tempos isso ainda era permitido.
“3°) Guardar o sábado” (Agora domingo pela Plenitude
da Ressurreição) – Para ela todos os dias eram iguais. Não havia um
momento para Deus, que dirá um dia!
Ela ainda não
conhecia Deus, seu poder, sua misericórdia, sua benevolência, seu amor, nem sua paternidade... E naquela bendita hora,
Deus se apresentava tomando sua mente para um julgamento interno e um coração
pronto para se encher de amor naquelas leituras...
“4°) Honrar pai e mãe” – ela não
lhes deu o respeito que eles mereciam. Quantas vezes lhes cumulara de tristeza
e sua própria ira ficara a ponto de quase “matá-los”. Não compreendia que o desamor
é uma forma de matar, cuja arma é um ato de desafeto e não uma peça física como
instrumento para execução da morte. Era lhes
passara tanta ingratidão...
“5°) Não matar” – no sentido literal nunca
matara ninguém. Mas, no sentido figurativo, nem sabia o que de fato havia
matado... Naquela hora teve em mente
isto: com más palavras e más ações, é possível matar alegria, prazeres, sonhos,
afetos, confiança, relacionamentos... E ela não conteve as lágrimas que rolaram
do seu rosto ora pálido de tanto remorso.
“6°) Não cometer adultério e 10°) Não pecar contra a
castidade” – Quando era novinha se insinuara para os homens sim, até para os
maridos das colegas, com danças, olhares e gestos, embora não chegasse às vias
de fato... Não associava que pensamentos e filmes desta natureza também não
eram corretos.
“7°) Não cobiçar as coisas dos próximos” – ela
desejara sim, o carro da vizinha, a casa da prima, o vestido da irmã e outras
mais tantas coisas... Olhava com desprazer os que os outros lhe superavam... Não
cuidava de ter as suas próprias conquistas dadas por Deus, por meios de
pedidos, oração...
“8°) Não roubar” – quantas vezes roubara o tempo
dos alunos com uma aula não preparada... O tempo de alguém ao furar uma fila...
Quantas vezes levara material da escola para seu consumo próprio. Ficara com o
troco como pagamento de um favor que se dignara fazer a alguém. Ou ficara com o
troco de quem errara e lhe passara a mais sem dar a devida atenção a sua
tarefa. Azar dela! Serviria de correção! Não pagava aos empregados o que lhes
era devido. Tirou proveito em detrimento de algo ou alguém porque recebeu
ordens superiores. Pensava que estava certa, pensava que nunca assaltara
alguém, pois nunca usara arma ou ameaçara... Naquela hora começara a enxergar
com outros olhos e neste ponto era vasta a lista...
“9°) Não levantar falso testemunho” – se não o
fez diretamente, quantas vezes o fez silenciando, se omitindo, insinuando um
possível culpado, não esclarecendo que o outro não tinha culpa.
O tempo
passara... Sim, fizera muitas transgressões desta natureza e se deixara de
fazer algumas daquelas, foi por falta de oportunidade e pela idade que agora
era avançada. Nada de culpa... Em seu próprio jugo se sentira correta nas suas
ações e/ou reações porque elas lhe colocavam numa zona de conforto, naqueles
tempos. Mas, com aquela Leitura Dinâmica, o caleidoscópio se encarregava de lhe
censurar abrindo-lhe a consciência.
E agora, após
aquela leitura ocasional, aqueles Mandamentos e suas reflexões consumiram sua
mente, intensamente, durante aquela tarefa e, posteriormente no seu sono e no
seu acordar. Reconhecia que cumulara muitos erros... De pecados tidos como
inocentes... Que linguajar simples ela encontrara para seu próprio julgamento,
embora ainda se encontrasse desconcertante e desconfortável diante daquelas
dúvidas remanescentes.
Ainda
precisava atestar a qualidade de sua tarefa antes de devolver a Bíblia. Estava
tudo feito com perfeição apesar da mente confusa. Folheou as páginas em busca
de outro defeito e outra passagem carregada de reflexão invadiu seus
pensamentos. Ainda não sabia que tudo isso estava contribuindo a fim de abrir-lhe
as portas para um crescimento Espiritual. Deus lhe presenteou com a resposta em
Lucas, 3,8: João Batista dizia “para produzir frutos dignos de (mostrar) arrependimento”.
Sua intuição
despertou e lhe avisou: haverá aposentadoria, mas não haverá descanso!
Encontraria o caminho reto num futuro próximo.
Primeiro,
neste tempo que lhe restava, não tinha intenção de repetir as más ações
identificadas e agora sabia que a omissão também era uma má ação. Essa é a
busca incessante de todo Cristão e intuitivamente ela estava se transformando
numa Cristã.
Segundo, faria
um trabalho voluntário: “dando comida a quem tem fome, dando água a quem tem
sede, visitando enfermos. Presos?”. Nem cogitou. “Receber forasteiros - estrangeiros”,
já não faz parte da cultura, mas “buscou proporcionar a hospitalidade” (Rm 12,13) aos parentes e amigos. Estas inspirações
vieram pelo Espírito Santo. Ela não sabia que essas ações consistiam do
“Julgamento Final” (Mt 25,31-46) de Jesus
descrito na Bíblia.
Antes mesmo de
se aposentar, ela comprou uma Bíblia para si. Com toda tribulação mental tinha
sido iluminada, guiada e lhe apetecia que continuasse assim. E na primeira
página folheada da própria Bíblia, encontrara o texto do “Último julgamento:
Pois tive fome, e me deste de comer, tive sede, e me destes de beber; fui
estrangeiro, e vós me acolhestes” (Cf. Mt 25,35).
Era a confirmação da ação de Deus sobre seus pensamentos anteriores.
Não demorou
muito para, na leitura diária, o Evangelho lhe mostrar o que Jesus dissera: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo coração,
de toda a tua alma e de todo o teu espírito; Esse é o maior mandamento; O
segundo é semelhante a esse: Amarás o
teu como a ti mesmo; Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os
profetas” (Mt 23,37-40); e mais: “Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis
uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34).
O Primeiro
maior mandamento já foi recomendado no Antigo Testamento da seguinte forma: “Amarás
o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as
tuas forças” (Dt 6,5).
Ainda tão
desprovida da leitura da Bíblia, já podia testemunhar que nela as pessoas
recebem respostas de Deus: Jesus é a resposta. Respondia naquela época e
continuava respondendo pela Bíblia que é a Sua Palavra Viva.
“Proclamai
o Evangelho a toda criatura.” (Mc
16,15)
(Em 22/8/2021)
Se você cometesse os 7 Pecados Capitais,
ou alguns, como poderia vencê-los?
(Soberba, Avareza, Luxúria, Ira, Gula, Inveja e Preguiça)
Eles formavam
um casal de pessoas antagônicas em pensamentos e ações que “Deus uniu em uma só
carne e o que Deus uniu não se deve separar” (Cf. Mt
19,5-6). Nele fluíam mais as virtudes. Nela, os Pecados Capitais.
Ele tornou-se
um moço próspero. Era diligente e cuidadoso em tudo que fazia e muito
prestativo inclusive no trabalho. “Sendo fiel nas coisas mínimas, era fiel no
muito.” (Lc 16,10) Sabendo “fazer bom emprego
do dinheiro (Lc 16,9), mas um dinheiro
justo e limpo (Sl 37,16), “ajuntava
tesouros no céu” (Mt 6,20). Por isso,
“Deus foi lhe acrescentando outras coisas mais” (Cf. Mt
6,33) além de uma vida financeira bem cômoda, porque “é Deus quem empobrece e enriquece,
quem humilha e quem exalta” (1Sm 2,7).
Nela a preguiça imperava. Não fazia
literalmente nada. Nem mesmo dirigir os empregados. Sendo preguiçosa, atraía
muitos outros pecados.
Era totalmente
indiferente a este provérbio bíblico. “Anda, preguiçoso, olha a formiga,
observa o seu proceder, e torna-te sábio: sem ter chefe, nem guia, nem
dirigente, no verão, acumula o grão e reúne provisões durante a colheita. Até
quando dormirás, ó preguiçoso? Quando te levantas do sono? Um pouco dormes,
cochilas um pouco; um pouco esticas os braços cruzados e descansa; mas te sobrevém
a pobreza do vagabundo e a indigência do ladrão!” (Pr 6,6-11) Com
certeza, ela teria vergonha, pois nada aprendera com a formiga e os gestos do
vagabundo se assemelhavam aos seus.
“Por mãos
preguiçosas o teto desaba, por braços frouxos goteja a casa.” (Pr 10,18).
Isso só não lhe ocorria, graças “aos servos que se encontravam sempre
vigilantes e conheciam as vontades dos seus senhores” (Cf
Lc 12, 35-48).
Quando ela
fazia uma visita, a inveja, a cobiça e o ciúme das coisas dos
anfitriões e visitantes se infiltravam em sua mente pecaminosa exigindo,
posteriormente, que seu marido lhe desse aquele alvo desejado.
Com sabedoria,
ele se aproveitava para ela ser altruísta.
“Apegada ao
dinheiro”, a avareza lhe consumia e
irava-se com o marido quando “dava uma esmola” (Cf. Mt
6,2); “pagava o dízimo” (Ml 3,6-12) como dispunha em seu
coração (2Cor 9,7); ajudava financeiramente um amigo ou vizinho; ou
dava uma gorjeta generosa, entre outras. Ela gritava, falava mal e discutia
indiferente a “ai daquele que produzir escândalo” (Mt
18,7). “Ela era uma ávida de rapina e perturbava sua casa.” (Pr
15,27). Ele ia vencendo aquela ira
tentando ter a “mansidão de Jesus” (Cf. Mt
11,29). Sempre deveria tentar alcançá-lO!
“Há quem se enriquece por avareza: esta será a sua recompensa: quando ele disser: encontrei descanso, agora comerei meus bens, não sabendo quando virá aquele dia, deixará tudo a outros e morrerá.” (Eclo 11,18-19). O marido não enriquecera por avareza. Com avareza ela usufruía da riqueza dele, indiferente ao dia que Deus buscaria sua alma, conforme Jesus ensinara na parábola narrada em Lc 12,16, reiterando o que já havia sido dito há muito tempo.
Às vezes ela
acompanhava o marido nas assistências sociais que ele fazia. Ele sendo
complacente e cheio de compaixão, ciente de que “sempre haveria pobres” (Mc
14,7), atuava na Igreja. Ela participava com uma “vaidade” aflorada
diante daqueles desafortunados. Mostrava-se em pompas e tagarelava o que estava
fazendo em prol dos coitados “sem segredo” (Mt
6,1). Era uma ‘benevolência’ mediante a soberba.
Aliada à
preguiça, estava a gula. Enquanto ele se alimentava com temperança, ela
se excedia principalmente em relação à bebida, sem saber que “na alimentação
demasiada está a doença, que a intemperança provoca cólicas e muitos morreram
por causa dela e, que se ela se cuidasse poderia prolongar a vida” (Eclo 37, 30-31).
Ela estava tão
distante desta frase: “Quando te assentas para comer com um chefe,
presta atenção ao que está na tua frente; põe uma faca tua à garganta, se és
glutão” (Pr 23,1-2). Enquanto isso, ele se mantinha zeloso e
cuidadoso como sempre, não transgredia no tipo de alimentação e bebida ao comer
junto com o chefe ou não, e em tudo o que levava para casa.
Este zelo se
estendia em retirar a esposa dos eventos, principalmente, quando ela bebia
demais e agregava comportamentos sensuais num apelo sexual entre os anfitriões
e visitantes. Aquela libertinagem que permitia a presença da luxúria constrangia
a todos, mas ela nem se apercebia.
“Ora, eu vos
digo, conduzi-vos pelo Espírito Santo e não satisfareis os desejos da carne.” (Gl 5,16). Ela não se deixava ser conduzida por Ele e
“era provada pela própria concupiscência, que arrasta e seduz; em seguida a concupiscência, tendo concebido, dá
à luz o pecado, e o pecado, atingindo o termo, gera a morte” (Tg 1,14-15); “porque tudo o que há no mundo – a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o orgulho da riqueza –
não vem do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa, e também a sua
concupiscência; mas o que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (1Jo
2,16-17).
“Com efeito, é do coração que procedem as más intenções” (Mt 15,19), e do coração dela vieram: a preguiça, a inveja, a avareza, a ira, a soberba, a gula e a luxúria. Era isso que a tornava impura.
Ele sentia, em
sua relativa pureza, que o comportamento da esposa emanava o que estava no
coração e orava a Deus, para juntos vencerem aquelas tribulações. Conhecia o
coração da esposa e esperava que dele fluísse os bons sentimentos que ele
conseguia enxergar. Ele intensificava suas orações e sempre a abençoava. Em
todo momento ele procurou ser “sal e luz conforme Jesus orientou” (Cf. Mt 5,13-16), levando-a “pelas sendas da retidão” (Pr
4,11).
“Ele conhecia a sentença de que Deus declara
dignos de morte os que praticam semelhantes ações, como as da esposa, e por
isso não aprovava que ela as praticasse”, pois a prática e a aprovação não
agradavam a Deus” (Cf. Rm 1,28-32). “A
mulher não cristã é santificada pelo marido cristão” (Cf. 1Cor 7,14).
Ele não seria omisso. Faria tudo em nome de Deus para vencer esta batalha.
Ele
recebera muito de Deus e não desejava ser cobrado, pois fora beneficiado
financeiramente e espiritualmente e assim, “abandonava-se a Providência” (Cf.
Mt 6,25-14) e nela esperava.
“Deus
misericordioso (Dt 4,31), que prometia
acrescer as outras coisas mais, a quem buscasse primeiro as coisas do Reino” (Cf.
Mt 6,33) e juntasse tesouros no céu” (Cf. Mt 6,19-21), foi pouco a pouco “fazendo justiça àquele
homem mesmo que ele tivesse que esperar” (Cf. Lc
18,7).
Havia
naquela mulher, amores pelos seus pais e pelo marido, pois todos eles eram
também pecadores e como a perfeição é Divina “até os pecadores amam os
pecadores que lhe amam” (Lc 6,32).
Foi por causa
daquela fresta de amor que o Espírito Santo foi se apossando daquela mulher.
Ela praticara os Sete Pecados Capitais e a eles se agregavam outros tantos
delitos, mas tinha amor...
Foi pelo amor
de Deus destinado a todos que o Espírito Santo, em nome de Jesus, foi afastando
aquela mulher dos pecados e consequentemente a aproximando de Deus...
O amor do
Criador precede a origem do pecado que surgiu com Adão e Eva. É natural que
justo o amor tenha se sobreposto à conduta daquela mulher, mas tudo no tempo de
Deus...
“Deus criou o
homem para a incorruptibilidade e o fez imagem de sua própria natureza; foi por
inveja do diabo que a morte entrou no mundo: experimentaram-na aqueles que lhe
pertence.” (Sb 2,23-24) O marido a reconhecia como filha de Deus.
Por isso o marido rezava tanto, pois esperava que ela não estivesse entre os
que “Deus entregara à própria mente incapaz de julgar, para fazer o que não
convém...” (Rm 1,28) os pecados capitais e
outros que se agregaram!
“Se o teu
inimigo cai, não te alegres, e teu coração não exulte se ele tropeça” (Pr
24,17). Aquele marido misericordioso, não fazia isso com nenhum inimigo,
se é que ele tinha um, que dirá, com a mulher que lhe foi dada por seu Deus, a
sua eterna amada!
“Amai uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34)
(Em 1/9/2021)
5 – Conjugando Alguns Verbos
Louvar, agradecer, abençoar, perdoar e orar
fazem parte de sua vida?
Ela era apenas uma mulher...
No tocante a Deus, ela “conjugava” bem estes verbos: “louvar, agradecer,
abençoar, perdoar e orar”. Uns com mais frequência e facilidades do que outros.
“Louvar: um pedido do salmista” (Cf. SL 150,1). É louvor do homem aquele que bendiz a Deus. Estão
inseridos nos salmos, por isso era uma das suas leituras preferidas.
“Jesus louvou o Pai, Senhor do céu e da terra porque ocultou as coisas
dos sábios e doutores, e revelou aos pequeninos.” (Cf. Mt
11,25).
Louvar implica em múltiplas
ações, pois até “esperar em Deus” não deixa de ser uma louvação. Da mesma forma
que pedir a Deus também é uma louvação, pois é o reconhecimento do Poder
Divino. “E tudo que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis.” (Mt 21,22) Ela O louvava também quando “praticava
ações que eram agradáveis aos olhos do Pai, como o rei Joatão”
(Cf. 2Rs 15,34). Quanto mais ela se aproximava das orientações do
“Sermão da Montanha” (Mt 5; 6; e 7) e as
praticava, ela julgava que O louvava. Louvar embutia os outros quatro verbos:
agradecer, abençoar, perdoar e orar.
“Agradecer”: é “por tudo dar graças” (1Ts 5,18). “Jesus
deu graças na segunda Multiplicação dos Pães” (Cf. Mt
15,16) e “deu graças antes de ressuscitar Lázaro” (Cf. Jo 11,41-42).
Faz parte de rotina dela, agradecer
quando as coisas boas acontecem. Se as coisas ruins surgem, agradece, mas pede
ajuda e procura o lado bom e quando não o encontra acredita que apesar de tudo
Deus lhe proporcionara um livramento. Ela enxergava Deus agindo a seu favor.
Sabia que Deus ia compensar pelas intempéries que apareciam na vida, mas
precisava ter fé. “Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável; pois aquele que
se aproxima de Deus deve crer que Ele existe e Ele recompensa os que o procura”
(Hb 11,6).
“Abençoar: É bendizer. É uma forma de oração acompanhada de
palavras e/ou gestos. Por Deus, a ação de abençoar esteve presente aos animais
e ao casal humano na Criação (Gn 1, 22 e 28),
não só para a fecundidade, como para a vida (Is 43,4), paz
e bem-estar.
“Jesus abençoou pão, peixe (Mt 14,19),
crianças (Mc 10,16) e muitos outros.” (Mt
5,1-11). E, começou o Discurso no
Sermão da Montanha com as bem-aventuranças, uma oração que abençoa os mansos,
aflitos ao que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os que promovem
a paz e os perseguidos e a promessa do Reino. (Mt
5,12).
“Deus ensinou uma fórmula para que Moisés ensinasse a Aarão a abençoar
seus filhos: Iahweh te abençoe e te guarde! Iahweh te faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te seja
benigno! Iahweh mostre para ti a sua face e te
conceda a paz! Porão assim o meu nome sobre os israelitas e eu os abençoarei.” (Nm 6,23-27). “Também pediu que Abraão fosse uma
bênção para o povo e prometeu abençoar ou amaldiçoar, quem o abençoasse ou o
amaldiçoasse. Por Abraão todos seriam benditos.” (Cf. Gn
12,1-3). “Noé, tinha três filhos: Sem, Cam e Jafé. Amaldiçoou
Canaã (Cam pai de Canaã) e abençoou Sem; e que Deus
dilatasse Jafé (Gn
9,25-26).
Os patriarcas abençoaram os filhos: Isaac abençoou Jacó, porque esse,
com a ajuda da mãe, interceptou a vez de Esaú (Cf
Gn 27,1-45); Jacó adotou e abençoou os filhos
de José: Manassés e Efraim (Gn 48,1) e
depois abençoou seus filhos antes de morrer, conforme a bênção que lhe convinha
(Gn 49).
“As bênçãos (como as maldições) uma vez pronunciadas são eficazes e
irrevogáveis.” (Rodapé Pág.. 69). Mas pelo Senhor, “Aqueles que foram uma
maldição, como a casa de Judá e de Israel, foram salvos por Deus e foram
bênçãos conforme a promessa de Deus” (Cf. Zc
8,13) porque “eram preciosos aos olhos de Deus e amados” (Cf. Is
43,1-4). Ela abençoava, ignorava a maldição e esperava ser preciosa aos
olhos de Deus.
Dar bênção ou tomar a bênção é um hábito que se tornou démodé e que está
se extinguindo pouco a pouco se distanciando desta prática entre os mais novos
e os mais velhos, sem saberem que as pessoas podem “abençoar umas às outras” (Cf.
Rm 12,14). Neste cumprimento, Padre, os pais,
avós, padrinhos e tantos idosos, eram interventores de Deus quando diziam: Deus
te abençoe “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Cf. Mt 28,19), a cada filho, neto, afilhado... Vinham acompanhados
de um gesto entre as mãos e um beijo. Para ela, agora, a bênção prevalece no
Sinal da Cruz.
No tempo dela criança, as pessoas eram abençoadas quando saíam de casa e
quando elas chegavam de volta, quando elas iam participar de algo fora da
rotina como uma prova, uma entrevista para um trabalho, uma cirurgia... Com a
idade avançada, ela de fato já não tem a quem pedir bênção. Os ascendentes já
partiram. E já não pode abençoar porque permitiu que este costume se
distanciasse de sua vida. Os novos não sabem deste valor.
Era comum fazer o Sinal da Cruz quando passava em uma Igreja e em muitos
momentos. Esta prática ela manteve.
No entanto, com este modernismo tecnológico, dentro de si, no seu
silêncio, ela abençoa na sua mente, ou com o gesto sobre o aparelho celular, ou
televisor, muitas pessoas que estão no seu coração ou um desafortunado que está
numa notícia, como abençoa com o Sinal da Cruz, sua casa, sua refeição, a foto
do parente ou um desconhecido necessitado com o gesto conhecido por todos. É um
momento intimo que partilha com Deus.
“Perdoar: para o Pai celestial perdoar (Mt
6,14) como Jesus foi capaz de perdoar seus algozes na crucificação (Lc 23,34). O tempo se encarregou de fazê-la esquecer
o que e a quem deveria perdoar como deveriam ser todos os perdões. Perdoa ao
teu próximo seus erros e então ao rezares, ser-te-ão perdoados os teus pecados”
(Eclo 28,2), ciente de que é este o
caminho, para cada ato vão e “que não podia pecar duas vezes um pecado porque
do primeiro já não sairia impune” (Eclo 7,8)
mesmo Deus levando em conta a ignorância (At 17,30). Se amor e
fidelidade expiam a culpa (Pr 16,6) ela, preferia “não se assegurar
no perdão para acumular pecado sobre pecado” (Eclo
5,5).
Era ciente disto: “Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem
poder na terra de perdoar os pecados.” (Mt 9,6).
“Pois se perdoardes aos homens os seus delitos, também vosso Pai Celeste vos perdoará;
mas se não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoara os vossos
delitos” (Mt 6,14-15).
Quando ela perdoava, ela sentia na própria alma um canto de Deus.
“Aquele a quem perdoas, eu perdoo! Se pensei – à medida que tinha de perdoar –
fi-lo em vosso favor, na plena presença de Cristo.” (2Cor 2,10).
“Se alguém está em Cristo é nova criatura.” (2Cor 5,17) Era
necessário ela se converter, para ter vitória e não ser “escrava do pecado” (Cf.
Jo 8,34), isso porque “não há homem justo que
não peque”. (Cf. Rm 3,10).
Outro caminho que ela se utiliza é “produzir frutos de (mostrar)
arrependimento” (Cf. Lc 3,8)
principalmente quando a ira e a mágoa querem fazer morada no imo do seu coração
com sentimentos vingativos. Então, ela procura desfazer-se de qualquer mal
entendido entre ela e alguém, ou seja, “toma logo uma atitude conciliadora com
seu adversário” (Cf. Mt 5,25-26). Sem
isso, ela “não poderia deixar a oferta no altar” (Mt
5,25). Não haveria paz, nem adoração tendo ressentimentos, nem oração com
plenitude. Ela não seria digna da misericórdia de Deus e seria entregue aos
“verdugos” (Mt
18, 21-35), no sentido figurado.
“Orar: é um momento de intimidade com Deus” (Rodapé Pág 1731). É o verbo mais complicado de conjugar
mesmo parecendo o mais simples, pois Orar não é só petição. A intimidade com
Deus implica ter amor, fidelidade e confiança para que seja feita a vontade d’Ele e não a nossa, pois “o homem propõe e Deus
dispõe” (Rodapé Pág 1044) e não pode se
“mostrar fraco no dia de angústia porque mostra que a força é bem pequena” (Pr
24,10). Por exemplo, “Jesus orou com insistência quando esteve
cheio de angústia no Monte das Oliveiras – Getsêmani
– mesmo com os anjos o confortando” (Lc
22,41-44).
Quando as vontades não acontecem, não é hora de revolta. É hora de
rezar. É pela oração que se louva, agradece, abençoa, perdoa e outras coisas
mais, com certeza... Talvez por isso, “sempre vai haver necessidade de orar sem
esmorecer” (Lc 18,1). A oração da fé
salvará o doente e o Senhor o porá de pé e se tiver cometido pecado, estes lhe
serão perdoados (Ti 5,15).
“Orar foi um exemplo constante de Jesus em diversas situações”
(Rodapé Pág 1731). Ele costumava orar sozinho
na solidão da noite; até mesmo à noite inteira (Lc
6,12); ou de madrugada, ainda escuro, retirado em lugares desertos (Mc
1,35); ou subia o monte (Mt 14,23);
ou em particular cercado pelos discípulos (Lc
9,18) ou apenas com Pedro, João e Tiago subiu a
montanha para orar (Lc 9,28) ou diante da
multidão para crerem em Deus O enviou
(Jo 11,42) e na cruz diante de todos (Lc 23,34). Às vezes
elevava os olhos ao céu e orava ou pronunciava uma bênção (Mt 14,19). Jesus também orou de joelhos e até
intensificou a oração (Lc 22,41-44).
Ela guardava em seu coração, os momentos que Jesus orara, só para poder
imitá-lO.
“Jesus orou no seu próprio
batismo” (Lc 3,21). Ela orava em outros
batismos, pois no seu era muito pequenina.
Jesus orava antes de tomar decisões importantes; orou para escolher os
12 discípulos (Lc 6,12); para ensinar o
Pai nosso (Lc 11,1); para conversar com os
discípulos sobre quem era Ele – Confissão de Cesaria – (Lc 11,1); para ressuscitar Lázaro (Jo 11,41-42); para se despedir – Oração de Jesus – (Jo 11,41-42). Assim ela fazia antes de se decidir.
Jesus orou pelos amigos e inimigos: por Pedro (Lc
22,32); pelo seu carrasco (Lc 23,34)
pelos que lhe seguiam e pelo que não queriam segui-lO
(Jo 17, 1-5), por si mesmo, quando pediu
para o Pai afastar o cálice (Mt 26,39) e
quando entregou o seu Espírito ao nas mãos do Pai (Lc
23,46). Ela orava por si mesma, pelos amigos e pelos inimigos
desconhecidos.
Era gostava de orar nas refeições e abençoar os alimentos como Jesus
fazia (Mt 14,18) e fez na Última Ceia ao
instituir os Sacramentos da Eucaristia e da Ordem (Lc
23,19-20). Ele “nas refeições pronunciava a bênção” (Cf. Mt 14,18).
Em alguns momentos a imitação era humanamente impossível como “na
Transfiguração – Enquanto Jesus orava, o aspecto de seu rosto se alterou e suas
vestes tornaram-se de fulgurante brancura” (Lc
9,29).
A Bíblia de Jerusalém associa oração e jejum (Rodapé Pág 1773). Na Tentação fala-se que Jesus jejuou (Mt 4,1-11). Jesus achava-se em oração no momento do
batismo, quando ficou pleno do Espírito Santo, e em seguida foi tentado (Lc 3,21-22). Ela também ainda jejua conforme os
preceitos.
Como já foi dito; Ele ensinou
o povo a orar. Ela fazia igualmente como se estivesse presente no dia do
ensinamento. Ela “orava em silêncio, em segredo no seu quarto” (Cf. Mt 6,5-6) principalmente nas madrugadas, pois sua
casa é muito movimentada e barulhenta, pois não mora sozinha. Não ora
“repetindo palavras vãs” (Mt 6,7). Muitas
vezes quando ora, não fica difícil, utiliza-se das Jaculatórias com muito amor
e credibilidade que saem do seu coração.
Ela reza o “Pai Nosso que Jesus ensinou (Mt
6,9-13) e a Ave Maria, cuja primeira parte se encontra na Bíblia” (Lc 1,39-45). Reza lendo, escrevendo, cantando,
fazendo o Sinal da Cruz, meditando sobre a cruz, conversando com Deus... Ainda
apegada ao material, reza usando sacramentais como: terço, santinhos de papel,
de gesso e de resina, medalhas, cordões de São José e São Francisco...
Diante desta multiplicidade apresentada, que envolve a oração, o “pedir
que será dado” (Mt 7,7) e o “pedir e
acreditar que já foi dado” (Mc 11,24) tornam-se para ela
conflitantes, porque lhe falta sabedoria: duvida se não está sendo prepotente,
se é merecedora daquela graça e se ela tem mesmo precisão do que pede. Sabe que
“Deus perscruta o coração, sonda os rins, para retribuir ao homem conforme o seu
caminho, conforme o fruto de suas obras (Jr 17,10); sabe de todas as
coisas que se tem necessidade (Cf. Mt 6,32) e
faz justiça aos seus eleitos mesmo que os faça esperar” (Cf. Lc 18,7).
Então, ela se fortalece no tenha
fé, porque sabe que “a fraqueza de fé impediu os discípulos de expulsar o
demônio do lunático” (Cf. Mt 17,20), “crê
em Jesus e no Pai” (Cf. Jo 6,40) e se
alimenta da “Palavra inspirada aos profetas” dada “por Aquele que enviou o
Filho por amor ao mundo” (Cf Jo
3,16).
O coração desta mulher exulta por ser inspirada pelo Espírito Santo a não
apenas conjugar estes verbos, uma vez que, isto não passa se uma recitação. Mas
deseja agir conforme exprimem as ações de cada verbo, e que foram tantas vezes
exemplificados por Jesus em tantas passagens.
“Confia no Senhor de todo o teu coração.” (Pr
3,5)
(Em 5/9/2021)
6
– Sonhando com Jesus
O
que você faria se sonhasse conversando
com
Jesus Cristo?
Ela, criança, órfã
de mãe, morava com o pai e a avó. Dizem que avó é mãe duas vezes. Com efeito,
foi assim para ela. Era feliz. Era esperta. Era precoce. Conhecia o Novo
Testamento de ponta a ponta. Ainda bebê, ouvia as estórias bíblicas, contadas
pela sua avó. Aos três anos, a avó fazia a leitura da Bíblia. Aos quatro,
acompanhava a leitura com os olhinhos. Aos cinco aprendera a ler, pelo método
global, e agora era ela quem lia para a avó.
As passagens
preferidas eram as “curas (Mt 8,1.4; 9,1 etc...),
as parábolas de Jesus (Mt 13,4.24 etc...)
e a história do peixe pescado por Pedro, para pagar o tributo” (Mt 17,24) por isso não cansava delas. “João Batista
crescia e fortalecia o espírito (Lc 1,80)
e Jesus crescia, tornava-se robusto e enchia-se de sabedoria” (Lc 2,40) e ela gostava de se comparar com eles.
Esperava que “a graça de Deus que estava em Jesus” (Cf. Jo 1,14) se estendesse até ela.
Sendo criança
tão pequenina pulava, propositalmente, “o massacre dos inocentes (Mt 2,13-18), a morte de João Batista (Mt 14,3-12), a paixão de Cristo” (Mt 27) e tudo que envolvia a morte. Ela fugira da
morte na leitura, mas aos seis anos teve que enfrentá-la na vida real com a
partida da avó-mãe indo para junto de sua mãezinha.
Depois, já
crescidinha sabia que a leitura da Paixão de Cristo não podia ser deixada de
lado por um Cristão, como tantas vezes fizera. Ela tinha conhecimento que em
cada Missa a mesma é vivida. Estava consciente de que sem essa Paixão não
haveria a vitória da Ressurreição. Ele mesmo dissera: “Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
Achando-se
impossibilitado de criá-la sozinha, seu pai lhe dera uma madrasta e mesmo assim
ele se tornara alcoólatra. Seu pai batia na
mulher e essa por vingança batia na enteada quando ambas estavam sozinhas. A
messe era-lhe pesada: havia as surras constantes pela madrasta; todo o serviço
de casa era por sua conta, embora tão pequenina e a dupla saudade consumia sua
alma. Saudade por quem conviveu (a sua avó companheira) e saudade por quem nunca
conhecera (a sua mãe).
Novas e más
colheitas lhe chegaram sem ao menos ter semeado: ela também se tornou alvo da
embriaguez paterna. Agora o pai batia nela e na madrasta sem compaixão.
Para ela, a
graça de Deus ainda não estava presente. “Não esmorecia e orava sempre” (Lc 18,1) antes de dormir. Sonhava com Jesus
constantemente. Ambos sentados num banco, num jardim coberto de flores de
alfazema, numa calorosa conversação. Ao acordar ainda sentia o cheiro do lugar.
No meio destas
conversas, ela Lhe fazia indagações como: Jesus, por que não tenho a “graça de
Deus”? Jesus, “a adúltera não recebeu nenhuma pedrada” (Jo 8,1-11). Em cada surra, sinto-me apedrejada. Por
quê? Por que a “parábola do Filho Pródigo” (Lc
15,11-32) não se torna do pai pródigo? Por que sou tão “espancada como a
parábola dos Vinhateiros Homicidas? Só me falta levarem à morte” (Lc 20,9-19).
Os sonhos
estiveram presentes em José (AT), José pai de Jesus (NT), entre outros, e eram
reveladores. Para ela os sonhos apenas lhe traziam infinita paz e no meio destes
questionamentos, entre outros, presentes em seus sonhos, ela acordava, sem
nenhuma resposta, mas um dia foi diferente. Veio a revelação...
Ambos sentados
no mesmo lugar ela lhe perguntara: Jesus, se “as crianças vão para o Reino” (Cf.
Mc 10,14), quando eu poderei ir? Daqui a pouco não serei mais criança.
Meu fardo está muito pesado. Não posso ir logo?
Ela não
acreditou quando acordou. Lembrava-se da resposta que ouvira nitidamente:
“Podes vir para o Reino” (Cf Mc 10,14)
depois que “deres comida a quem tem fome, bebida a quem tem sede, vestires o nu,
receberes o forasteiro, visitares o doente e preso, conforme O Último
Julgamento” (Cf. Mt 25,31-46).
Passaram-se
três dias e ela matutava aquele sonho quando ela e a madrasta levaram a maior
surra durante aqueles seis anos idos. Ambas foram para o hospital e o pai para
a prisão.
A menina foi a
primeira a voltar para casa. Por ser menor, a prima do pai chegara. Era de fato
uma forasteira. Estranha, ausente de tudo que se referia aos trabalhos
domésticos. Trabalhava fora e apenas administrava a previdência que sua avó
deixara para a neta, o que ajudava no sustento de todos. Dormia naquela casa. Nada
mais!
Antes de a
madrasta voltar para casa ela já cumprira três petições de Jesus: acolheu a
prima (forasteira), visitou a madrasta (enferma) e o pai (preso). Ainda não
sabia que logo, logo, vestiria o nu, daria de comer a quem tem fome e daria
água a quem tem sede.
A madrasta
voltou inválida, sem locomoção e sem fala. Ouvia apenas e seus olhos falavam. Muitas
vezes teve ímpetos de não assumir aquele encargo. Mas eles logo se perdiam na
sua mente como folhas ao vento. As palavras de Jesus eram muito mais fortes na
sua consciência.
A menina tinha só 12 anos e começara a
aprender que “havia mais felicidade em dar do que receber! (At 20,35)” Além
de cuidar da madrasta, passara a ler a Bíblia para aquela desafortunada,
resultando no cumprimento das seis petições acrescentando mais um pouquinho. Os
olhos da madrasta riam e choravam, nas mesmas passagens que a menina gostava e
pulara quando era pequenina. A menina captara que ambas partilhavam do mesmo
sentimento naquelas leituras.
Foram mais
seis anos e ela ainda estava cuidando
daquela pecadora que tanto a maltratara. Foram seis anos enxergando naquele
olhar o que tinha aprendido um dia: “Por tudo daí graça” (1Ts 5,18).
Ela via isto naquela pobre mulher: gratidão. Sem a enteada ela teria sido uma
moribunda.
A menina
agradecia a Jesus, por Ele ter conservado na sua memória Sua Santa resposta dada em sonho que significava cuidar do outro. Ela
cuidava da madrasta literalmente; da forasteira dando-lhe casa limpa, comida e
roupa lavada; e do pai conforme lhe era permitido: visitando, levando
guloseimas e um dia o presenteou com uma Bíblia.
Nas visitas ao
pai, continuava “o caminho do amor (Cf. Ef 5,2),
honrando o mesmo (Cf. Mt 19,19), sendo sal
e luz” (Cf. Mt 5,13). Conversavam
inclusive sobre o Evangelho. Dia a dia veio o “arrependimento pregado por João
Batista” (Lc 3,3) até a entrega de seu pai
a Deus quando “infelizmente” morreu na cadeia.
E ela, agora
vivenciava a passagem: “a pecadora que ama Jesus” (Cf. Lc
7,36-50), pois ela percebia o amor daquela infeliz, por Jesus, graças a
sua leitura diária destinada a ela. Da mesma forma que Jesus enxergou o amor
numa pecadora, a menina, agora moça, enxergara amor nos olhos daquela coitada
que ela aprendera amar também.
Ambas
partilharam amor entre si e a Jesus. Esta foi a maior recompensa.
“Orai
por aqueles que vos difamam.” (Lc 6,28)
(Em 7/9/2021)
7
– O Voluntário
Alguma
vez na vida você pediu um sinal a Deus?
Ele era um
Palhaço de Hospital nas suas horas vagas. Era adulto, trabalhador, mas quando
adentrava naquele âmbito “se convertia e se tornava como uma criança, apta ao Reino
do Céu” (Cf. Mt 18,4).
Além de
brincar com as crianças, contava história, pintava recortava e mais que tudo
inseria a Palavra de Deus.
Deus lhe dera
sabedoria suficiente, para ser apenas um ouvinte, diante daqueles moribundos
macambúzios até que eles aderissem a sua alegria.
Ele pedia que
“Jesus tomasse as enfermidades e carregasse as doenças, conforme Isaías dissera
que Ele faria” (Cf. Is 53,4) de todos os doentes que ele convivia,
embora sabendo que Deus estava no comando.
Ele nem
desconfiava, que esse pedido, ele mesmo deveria dirigir também a si logo, logo.
Foi acometido
de um câncer de estômago. A morte era certa em pouco tempo. Este prognóstico
não o impediu de trabalhar voluntariamente. Ele falava como Jesus, quando se
sentia melhor: “hoje, amanhã e depois de amanhã, devo prosseguir o meu caminho”
(Lc 13,33).
Os seus filhos
eram pequenos. Esperava criá-los. Também desejava prepará-los para substituí-lo
naquela tarefa alegre e triste ao mesmo tempo. As perdas eram muitas, mas as
alegrias eram em maior quantidade.
Como alguns
escribas e fariseus falaram um dia com Jesus: “Mestre, queremos ver um sinal
feito por ti” (Mt 12,38), ele fez o mesmo
pedido com relação à sua cura. Esperava que Jesus não lhe negasse, afinal, ele
cria em Deus, em Jesus, no Espírito Santo, em Maria e nas Escrituras.
Mas, o pedido
de sinal do palhaço foi rejeitado...
“O rei
Ezequias teve um mal mortal Ele virou o rosto para a parede e assim orou a Iahweh: Ah! Iahweh, lembra-te,
por favor, de como andei fielmente e com toda probidade de coração diante de
ti, fazendo o que era agradável aos teus olhos e chorou abundantes lágrimas.” (Cf.
2Rs 20,3) Cena semelhante aconteceu com ele nesta passagem, apenas neste
relato de choro e oração.
Ezequias
recebeu um recado de Deus assim: “escutei tua prece e vi tuas lágrimas e
acrescentarei mais quinze anos de vida; e a pedido do Rei, lhe enviou um sinal
atestando sua cura usando o sol e a sombra” (Cf. 2Rs 20,5-11). Ele
não fora agraciado com nenhum recado, nem com um sinal, como já foi dito.
A doença lhe
questionara a fé e se perguntava como todos os desesperados: Por quê? Por que
comigo? O que fiz? Por que o Senhor permitiu? Será que eu fiz algum mal e não
sei? Por que não me foi enviado nenhum recado, nenhum sinal? Suas questões não
foram respondidas como desejava, mas lhe veio a lembrança de Jesus falando: “Eu
estarei sempre com vocês, até o fim dos séculos”
(Mt 28,20).
Muitas pessoas
não perderam a esperança entre elas, as mulheres estéreis como: Sara (Gn 18,10), Rebeca (Gn
25,21), Raquel (Gn 29,31), Ana (Sm 1,5), Isabel (Lc 1,36)... “Por
Jesus, cegos recuperaram a vista; coxos andaram; surdos
ouviram; leprosos se curaram.” (Cf. Mt 11,5) Por que ele havia de
duvidar?
Então, apenas
esperou em Deus e confiou nos Seus desígnios.
Jesus disse: “E quem der, nem que seja um copo d’água fria a um destes
pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que não perderá sua
recompensa” (Mt 10,42). Não seria ele um
discípulo? Pela crença, era discípulo de
Jesus e ele tinha ido muito além: levara alegria, amor e a Palavra. Tinha sido
um anjo também. É assim que se chamam as pessoas que fazem o bem com tanto
amor. Ele ultrapassara “o copo de água fria” aos sãos e aos enfermos idosos,
adultos, adolescentes até o limite dado por Jesus: os pequeninos.
Há tempos ele
acredita piamente que Deus ouviu sua oração. Viu os filhos crescerem e os netos
chegarem. Todos o acompanhavam agora no serviço voluntário ou iam sem ele.
Agora a idade pesava... “Sabia que com toda preocupação, ele mesmo não poderia
ter acrescentado nenhum côncavo à duração da sua vida” (Mt 6,27) nem os médicos... Fora Deus!
Mesmo sem
recado, sem sinal sem respostas, houve uma bela e agradável recompensa... Deus
o tinha curado como curara a tantos, em nome de Jesus Cristo. Ele estava vivendo a vida em abundância
prometida por Jesus, a vida eterna... ainda nesse mundo.
“De graça
recebeste, de graça daí.” (Mt 10,8)
(Em 14/9/2021)
8 – A Ave
Você
se beneficia das obras de Deus?
Ela é tão
pequenina. Ela é uma ave, lutadora na vida, com duas belas lindas asas feitas
para cortarem o céu. Ela canta e encanta a terra e os mares com os seus voos
rasantes ou altos, quando passeia, constrói seus ninhos, ao alimentar seus
filhotes, ao ensiná-los a voar...
Nota-se o
desespero quando os filhotes se perdem no primeiro voo ou sua fortaleza quando
tem que brigar com um predador que ataca seu ninho. Todo ano, na primavera, ela
volta para a aquela árvore, naquele jardim florido, renova seu ninho e começa
tudo de novo.
Quem já viu este cenário, sabe
que é fantástico e inesquecível. E muitas vezes sente vontade de ajudá-la, pois
ela é tão pequenina...
A ave não sabe
que faz parte da história do homem e nem da Bíblia. Ela foi citada diversas
vezes e, entre elas,
Jesus afirmou que “os homens valem mais que os pássaros” (Cf. Mt 6,26). Esta afirmativa não faz diferença para ela,
pois apenas cumpre os desígnios que Deus lhe dera.
A ave desconhece
também que “dois dos seus antecedentes foram oferecidos em sacrifício, por
Maria, na apresentação de Jesus ao Templo” (Cf. Lc
2,24).
Jesus disse ao
povo de Jerusalém: “quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a
galinha recolhe seus pintinhos debaixo das asas e não o quiseste!” (Mt 23,37). Por instinto ela faz isso, e, para sua
alegria, seus filhinhos sempre querem até alçarem voo.
“Jesus disse:
as raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos (Mt
8,20); Olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em
celeiros (Mt 6,26), nem depósitos, mas
Deus as alimenta (Lc 12,24).
A mostarda, “embora
seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e
torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam em seus ramos” (Mt 13,32). De fato, muitas vezes ela se abrigara lá.
Também, Deus
tomou do cimo do cedro, da extremidade dos seu ramos um broto e plantou ele mesmo sobre monte alto e elevado... Ele
deitou ramos e produziu frutos, tornando-se magnífico, de modo que à sua sombra
habitou toda espécie de pássaros, à sombra dos seus ramos habitou toda sorte de
aves. (Ez 17,23)
Ela desconhece
que “nenhuma ave cai em terra sem o consentimento do Pai” (Cf. Mt 10,29) e assim voa para onde se sente segura... Sem
saber, reafirma sua história na Palavra quando Jesus disse: “Não se costuma
vender cinco pardais por duas moedas? Entretanto, nenhum deles deixa de receber
o cuidado de Deus. Portanto, até os fios de cabelos da vossa cabeça estão todos
contados” (Mt 10,29-30). Se, fosse gente
entenderia da necessidade da entrega ao Plano de Deus.
Talvez, se ela
pudesse, agradeceria a Deus pelo abrigo, pela alimentação, por não cair em
terra e a própria natureza que lhe foram destinados, pois é possível enxergar
sentimento no seu instinto... Basta observar.
Não se sabe se
ela se indignaria se conhecesse um homem que tem consciência de viver da
Criação e fosse agnóstico ao Criador. Pela sua natureza ela é assim quanto à
existência de Deus. Ela apenas desfruta destas benesses, citadas por Jesus. Não
tem capacidade intencional para “abandonar-se à Providência” (Mt 6,25-34) embora o faça.
Ela, como um
animal, só recebeu o instinto, mas tem meios para construir sua moradia, buscar
alimento, tem locomoção, sentidos, tudo dado por Deus...
O homem
recebera inteligência e muitas coisas mais... Entre elas, a intuição humana
provinda do Espírito Santo alojado no coração e deveria saber ouvir os outros,
ou um anjo, ou mesmo ser um deles. Afinal “Foi feito à imagem de Deus para
dominar inclusive as aves do céu” (Gn 1,26).
Ambos são
frutos do Criador e dispõem das obras de Deus como todos e tudo que faz parte
desta bela Criação...
“Se
não crês em mim, creias nas minhas obras” (Jo 10,38)
(Em 15/9/2021)
9 – Em
Tempos de Covid
(As virtudes
Teologais: fé, esperança e caridade)
Você
já presenciou glórias em pessoas
que
tiveram Covid?
Ele e ela
foram pessoas distintas. Eles nem se conheceram. Cada um tinha sua família, sua
casa, seu carro... Ambos viveram bem de acordo com suas posses. Foram ricos da
presença de Deus e foram acometidos de Covid.
Ele tinha uma
situação financeira superior, por isso, pôde se beneficiar com um Plano de Saúde.
Ela tem o suficiente para um sustento moderado e conta com a Assistência Médica
do Governo.
Ele e ela foram estudiosos da Bíblia e sabiam
que “Jesus, junto com os anjos de Deus, retribuirá a eles, de acordo com o seu
comportamento” (Mt 16,27). Ele e ela eram
voluntários em trabalhos sociais diferentes. Faziam parte da comunidade da sua
própria Igreja.
Internados no
hospital, ele e ela oraram cientes que os Planos de Deus deveriam ser melhores
que os seus, pois “Deus conhece a necessidade de cada um” (Cf. Mt 6,32) e que “Jesus veio para lhes dar vida em
abundância” (Jo 10,10) Esperavam que
“fossem salvos mediante a fé” (Cf. Ef 2,8).
Enquanto ele
e ela estiveram conscientes, “Deus era refúgio, fortaleza, socorro, sempre
alerta nos perigos” (Cf. Sl 46,2). Não
seria diferente naquele momento crucial, quando ficaram inconscientes. Ambos souberam
que corriam perigo e ambos tiveram em mente o pensamento de Jesus: “Meu Pai, se
este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!” (Mt 26,42).
Ele e ela se entregaram a vontade do Pai como
também entregaram a Jesus suas enfermidades, porque sabiam que “ele tinha o
poder de curar” (Cf. Lc 4,40). Mas, com
pensamento humano frágil, pode-se dizer: infelizmente ele morreu. Sendo que ele
teria condição financeira de manter seu tratamento. Ela sobreviveu e recebe
ajuda financeira para se recuperar das sequelas deixadas pela Covid. Ele que
era jovem e com saúde partiu. Ela que tem idade e comorbidade ainda luta pela
vida, sofrendo a terrível recuperação.
Ela não sabe
se os “seus dias foram prolongados como os do rei Ezequias” (2Rs 20,6),
nem ele soube se seus dias foram diminuídos, pois isso “ultrapassava os poderes
humanos” (Cf. Lc 12,26). Ele e ela tinham
“buscado as coisas do Reino e não souberam o que lhes foi acrescentado” (Cf.
Mt 6,33). Sabiam que é do “agrado de Deus lhes
dar o Reino” (Cf. Lc 12,32) e ambos
“escutaram sua Palavra e creram naquele que Ele enviou” (Cf. Jo 12,44). Talvez “tenham vida eterna e nem venham a
julgamento” (Jo 5,24) por terem crido no
Pai e no Filho, segundo o Evangelista João (Cf. Jo
6,47).
Ele e ela “tinham
aspirado aos dons mais altos. Permaneceram na fé, na esperança e na caridade; A maior delas, porém, é a caridade”. (1Cor
13,13). Ele em vida. Ela ainda continua,
embora ainda debilitada. “A caridade trata do amor fraterno e implicitamente
está o amor de Deus.” (1Cor Rodapé Pág. 2009).
“A caridade
esteve presente quando ele e ela assistiram aos famintos, de acordo com suas
posses, sem buscarem o próprio interesse, não se irritando, nem guardando
rancor, sem inveja e sem ostentações. Entristeciam com as injustiças e
procuravam minimizá-las”. (Cf. 1Cor 13,1-13).
Tiveram
caridade consigo mesmo, quando desculparam, creram, esperaram e suportaram aqueles
sofrimentos considerando-os “como um ensinamento de Deus para o bem deles,
conduzindo-os pelo caminho que deviam trilhar” (Is 48,17), por isso
permaneceram na fé e na esperança.
As três
virtudes existem juntas e somente juntas crescem. Para Igreja
Católica elas se tornaram Virtudes Teologais como Dogmas de Fé. Jesus Cristo
diante destes Dons tinha visão plena de Deus, porque Ele era Deus, e não
precisava de Fé. Sua Esperança dava vazão a uma pela compreensão as
imperfeições. Mas quanto ao Amor ele era Amor, porque Deus é amor.
Se depender
da fé, ele “passou da morte à vida...” (Cf. 1Jo 3,14). Ela
espera sua hora. Com efeito, ele e ela estão sendo abençoados por Deus. Cada
uma na sua morada...
“Deus
é perfeito em seu caminho; a palavra do Senhor é provada,
Ele
é o escudo para todos que nele se abrigam.” (Sl 18,31)
(Em
15/9/2021)
10 – O Juiz
Por que julgamos tanto o outro se há tantas
consequências nesta atitude?
Ele era um rapaz novo de boa família que aproveitara bem a oportunidade
de estudar.
Tornou-se juiz logo cedo. Era o mais novo da Corte de uma cidade pequena
de poucos juízes. Era extremamente religioso. “Jesus, na Sua angústia,
intensificava suas orações.” (Cf. Lc 22,44)
Assim, também fazia ele, principalmente às vésperas e na hora de adentrar no
Tribunal do Júri.
Sempre que possível, avisava: “antes de procurar um magistrado,
esforça-te para entrares num acordo com o teu adversário, enquanto andas no
mesmo caminho que ele” (Cf, Lc
12,58).
Ele não “sentia prazer em circular com sua toga, nem ele gostava de
saudações em praças públicas, nem dos primeiros lugares” (Cf. Lc 20,46) aonde ia, numa cidade de poucas praças,
frequentada por muitos.
Também não julgava só para não ser incomodado ou mesmo ser esbofeteado,
como é narrado na Bíblia em o “juiz e a viúva importuna” (Lc 18,1-8). Procurava “julgar pelo o que é justo, sem
julgar pela aparência” (Cf. Jo 7,24) como
Jesus pedira.
Pensava: “João Batista veio num caminho de justiça” (Mt 21,32). Conseguiria seguir no mesmo caminho?
Também foram justos: Noé (Gn 6,9), José pai de Jesus (Mt 1,19),
João Batista (Mc 6,20). Poderia ser como eles? Pelo menos tentava...
No Fórum se encontravam: justos e ímpios; ladrões e vítimas; empregados
e empregadores; empresas e consumidores; assassinos e uma família dizimada; e
muitas outras dualidades.
A Bíblia ensinara muitas separações em parábolas: “o trigo será separado
do joio, só no tempo da colheita, e primeiro o joio é arrancado, para não matar
o trigo” (Cf. Mt 13,24-30), ou seja, no
tempo certo; “a pá está na sua mão: limpará sua eira e recolherá seu trigo no
celeiro: mas, quanto à palha a queimará num fogo inextinguível”(Lc 3,17); Também “o homem lança a rede e quando está
cheia, puxam-na para a praia e sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o
que não presta, deitam fora” (Cf. Mt 13,47-50)
e seriam separados de Jesus quem praticava iniquidades. Também os que n’Ele
creem e os que O renegaram.
Com estes exemplos, ele
precisava separar aquelas dualidades na hora que ele fosse fazer justiça, como
juiz designado para os casos, do mesmo modo que “um
machado que já está posto à raiz das árvores que não produzem frutos para serem
cortadas e lançadas ao fogo” (Mt 3,10).
“No céu, os anjos separarão os maus dos justos; Jesus junto com eles
separará os homens uns dos outros como o pastor separa as ovelhas dos bodes”. (Mt 25,31-33) Na terra, esta árdua tarefa cabia aos
juízes de qualquer lugar do mundo.
As frases que mais lhe pesavam
eram: “Absolver o ímpio e condenar o justo, e ambas as coisas são abomináveis a
Deus (Pr 17,15); Não é bom ser parcial no julgamento (Pr
24,23) e não condene sem saber o que ele fez” (Cf. Jo 7,51). E mais ainda: “não condene os que não têm
culpa” (Cf. Mt 12,7). Por causa dessas
assertivas, ele pedia a “sabedoria de Salomão” (Cf. Sb 7,7), para
não acontecer isso nos julgamentos (dele e dos outros) e para “acolher os
sensatos e fechar as portas para os imprudentes como na Parábola das virgens” (Cf.
Mt 25,1-13).
Ele
precisava ser um bom juiz, como na “Parábola dos Talentos, que o senhor deu a
cada servo, de acordo com sua capacidade” (Cf. Mt
25,14-30) e cada um foi cobrado na mesma proporção.
“Jesus
disse: meu jugo é suave e meu fardo é leve, vinde a mim os que estão cansados
com o peso do seu fardo.” (Cf. Mt 11,28-30)
Em pensamento, não queria se igualar a Jesus ou tinha a mesma pretensão, mas
era necessária a busca de se “tornar igual a Ele”. Enquanto Jesus falava do
descanso para as almas, ele falava do descanso terreno que precisava ser dado
aos vitimados. Era seu papel julgar e se espelhava nessas afirmativas para
condenar, absolver, prover indenizações... Não é uma tarefa de empate. Sempre
há um perdedor e um ganhador, por mais que se busque a equidade dos direitos,
tanto que Jesus já dizia, que “o seu sim seja sim, e o seu não seja não” (Mt 5,37).
Para ele, jugo suave seria um julgamento justo; fardo leve considerava
fazer seu trabalho com amor, sem reclamar, mesmo com a dificuldade por ser
novato naquela carreira promissora, por gastar tanto tempo nas leituras dos
laudos, nas buscas de jurisprudências, no julgamento em si e tantas coisas
mais.
Como
homem lera: “Não julgueis para não sereis julgados. Pois com o julgamento com
que julgais sereis julgado, e com a medida com que medis, serás medido” (Mt 7,1-2). E, na qualidade de juiz, cabia-lhe julgar,
e para isso precisava que o Espírito Santo lhe intuísse, pois se errasse,
receberia tudo de volta na mesma medida. Conhecia a importância da frase: “por
tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12,37). Mas
não era só por isso. Ele gostava muito de fazer coisas agradáveis a Deus, então
buscava o caminho “onde os justos brilharão como o sol no Reino do Pai” (Cf.
Mt 13,43).
“Felizes os que têm fome e sede de justiça.” (Mt 5,6)
(Em 16/9/2021)
11 – O
Sequestrado
É possível crer em Deus
numa situação tão angustiante?
Ele era apenas um homem que morava sozinho e foi sequestrado. Tinha uma
situação financeira relativamente boa, mas não tão
próspera.
Naquela hora, a angústia presente na situação por qual passava era
equivalente à ansiedade que lhe apontava um futuro incerto. As algemas
colocadas no seu punho doíam menos que as outras algemas impostas pelos
sequestradores, colocadas na sua alma: a devassidão, a mutilação, a cobiça, a
privação, a penúria e quase um homicídio. Quanto sofrimento...
Mas, “Quem habita na proteção do Altíssimo, pernoita à sombra do Onipotente e
dirá ao Senhor: meu abrigo, minha fortaleza, meu Deus em quem confio; era Ele
quem ia o livrar do laço do caçador que se ocupara em destruí-lo” (Cf. Sl 19,1-3).
Na sua conduta não cabia esta assertiva: “Caso o teu olho direito te
leve a pecar, arranque-o e lança-o para longe de ti, pois é preferível que se
perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado na Geena; Caso a
tua mão direita te leve a pecar, corte-a e lance-a longe de ti, pois é preferível
que perca um dos teus membros do que todo o seu corpo vá para a Geena” (Mt 5,29-30), pelo menos assim, ele pensava.
Por isso, no seu próprio julgamento não havia pecado que justificasse
aquela mutilação que estava passando. Para ele, aqueles sequestradores pareciam
ser uma “planta que não foi plantada pelo Pai Celeste e que precisava ser
arrancada... (Mt 15,13) Com efeito, foi do
coração ‘mau’, que aquelas más intenções procederam” (Cf. Mt 15,19) naquelas horas sofridas. Eram pessoas
impuras que “caminhavam nas trevas e nem sabiam aonde iam” (Cf. Jo 12,35).
Sabia que “no mundo teria tribulações e que devia ter coragem” (Cf.
Jo 16,33). Mas, essa estava além de suas
forças. Não tinha coragem nem para orar. Sua mente desesperada se recusava a
ajudá-lo se pondo em oração. Sua força se limitava a esperar que “o mal que
eles tinham intenção de fazer, o desígnio de Deus o mudasse para o bem” (Cf.
Gn 50,20). Se esperar em Deus é oração, foi a
única que conseguiu orar no meio daquele tormento.
De repente, tudo acabou... Não acabou... O homem foi resgatado, mas o
que ficou na sua alma não teve fim. Foi até atenuado com o tempo, embora de vez
enquanto seu consciente sopre do nada e lhe mostre aquelas cenas como se
estivesse assistindo um filme. Ou como se fosse um dedinho enfiado naquela
ferida. E nestas horas consegue orar, pede que Deus lhe afaste aquelas
lembranças tão doloridas e agradece pela sua pela sua vida, ciente que “Deus é
o nosso refúgio e a nossa força, socorro sempre alerta nos perigos” (Sl 46,2).
Nunca soube o que aconteceu com aquelas pessoas e de alguma forma deixou
de ser importante. Ele “fechou aquela porta da mesma forma que fora fechada as
portas para aquelas virgens insensatas” (Cf. Mt
25,10). Quando o vento sopra e a abre, ele ora e a porta se fecha
novamente.
“Orava para ter força de escapar de tudo que lhe acontecera” (Cf. Lc 21,36), embora fossem apenas lembranças, mas
quando elas chegavam lhe assombravam e não tinha com
quem dividir suas angústias naquele silêncio noturno do seu apartamento. Pediu
ao Senhor uma esposa que lhe fosse querida e amada, que pudesse ouvi-lo e
segurar sua mão na hora que aquelas ingratas recordações chegassem.
Deus colocou sua esposa no seu caminho e um padre os abençoou em casamento. Por Deus “ela lhe trouxe a
felicidade e afastara aquela desgraça por todos os dias da sua vida” (Cf.
Pr 31,12). “O que Deus uniu não
pode ser separado.” (Cf. Mt 19,6) Então,
nunca “repudiou a mulher amada” que lhe dera sua descendência, pois “sua
lâmpada nunca apagara” iluminando sempre ele, os filhos, amigos, vizinhos e sua
parentela.
Refez sua vida em cima do amor, porque aquela luz (sua mulher) além de
amá-lo muito lhe ensinara também a “amar a Deus sobre todas as coisas” (Cf.
Mt 22,37).
“Não faça ao outro o que não gostaria que o outro lhe
fizesse” (Cf. Tb 4,15);
“Faça ao outro o que gostaria que ele lhe fizesse.” (Cf Mt 7,12)
(Em 16/9/2021)
12 - Vida Social
Em que difere sua vida social e a vida social de
Jesus?
Eles formam um casal de classe média alta e podem desfrutar de uma vida
social sem dificuldade alguma.
Ter vida social é participar dos compromissos que a sociedade impõe. Os
padrões adotados estão nas leis e nos costumes que podem ser para as coisas
boas como para as coisas desagradáveis. Esses padrões vão mudando de acordo com
a cultura, com o crescimento tecnológico ou porque se aproximam das
necessidades próprias dos seres humanos e nem sempre estão dentro dos preceitos
de Deus.
De certa forma, Jesus teve uma vida social apropriada para aqueles
tempos. As leis, até aprimorou, pois “a nova justiça
era superior à antiga” (Lc 5,20-48). Quanto à “Igreja, Jesus pediu que Pedro a
edificasse” (Mt 16,18) e também instituiu
os Sete Sacramentos”.
O casal também tivera uma vida social, bem movimentada, de forma bem
diferente de Jesus. Enquanto Jesus participava destes compromissos deixando um
milagre ou um ensinamento, eles participavam apenas se divertindo, quem sabe
até com excesso, se afastando de Deus.
Eles se “batizaram em nome do Pai, do Filho e do Espírito” (Cf.
Mt 28,19). Jesus também (Mt 3,13-17), apesar de não ter pecado. O casal se confessou
para os pecados serem perdoados (Cf. Lc 5, 24),
na Igreja Católica com um padre. Fizeram a primeira Eucaristia (Mt 26,26-29), crismaram (At 8,14-17)
e se casaram (Mt 19,14-17)” (Matrimônio), e igualmente participaram destes eventos
realizados por amigos e parentes. Era assim que frequentavam a Igreja de Jesus.
Mas, reuniam-se em grupos nas casas das pessoas com bebidas e nada de oração.
Eles tinham vivenciado “cinco sacramentos” como costume familiar. Recebiam como
um “símbolo”, apenas seguindo o padrão costumeiro da religião. Não percebiam
que todos tinham recebido uma graça em cada um deles.
Um dia, estiveram presentes na morte de um parente próximo e viram a “Unção
do enfermo (Mc 6,13), e a Ordem (Lc
22,19-20) - padres, bispos e papas” – ao presenciarem o ingresso do
primo. Não sabiam que a Unção dos Enfermos serve de cura. Assim eles vivenciaram
os “Sete Sacramentos”, num mero compromisso social. A ignorância era tanta que
eles nem sabiam que estas sete bênçãos advinham de Jesus.
A vida social de Jesus começou assim: ainda no “ventre de sua mãe, Jesus
visitou a parente dela, Isabel (Lc 1,39-45);
e no nascimento recebeu a visita dos pastores e dos Reis Magos, e até foi presenteado”
(Lc 2,1-20). Coisa que todo mundo faz... Ou
fazia até recentemente... E eles também.
O casal era convidado para almoços e jantares, como Jesus fora algumas
vezes.
Estando num tempo de isolamento social por causa de uma epidemia, eles
deixaram de visitar os próximos, o que antes faziam, por amizade, por pura
cortesia ou por compromisso. Também renunciaram os convites de festas ou
qualquer comemoração.
Sem a vida mundana e os eventos sociais, sofrendo de solidão, começaram
a pedir a ajuda de Deus para acabar com o isolamento... As sementes que haviam
nos cumprimentos sociais religiosos, que eles ignoraram, começaram a fomentar orações,
agradecimentos e louvores a Deus dando inícios de um florir com bons frutos... “Eles
eram frutos de árvore boa” (Cf. Mt 12,33),
só estavam perdidos na vida mundana cujo “caminho conduz à perdição” (7,13-14).
Os descendentes chegaram e eles não puderam desfrutar de suas chegadas.
Impossibilitados de visitar os parentes, ambos se juntaram em prece, pediram e
agradeceram a Jesus, por aquelas crianças amadas, queridas e saudáveis, ora
compartilhadas por vídeos e imagens. Elas eram tão pequeninas como Jesus fora
um dia. Mas sabiam que Jesus se tornara “Grande” diante da Humanidade. E
recorreram a Ele, pondo Ele em suas vidas: pedindo e agradecendo pelos seus
pequeninos que acresciam a família. Isto é oração...
“Jesus visitara uma enferma, a sogra de Pedro, e a curara.” (Cf. Mt 8,14-15) Eles não podiam visitar seus enfermos
próximos. Oravam por eles, ou seja, intercediam.
“Jesus foi a um casamento; foi onde realizou seu Primeiro Milagre
transformando água em vinho.” (Jo 2,1-12) Eles
não foram aos casamentos que se realizaram nestes tempos. E se antes apenas se
divertiam, aprenderam a pedir a Deus que abençoasse aquela nova família que ora
se iniciava. Começaram a interiorizar a “Sagrada Família”.
Algumas sugestões foram feitas por Jesus para que os discípulos pudessem
segui-lO, entre elas “não se despedir do pai, e deixar os mortos enterrarem
seus mortos” (Mt 8,22). Não significa
deixar de amar. “Jesus disse a todos: Se
alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me;
Pois aquele que quiser salvar sua vida a perderá, mas o que perder a sua vida
por causa de mim, a vida salvará”. (Cf Lc 9,23-24) E “Ele pediu:
Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os
demônios;. De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10,8). Portanto,
destaca a ressureição dos mortos e não o sepultamento.
Agora, tal qual Jesus falara, eles estavam vivenciando as mesmas
negativas dadas por Jesus pós – pedidos. Os outros seguiam Jesus e nisto
encontravam alegria. Eles se quisessem, só podiam segui-lO na mente, e
lamentaram a falta de despedida e o não comparecimento nos enterros de pessoas
tão próximas.
“A Hospitalidade foi cumprida por Maria e Marta quando Jesus as visitou.”
(Lc 10,38-42) Com eles, era diferente.
Eles se negavam a receber visitas. Quando as recebiam sem aviso, agiam como os
costumes atuais: muito álcool, máscaras e sem contato físico, se pudessem
escapulir... Depois eles oravam como se tivessem cometido um pecado. E contavam
os dias, para ver se suplantaram a quarentena sem sinais daquele mal.
“Jesus participava da Páscoa (Jo 2,23)
– anualmente comemoravam a libertação dos judeus do Egito” (Ex 12,1-14).
Eles também, ao modo deles. Para eles era a Páscoa do Consumismo. Eles
celebravam a Páscoa dos ovinhos de chocolates deixados
pelo Coelhinho e muito vinho. E foi neste isolamento, que os passos a Deus
foram aparecendo. Conheceram o sentido da “Páscoa – Ressurreição de Cristo” (Mt 28,1-8) e ampliaram a este entendimento o
nascimento de Jesus, descobrindo o verdadeiro sentido do Natal.
“Na casa de Levi, Jesus fora chamar os pecadores, não os justos” (Mt 9,10-12); “na refeição da casa do fariseu Jesus
curou um homem hidrópico” (Lc 14,1-6); “no
jantar da casa de Simão, o leproso, Jesus falou que sempre haveria pobres para
eles fazerem o bem” (Mt 26,6-13); “na casa
de outro fariseu perdoou a pecadora” (Lc
7,36-50); e “no almoço de outro fariseu, admoestou os fariseus e legistas”
(Lc 11,37-54). Tudo bem diferente das
visitas costumeiras daquele casal que apenas curtia...
Como já foi falado, eles estavam distantes de refeições, jantares,
visitas, com medo de serem acometidos pelo mal, ou quem sabe transmitir,
inconscientemente. Então, não participavam daqueles compromissos sociais tão
rotineiros que foram palco de suas vidas e pura fonte de divertimento.
Com outra visão eles aprenderam a orar pelas pessoas que os convidavam
sempre, ou quando se eles se lembravam do evento, na data sem festa que
continha um silencioso aniversário de nascimento ou casamento.
Nas refeições “Jesus abençoava os alimentos” (Cf. Mt 14,19), uma prática que o casal acolhera com amor.
Se aquele referido isolamento os afastara de uma vida social os
aproximara de uma vida espiritual. Aquela tribulação fazia um a um falar como
Jesus: “não estou só porque o Pai está comigo” (Jo
16,32). Os corações deles se encaminharam para se aproximarem de Deus.
“Carregai o peso uns dos outros,
e assim cumprireis a Lei de Cristo.” (Gl 6,2)
(Em 16/9/2021)
O que você faz com os dons
que Deus lhe deu?
Ela
era pequenina e “Deus lhe concedeu o dom” (Cf. 1Cor 12,3) de cantar,
pois Ele “dispensou a cada um uma sabedoria de acordo com a medida da fé” (Rm 12,3). Era cantando que ela “manifestava o
Espírito para a utilidade de todos” (1Cor 12,7), pois encantava a
muitos. “Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto e desce do
Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação”. (Tg 1,17)
Sendo
uma criança com uma vida estável, tranquila e feliz, a medida de sua fé era
cantar sobre a vida de Jesus. Sendo assim, ela plagiava cantigas de rodas ou de
seu conhecimento utilizando-se de passagens bíblicas que envolviam o
Cristo.
Ela justificava seu dom à sua mãe assim: Mamãe, “Jesus cantou o Hino com
os apóstolos e foi para o Monte das Oliveiras” (Mc 14,26). Eu
preciso cantar para Ele; na Bíblia diz que “os Reis Magos homenagearam Jesus” (Mt 2,1-2). Acho que além de levar presentes, eles
cantaram. Meu presente é cantar também.
E de plágio em plágio ela deu voz em música aos “Cânticos de Maria (Lc 1,46-56) e de Simeão (Lc
2,29-32) e ao Benedictus (Lc 1,67-79)”.
Com a “Entrada Messiânica” (Mt 21-1-11)
foi mais complicado porque teve que transformar a prosa em versos e ainda
plagiar sobre “Jesus entrando por cima dos ramos espalhados na estrada, num
burrinho” (Cf. Mt 21-1-11). E fez o mesmo
em muitas outras passagens.
Os Salmos são para ser cantados e isso, ela fazia com serenidade e amor.
Ficava lindo naquela voz forte, harmônica e suave...
Ela gostava demais de cantar na missa e até fez parte do Coral da Igreja,
pois a “Igreja foi edificada por Pedro, a pedido de Jesus” (Cf. Mt 16,18). Aliás, outro motivo da criação de mais um
plágio musical.
Como cantava bem, participava dos Encontros da Igreja e aprendera que os Dons do Espírito
Santo são: Sabedoria, Entendimento, Conselho,
Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor a Deus. Ele foram despertados por meio
das músicas sobre eles. E aprendidos detalhadamente em Estudos Bíblicos.
Diante deste conhecimento pensava no que tinha aprendido: “Temos dons diferentes,
conforme a graça que nos foi dada” (Rm 12,3),
“mas, é o único e mesmo Espírito que
tudo isso realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz” (1Cor
12,11).
“Aquele que tem o dom da
profecia, exerça-o segundo a proporção de sua fé.” (Rm
12,6) E ela usava a sua fé para Louvar a Deus de formal musical. “Porque
aqueles que foram uma vez iluminados – que saborearam o dom celeste, receberam
o dom do Espírito Santo.” (Cf. Hb 6,4) Ela
tinha o dom de cantar e era agradecida a Deus por isso.
Observando os dons, viu que não passavam de habilidades que cada um
tinha e estava narrado na Bíblia: “serviço, ensinar, falar, exortar, da
profecia, dom de milagres; a outro, o discernimento dos espíritos; a variedade
de línguas; a interpretação das línguas, o dom de curar, de socorrer, de
governar. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores?” (Rm 12,7-8; 1cor 12,4-11.28-30). De forma alguma cada
pessoa tem o seu arsenal de tarefas específicas. Somos iguais porque somos
“filhos do Deus” (Gl 6,22), mas cada um
com suas características.
Moisés sabia que não tinha o dom de falar. Também era preciso ter
humildade e reconhecer quando um dom não lhe favorece intensamente. “Ele disse
ao Senhor: Pobre de mim, Senhor! Nunca tive facilidade para falar, nem antes,
nem agora que falas a teu servo. Tenho boca e língua pesadas; O Senhor
respondeu-lhe: E quem é que dá a boca ao ser humano? Quem faz o surdo e o mudo,
o cego e o aquele que vê? Por acaso não sou eu, o Senhor? Vai, portanto, que eu
estarei com tua boca e te ensinarei o que deverás dizer” (Cf. Ex 4,1-17).
A menina foi crescendo e começou a perceber que o mundo ia além de sua
vida cotidiana e de cantar sobre Jesus Cristo: “havia fomes, pestes,
terremotos, traições, guerras em todos os lugares, como Jesus disse que
haveria” (Cf. Lc 21,8-19). E começou a
cantar, inclusive algumas composições próprias, de forma que levasse alento aos
desafortunados.
Sendo moça, se transformara numa cantora profissional. Descobriu que
“precisava vigiar para não cair em tentação e cuidou para que seu coração não
ficasse pesado pela devassidão” (Cf. Lc
21,34-36), vaidade e soberba.
Não podia se permitir “invejar” a quem tivesse mais sucesso que ela nem
ser avara e cantar qualquer música pelo valor financeiro. “Precisava se afastar
de toda sorte de injustiça, perversidade, malícias, fraudes” (Cf. Rm 1,29) entre outros.
“Jesus disse aos seus 12 (doze) discípulos: Quando vos
entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar.
Naquele momento vos será indicado o que deveis falar, porque não sereis vós que
estareis falando, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós”. (Mt
10,19-20) E ela também tinha esse Espírito.
O maior dom que recebera era a vida. O outro com certeza era saber
cantar. Mas, há o “dom de servir, contribuir generosamente, mostrar
misericórdia e ia fazer tudo isso cantando, e tudo isso com alegria” (Cf Rm 12,12).
Sua fé agora era do tamanho do amor. Ia “procurar o caminho da caridade
e aspirar os dons do Espírito” (Cf 1Cor 14,1),
vivenciar o “que todo homem coma e beba, desfrutando do produto de todo o seu
trabalho, isto é um dom de Deus” (Ecle 3,13).
E seu trabalho era cantar.
“Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos
outros...” (Cf. Rm12,7)
(Em
18/09/2021)
14 – Uma
Família Desestruturada
É possível alguém fazer o bem
vivendo num ambiente onde sobressai o mal?
Ela
era a caçula de nove irmãos. A única menina. Aquele ambiente desestruturado, de
discórdia e confusão onde ela vivia não a alcançava com a mesma intensidade em
que seus pais e irmãos conviviam.
Pequenina,
todas às vezes que ia à praça com eles, não podia brincar. Os irmãos mais
próximos de sua idade “eram crianças sentadas na praça, a se desafiarem
mutuamente” (Cf. Mt 11,16) ou mesmo
brigavam entre si ou com os outros meninos presentes.
“O
sal é bom, de fato, mas se tornar insosso, não presta nem para terra, nem é
útil para esterco: jogue fora” (Cf. Lc 14,34-35).
Ela não era este tipo de sal. Quando ela voltava para casa da praça, ela era o
“sal da terra” (Mt 5,13) que servia de
cura: limpava os machucados, passava remédio, colocava gelo, entre outros
cuidados nos infortunados irmãos. Do mesmo jeito ela procedia nas brigas
constantes dentro ou fora de casa, entre familiares, vizinhos e inclusive na
escola.
Aqueles desentendimentos, que não passavam de querelas, se transformavam
em agressões nos embates corpo a corpo. Esta desinteligência desviava todos da
retidão. Mas “ela não semeava discórdia entre irmãos; Deus abominaria se o
fizesse” (Pr 6,19). Ela os orientava, os aconselhava... Nunca fora
conivente apesar de cuidá-los.
Não fora feliz na “correção fraterna” (Mt
18,15) quanto àquelas brigas. “Não ganhara nenhum irmão, pois nenhum a
ouvira. Testemunhas nem pensar!” (Mt 18,15-16)
Tinha medo de provocar maiores desentendimentos. “Levá-los a Igreja”? (Mt 18,17) Fora zombada e ridicularizada...
“Quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe
por outro lugar, é ladrão e assaltante. O ladrão vem só para roubar, matar e
destruir.” (Jo 10,1.10) Seus irmãos
escolheram se enredar neste caminho.
“Se o dono da casa soubesse em que vigília viria o ladrão, vigiaria e
sua casa não seria arrombada (Mt 24,43);
Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e
roubar os seus pertences, se primeiro não o amarrar; só então poderá roubar a
sua casa” (Mt 12,29) e era justamente
assim que eles faziam.
Nem a igreja foi poupada. “Fizeram da Igreja um covil de ladrão” (Cf.
Mt 21,13) assaltando os cristãos dentro da
igreja e no estacionamento enquanto as pessoas iam ali falar com Deus,
respeitando a “Casa de Oração” (Mt 21,13).
Um dia um homem descia a ladeira e “caiu no meio de assaltantes, que
após havê-lo despojado e espancado, foram-se, deixando-o
semimorto” (Lc 10,30). Casualmente, ela
passou por ali, logo depois, e se “tornou a samaritana que viu e moveu-se de
compaixão” (Lc 10,33) chamando os
bombeiros e esperou por eles, sem saber que aquele coitado tinha sido alvo dos
irmãos.
Quando chegou a sua casa conheceu as atividades deles. Viu que “os
inimigos dos homens (seus irmãos) eram os próprios familiares” (Cf. Mt 10,36). Ela começou então a vivenciar “o irmão
entregará o irmão à morte; os filhos se levantarão contra os pais e os farão
morrer” (Mt 10,21), pois seus irmãos
acusavam uns aos outros, numa delação completa dos seus feitos, roubos e
assaltos inclusive sobre o moço que ela acabara de socorrer. Acusavam os pais
pela educação dada e pela falta de dinheiro. Pura inverdade: não havia nem
abundância nem penúria e houvera orientação.
Este “uns contra os outros” se parecia com o “uns contra os outros por
causa de Jesus, pois nem mesmo os irmãos criam n’Ele” (Cf. Jo 7,5).
Sem perceberem Deus, eles contrariavam as palavras de Jesus: “eu lhes
digo todo aquele que se encolerizar contra seu irmão terá de responder no
tribunal; aquele que chamar o irmão de cretino estará sujeito a julgamento;
aquele que chamar de Cretino terá de responder...” (Mt
5,22). Do mesmo modo quanto a esta assertiva: “Em verdade vos
digo, toda as vezes que que deixaste de fazer o bem, a um destes pequeninos,
foi a mim que o fizeste” (Cf. Mt 25,45), conforme está escrito no
“Julgamento Final” (Mt 25,31-46).
Um dos irmãos gritava perguntando aos outros: “Nem sequer temes a Deus,
estando na mesma condenação? (Lc 23,40).
E, bancando o “bom ladrão” (Cf. Lc 23,39) “pronunciava
em falso o Santo Nome” (Ex 20,7).
Da mesma forma que “Judas traíra Jesus por dinheiro” (Mt 26,14-16), eles entregavam uns aos
outros, embora ela não soubesse explicar a origem do dinheiro nem o destino.
Das palavras para a costumeira agressão foi um passo. Culminou com a
morte do pai e de um dos irmãos. Mais do que nunca ela foi o “sal da terra” (Mt 5,12) que cura como vinha sendo desde criança alentando
quem ficou e tomando as providências legais e sociais.
A mãe de apagada, indiferente e omissa se tornara revoltada. Muita paz e
mansidão fora dedicada a ela, pela filha.
Os irmãos maiores ficaram presos e os menores foram soltos no tempo
devido.
Os crimes pararam. Não “as divisões: filhos contra o pai (in memoriam),
pai contra os filhos (relembrando o que ele falava), mãe contra filha (depois
de tanto sofrimento), sogra contra nora, nora contra sogra” (Lc 12,51-53). Lamentavelmente não era em nome de
Deus. “Era uma casa dividida contra si e não poderia subsistir” (Cf. Mc
3,24-25).
“Filha contra a mãe” (Lc 12,51-53)
ela não se permitia. Tinha sido sal para curar feridas, dando sabor a vida,
gerando Paz Familiar. Agora seria o sal da compaixão e da misericórdia. “Deus
não faz acepção as pessoas.” (Rm 2,11).
Ela não tinha feito acepção com nenhum dos irmãos, não ia fazer agora com sua
mãe. Ela apenas seguia a “Regra de ouro: tudo aquilo, portanto que queres que
os homens vos façam, fazei-vos a eles, pois esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7,12).
O exemplo de família deixado por Jesus, Maria e José estava longe na sua
vida... Mas sabia que filhos são bênçãos de Deus.
Honrara o pai, honraria a mãe e os irmãos, pois “quem causa problemas à sua
família herdará somente vento” (Cf. Pr 11,29) e não queria isso para
si mesma.
“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que
ele dá.” (Sl 127,3-5)
(Em
18/09/2021)
15 – Recorrendo a Deus
O que você faz após ser atendido por Deus?
Eles eram pessoas que tentavam fazer tudo que é agradável a
Deus. Casados há 15 (quinze) anos, esperavam que Deus lhes enviasse uma criança
para lhes completar a felicidade.
Ela era estéril como “Sara de Abraão, mãe
de Isaac (Gn 17,15-16, 21,1-7); Rebeca de
Isaac, mãe dos gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25, 19-28);
Raquel de Jacó, mãe de José e Benjamim (Gn 30,1;
30,33 e 35,16-20); Ana de Elcana, mãe de Samuel (1Sm 1,2; 1Sm 2,5); e Mara, esposa de Manuá, mãe de Sansão (Jz
12,2-4; 13,2); Isabel (Lc 1,13)”; entre
outras. Para esta última, “a parenta da mãe de Jesus, era um opróbrio que Deus
designou retirar dela diante dos homens quando concebeu João Batista” (Cf.
Lc 1,25).
Eles não pensavam assim, afinal os tempos são outros. Eles
sabiam que esta esterilidade fazia parte dos propósitos de Deus. Com fé
esperavam n’Ele.
Ela ainda era nova, pois se casara menor de idade. O mundo da
Medicina estava preparado para lhe garantir uma boa gestação e “com efeito,
para Deus, nada é impossível” (Cf. Lc 1,37).
Eles “oravam em segredo no quarto deles” (Cf. Mt 6,6) e muitas vezes “faziam jejum” (Mt 6,16-18), principalmente das coisas que mais
gostavam, não só o alimentar como também
dos programas, filmes e jogos preferidos. Usavam a “imposição das mãos” (Lc 13,13) na barriga com Fé e Esperança.
“Deus escutou estas súplicas.” (Cf..
Lc 11,13) Então, chegou o dia que “Ele os
cumulara com sua misericórdia e todos se alegraram com o casal, como acontecera
com Isabel e Zacarias” (Cf. Lc 1,58).
Parecia que repetira “Jesus, o que dissera a outra: Mulher, estás livre da tua
doença” (Lc 13,12). Deus permitira que
eles concebessem a criança esperada, com o casal coabitando, sem
nenhuma intervenção médica.
Narra a Bíblia que “Jesus foi a um casamento e transformou a
água em um vinho de qualidade superior” (Jo
2,9-10). Provavelmente os anfitriões ficaram aflitos porque “não
tinham mais vinho” (Jo 2,3). Agora eles estavam aflitos e alegres com a concepção
porque requeria exagerados cuidados naquele desejo tão bem-vindo.
Eles ousam dizer que Jesus estava com
eles todos os dias, principalmente onde moravam transformando aquela aflição de
uma gravidez de risco num milagre constante e diário, permitindo que aquele feto
vivesse por mais um dia até a 38ª semana. Continuamente estavam em oração
agradecendo o bebê e pedindo pela sua vida.
Lembravam: “Felizes são os aflitos porque
eles serão consolados” (Mt 5,5). Eram dias
extremamente difíceis para ambos, mas eram consolados pela alegria de terem
no seio materno aquela vida, por cada dia vencido, com a graça de Deus.
Tudo aconteceu como Jesus falara e João Evangelista narrara:
“Quando a mulher está para dar a luz, entristece-se porque sua hora chegou,
porém, ao dar a luz à criança, já não se lembra do sofrimento” (Jo 16,21). Na verdade, sua hora chegara, naqueles
meses abençoados, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo
até a hora de fato.
O bebê chegou um pouco mais cedo, “com qualidade superior, como
o vinho chegara” (Cf. Jo 2,10): a saúde,
porque Jesus cuidara dele, da mesma forma que por Ele “cegos viram, coxos
andaram, os leprosos foram purificados, surdos
ouviram (Cf. Mt 11,5), mãos
atrofiadas (Mt 12,9-14) se ajeitaram,
mulher encurvada se endireitou e andou” (Lc
13,10-17) e tantos outros milagres. “Jesus curava toda sorte de
enfermidade” (Cf. Mc 1,32-34). As curam foram físicas e
espirituais. Jesus olhou para aquela mãezinha. “Tomou e carregou”
todos aqueles riscos, um a um, dia a dia, mês a mês.
Eles receberam muitas orações e o “por tudo daí graças” (1Ts 5,18) foi vivenciado por
eles, parente, amigos, desconhecidos, atestando todo dia que “para o homem é
impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis” (Cf. Mt 19,26).
E agora, com o bebê no colo, surgiram mais orações e mais
petições: que as pessoas em iguais situações a ela, orem muito, tenham fé, confiem e creiam em Jesus, no
Pai e no Espírito Santo.
“Os filhos são a
herança de Deus.” (Sl 127,3)
(Em
19/9/2021)
16 – A Fraternidade
do Irmão
Você se julga capaz de imitar alguma
ação de Jesus?
Eram dois irmãos. O mais novo andava por estradas finas de “porta
estreita” (Mt 7,13) e o mais velho andava
pelo “caminho largo e espaçoso que conduz à perdição” (Mt
7,13). Quando “o irmão pecava o outro corrigia (Mt
18,15), e se ele se arrependia perdoava-o, não sete vezes por dia, ou
setenta e sete vezes”.
Quando o “irmão o ouvia, ganhava um irmão” (Mt
18,15). Mas, às vezes, diante de familiares ou amigos íntimos, “recorria
à correção diante de duas ou três testemunhas” (Mt
18,16). Também “recorrera à Igreja, e porque o irmão ouvia, não o tratou
como um gentio ou republicano” (Mt 18,17).
‘O pecado vinha da desobediência do homem’ e o retorno àquela prática
afastava aquele rebelde da família, de Deus, dos amigos e dos colegas. A
escolha do mais velho “era caminhar nas trevas sem saber para onde ia” (Cf.
Jo 12,35).
“Não existe um homem tão justo sobre a terra que faça o bem sem jamais pecar”
(Ecl 7,21), mas o irmão mais velho
acumulara muitas, muitas iniquidades. Ele, o mais novo, se “reconciliava com
seu irmão” (Mt 5,24) mais velho, tantas
vezes que perdera as contas. Ele sabia “que no mundo teria tribulações” (Jo 16,33), mas já achava seu “fardo pesado para os
seus ombros” (Mt 23,4) sem que houvesse
alguém que com “um dedo pudesse movê-lo” (Mt
23,4).
Jesus dissera que o “fardo d’Ele era leve” (Mt
11,30). Ele discordava desta assertiva. Jesus fora “desprezado (Mc
6,4), desacreditado (Jo 12,37),
injuriado (Mt 27,39), crucificado (Mt 27,35) e morto (Mc 15,37). Então
comparava com seu próprio fardo. O que era o seu diante disso? Mas Jesus nunca
esmoreceu e lhe cabia o mesmo.
“Os amigos do irmão eram amigos importunos. Ele os recebia pela
insistência, e lhe dava tudo o que precisava, quando eram procurados à noite” (Cf.
Lc 11,5-8) até o dia que aqueles amigos se
tornaram iguais em ações ao “Devedor Implacável” (Cf. Mt
18,23-35): o irmão mais velho ‘era agarrado pelo pescoço, quase sufocado,
e ouvia que devia pagar o que lhes devia... O mais velho rogava pedindo mais um
prazo para pagar’.
O mais novo, adentrando no quarto, presenciara esta cena e exigindo
explicações e descobrira ser dividas de droga. Os amigos não contavam com a
chegada inesperada do mais novo e surpreendidos fugiram em seguida. O mais novo
logo percebeu: “Eram cegos guiando cegos” (Mt
15,14).
Ele, o mais novo, recorreu à Bíblia onde Jesus muito dissera e muito
exemplificara. Não queria só seguir Suas orientações. Ousou pensar em imitar
algumas de Suas ações. Não faria milagres. Isso era transcendental. Faria
coisas humanas, afinal Jesus veio como homem e deixara uma gana de legados
possíveis a qualquer um.
“Jesus orou antes de escolher os 12 apóstolos (Lc 6,12); E ele passou a noite em oração a Deus também como Cristo”. E de manhã decidiu internar o irmão numa Casa de Recuperação aos
Drogados. “O operário é digno de seu sustento” (1Tm 5,18). Cuidaria
do tratamento. O irmão que pagasse seu sustento nocivo, quando ficasse bom com
a graça de Deus. “Jesus abençoava as crianças” (Mc 10,16). Passou a
abençoar o irmão nas fotos, nas visitas... “Jesus abençoava o pão, o vinho (Mt 26,27), o peixe (Mt
14,19). Aprendeu a abençoar sua
alimentação.
“Jesus amou Lázaro, Marta, Maria (Jo
11,5), João Evangelista (Jo 19,26) e
todos (Jo 15,12)”. Ele amou mais ainda o
seu irmão e o demonstrou muito mais vezes.
“Jesus louvava e dava graças a Deus” (Jo
11,41). Fez o mesmo.
“Jesus dissera antes de partir: Conclui a obra” (Jo 17,4). O mais novo sabia que começara a obra e no
momento só podia dizer: “Fiz o que era para fazer!” (Lc
17,10). Agora precisava dar tempo
ao tempo...
“Volte-se para Deus para seu pecado ser cancelado” (Cf At 3,19).
(Em 3/10/2021)
17 – A Igreja
de Cristo
(Pedro)
Você
sabe a origem da Igreja?
Ele
sempre foi um Cristão de fato, por influência de sua família, ainda que fosse
muito distante, com posses e de carro, podiam se dar o luxo de viajarem por
duas horas para ir à Casa de Deus, todos os domingos. Agora estava de volta às
suas terras.
Ele
tinha origens fundamentadas na Igreja Católica. Sempre assistira a missa e
vivera os Sacramentos do “Batismo (Mt 28,19),
da Confirmação (At 8,14), da Comunhão” (Mt
26,26) e consequentemente o da “Penitência” (Lc
15,21). Quando se absteve do “Matrimônio” (Mt
19,4), optando por ser celibatário, pelo sacerdócio, trouxe muita alegria
aos seus pais. E agora cumpria mais dois sacramentos dos sete existentes: a
“Ordem” e a “Unção dos enfermos”.
Ele
voltara após anos de estudos. Tinha acabado de receber a Ordenação Sagrada
(Lc 22,19). Era padre, mas “não competia a
ele conhecer os tempos e os momentos” (At 1,7) antes que lhe fossem
revelados. Sabia que a Igreja “proclama a palavra, insiste, refuta, ameaça e
exorta com toda paciência e doutrina” (2Tm 4,2); e logo deveria
abraçar uma Igreja.
Ali na
fazenda, sentado na varanda, admirando aquelas paisagens onde tanto brincara,
escutou uma voz lhe dizendo: abre a Bíblia agora, por favor. Parecia a voz do
pai quando lhe pedia isso nos tempos que morara ali. Seu genitor não estava
presente à Casa Principal naquela hora. Fora arrumar uma cerca. Depois de
confirmar a ausência do pai pensou: Se não é meu pai, é o Espírito Santo de
novo.
Foi
atender ao pedido sublime e abrindo a Bíblia foi surpreendido ao se deparar com
a seguinte passagem: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Interpretou assim: Ele não era Pedro. Mas,
podia edificar uma Igreja na fazenda dos pais. A fazenda era a pedra onde ele
edificaria a Igreja de Cristo, fisicamente com a construção. Ele seria a pedra
espiritual, seguindo Pedro a quem Jesus pedira a continuidade de suas obras.
Ele tinha em mente: “Não sabeis vós que sois templo de Deus e que o Espírito de
Deus habita em vós?” (1Cor 3,16).
Pensou
em quem era Pedro e no seu caminho... Como
ele foi marcante na sua trajetória!!! Pedro foi chamado para ser discípulo
de Jesus Mt 18,1): “Não tenhas
medo! Doravante serás pescador de homens.” (Lc
5,10). Foi Cefas – Simão – Pedro, que além de discípulo
foi chamado para continuar a Igreja começada por Cristo. Ele, o
protagonista, além de sacerdote, recebera agora um chamado: ser pescador de homens,
para transformá-los em “ovelhas do seu redil” (Jo
10,16).
Com
palavras significativas, com muita percepção e sensibilidade Pedro falou a Jesus:
“Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra,
lançarei as redes” (Lc 5,5);
Pegaram muitos peixes e “Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo Afasta-te de
mim, Senhor, porque sou um pecador!" (Lc
5,8)
Igual
confiança em Jesus, ele adquirira há muito tempo, e talvez por isso, tenha
escolhido aquela caminhada e esperava levar muitos pecadores para junto do
redil de Jesus se espelhando em Pedro, por quem tinha muita admiração.
Não era a
primeira vez que ele escutava vozes e
atribuíra ao Espírito Santo lhe dizendo ou perguntando: “Ide por todo o
mundo e pregai o Evangelho a todos os povos (Mc 16,15); apascenta
minhas ovelhas; apascenta meus cordeiros; Tu me amas?” (Cf Jo 21,15-7). Quem dizeis que eu sou?” (Mt
16,15). Houve muitas outras... Estas palavras foram proferidas a Pedro,
mas ressoavam para ele. Chegara o momento de
Proclamar o Evangelho e cuidar do redil do Pai, naquelas paragens.
Pedro esteve
muito presente com Jesus. Por isso, desde que sentira sua vocação seguia os
seus passos, apesar Pedro ter negado Jesus três vezes como foi previsto (Mt 26,30-35); de servir de pedra de tropeço
para Jesus, por pensar como homem (Mt
16,23); e ser muito questionador comportando-se como um ansioso que quer
resolver tudo, como por exemplo:
“Pedro pediu
explicação sobre uma parábola. Jesus falara duas. Uma que o que torna o homem
impuro é o que sai pela boca; a outra que um cego não pode guiar
outro cego; Primeiro Jesus perguntou: Nem mesmo vós tendes inteligência? Então
explicou a primeira parábola” (Mt 15,10-20).
De outra feita,
“Jesus contou a parábola da ‘Prontidão para o retorno do mestre’ (Lc 12,35-48) quando os servos estavam sempre a postos
e Pedro questionou: Senhor, é para nós ou para todos que contas esta
parábola?” (Lc 12,41)
Fez outras perguntas a Jesus: “Quantas vezes deveria perdoar o
irmão que pecasse” (Cf. Mt 18,21-22); Que haveremos de
receber? (Cf. Mt 19,27) – por terem deixado
tudo e seguido Jesus; Dize-nos quando será isso, e qual o sinal
de que todas essas coisas estarão pra acontecer?” (Mc 13,1-4) –
Quando Jesus falou do fim do Templo. “Senhor a quem iremos? Tens
palavras de vida eterna e nós cremos que és o Santo de Deus”
(Jo 6,67-68). “Senhor, para onde vais?
Senhor, por que não posso seguir-te agora? (Jo
13,36-37). “Senhor, e ele?” (Jo
21,20) – querendo saber de João.
Pedro estivera na companhia de Jesus em
momentos importantes: na cura da hemorroíssa
falando que a multidão comprimia Jesus; a caminho da casa de Jairo e lá
entrou com Tiago e João (Mc 5,21-47; Lc 8,40-56)
curando sua filha; ao mostrar a figueira amaldiçoada (Mc
11,21); ao confessar o reconhecimento de que Jesus era Cristo, o filho de
Deus vivo (Mt 16,16); na promessa de
nunca se escandalizar por causa de Jesus (Mt
30,33). E outras... Refletindo nessa
promessa que não foi cumprida, rezou ao Senhor que não lhe acontecesse o mesmo,
que ocorreu na noite daquele dia: “O senhor feriu o pastor e as ovelhas do
rebanho se dispersaram” (Mt 26,31).
E continuou na sua reflexão. Havia coisas
que jamais poderia seguir os passos de Pedro, pois foram situações únicas: Jesus
caminhando sobre as águas e Pedro, interpelando-o, disse: "Senhor, se és
tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas". E Jesus
respondeu: "Vem". Descendo do barco, Pedro caminhou sobre as águas e
foi ao encontro de Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e, começando a
afundar, gritou: "Senhor, salva-me!" (Mt
14,28-30). Mostrou-se corajoso e
reconheceu que Jesus podia salvá-lo. Isto ele não poderia esquecer e servia
de estímulo à caminhada do futuro Pároco.
Jesus começou a lavar os pés dos
discípulos e Pedro não quis que lavasse os deles. Foi explicado que precisava
permitir para fazer parte de Jesus, então desejou que as mãos e a cabeça
fossem lavadas também, sem precisão, pois estava puro (Jo
13,1-20). Pedro era impetuoso tanto quanto ele mesmo.
“Feriu com a espada o servo do Sumo Sacerdote, Malco,
decepando-lhe a orelha direita quando Jesus foi preso”.
(Cf. Jo 18,10). Uma defesa!!! Assim seria
com seus paroquianos, sem arma, claro.
Pedro Também
estava junto no 1º Anúncio da Paixão (Mt
16,21-28; Mc 8,31-38) e lamentou o que Jesus ia passar (Cf. Mt 16,22); na Transfiguração (Mt 17,1-13; Mc 9,2-13, Lc
9,28-36) quis montar uma cabana para cada um dos três; no pagamento do Imposto
do Templo pescou um peixe (Mt 17,24-27); e
no Getsêmani (Mt
26,36-40; Mc 14,32-46; Lc 22,40-46), Pedro
dormia.
Com a morte física do corpo de Jesus, Pedro
foi o segundo a chegar ao túmulo. Saiu correndo com João, esse chegou
primeiro e ficou esperando por ele que foi o primeiro a entrar e se surpreendeu
pelo que viu (Jo 20, 1). João ao ver o
sepulcro vazio reconheceu certa preeminência em Pedro. (Rodapé Pág 1892)
Quanto poder! A nenhum dos outros
apóstolos foi proferido estas palavras de Jesus: “Feliz és tu, Simão,
filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o
meu Pai que está no céu.”). Então ocorre a entrega “...tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja... darei as chaves
do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus e o
que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,13-20; Mc 8,27-30; Lc
9,18-21).
Jesus
orou pelos 12 (doze) apóstolos (Jo 17,12)
e especificamente por Pedro (Lc 22,32)
– a fim de que a fé dele não desfalecesse.
Finalmente depois de todos esses
destaques sobre Pedro, Jesus ressuscitado culminara com Seu pedido: “apascentar
as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17). Era
para ouvi-lO que depois ele ia entende e dar gloria a Deus. Então pede para
segui-lo (Cf. Jo 21,18-19).
“A chave do
Reino dos Céus foi dada a Pedro” (Mt 16,19) e o Pároco só teria a chave da Porta das Ovelhas terrestre de
sua Paróquia, mas com os mesmos propósitos de Pedro e de Jesus, para apascentar
as próprias ovelhas que na verdade eram acima de tudo de Jesus.
E ali, na paz
da sua fazenda, estas frases estavam mais presentes e ele falava com Jesus: Eu
te amo, vou apascentar suas ovelhas, vou pregar o Evangelho aqui nesta terra e
nestas cercanias; e penso como “Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo”
(Mt 16,15). Pedro reconheceu em Jesus o
Messias e que deveria ser uma pedra de arrimo para seus irmãos (CNBB pág.
1222- rodapé).
Mas, agora é
diferente. “ele não estava proibido severamente de falar a alguém a esse
respeito” (Mt 16,20), muito pelo
contrário! Ele viveria “para aperfeiçoar os santos em vistas do ministério,
para edificação do corpo de Cristo até que todos alcançassem a unidade da fé e
do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado do Homem Perfeito, à medida da
estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4,12-13).
Depois desta
reflexão ele disse: vou segui-lO como Pedro O seguiu. Estava determinado e
corajoso, pois era um líder nato.
Pedro, então
de pé, junto com os onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão: “Homens
da Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e
prestai ouvidos as minhas palavras” (At 2,14). Assim começara sua
missão.
Finalmente
chegou o dia da inauguração da Igreja construída na fazenda que aconteceu no “Dia
de Pentecostes” (At 2,1) quando “Pedro proclamara a mensagem de
Cristo onde todos estavam reunidos no mesmo lugar” (At 2,1) e o
Padre fez o mesmo em todo o povoado rural, na sua Comunidade.
O sacerdote
convertera muitas pessoas e além das Missas dominicais ele celebrava os
sacramentos. Fazia tudo por Jesus com amor e retidão quando tinha autorização.
Muitos se sentiam em pecado porque eram casados no
civil, mas não foram abençoados nos Matrimônios e não podiam levar seus filhos
para ser Batizados ou fazer a Primeira Comunhão junto com a Confissão
(Penitência), nem a Crisma (Confirmação – quando o Padre chamava o Bispo). Nem
tão pouco, podiam chamar o padre para dar a Unção aos Enfermos doentes e
terminais, porque naquela região não havia Igreja nem Padre. E assim, todos se
alegraram como a mulher que encontrou sua moeda perdida (Cf. Lc 15,8).
Esperava que
as tribulações administrativas, as perdas e outras “Não o fizesse abandonar a
congregação de Jesus, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos
outros; e tanto mais, se vir que se vai aproximando aquele Dia” (Cf. Hb 10,25).
Houve um José
de cognome Barnabé, que vendera tudo e entregara o dinheiro aos pés dos
apóstolos (Cf. At 4,36). Naquela comunidade não precisou fazer isso.
Quem era rico continuou rico. Quem era pobre continuou pobre. Eram outros
tempos e outra cultura. Mas, o seu povo se assemelhara à “comunidade de Pedro:
havia crido em um só coração e uma só alma. O que era de um era do outro
também. Dividiam entre si de acordo com a necessidade” (Cf. At 4,32-35),
prevalecendo o amor ao próximo.
Este foi o
maior legado daquele padre, após proclamar o Evangelho ao edificar a Igreja de
Cristo, na sua fazenda: a Igreja constituída pelos cristãos católicos que é
Una, Santa, Católica Apostólica e Romana. Conseguira fazer dos homens pescados,
ovelhas apascentadas, membros da Igreja de Cristo, em Cristo e por Cristo.
“Amai
vossas esposas como também Cristo amou a Igreja” (Ef.
5,21)
(Em
06/10/2021)
18 – Um Operário
de Deus
(Os
Sacramentos: Batismo, Confirmação, Penitência, Eucaristia,
Unção dos
Enfermos, Ordem e Matrimônio)
Você conhece os sete sacramentos instituídos por
Jesus?
Ele
era um varão a serviço de Deus
“Nós somos cooperadores de Deus, vós
sois a seara de Deus, o edifício de Deus” (1Cor 3,9). Assim ele
dizia na sua comunidade, com o intuito, de mostrar a valorização da
participação dela, na Igreja de Deus.
Ele cooperava com Deus. Tinha o
Sacramento da Ordem (Lc 22,19) e gostava
de anunciar o evangelho de Deus mais por amor do que por obrigação. Sem seara,
sem o edifício de Deus, ele não poderia semear este seu amor... Sua
interpretação encantava a todos.
Nele “reinava a paz de Cristo à qual, ele fora chamado” (Cf. Cl
3,15) e desejava o mesmo para ‘suas ovelhas’. Ainda pedia que eles
dominassem seu coração e “que tudo que fizessem de palavra ou ação, fizessem em
nome do senhor Jesus, por ele dando graças, a Deus, o Pai” (Cf. Cl 3,17).
Paulo disse “vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um
por sua parte. E aquele que Deus estabeleceu na Igreja são em primeiro lugar,
os Apóstolos; em segundo lugar, profetas; e terceiro lugar, doutores...” (1Cor
12,27-28). A Igreja foi iniciada com os apóstolos, que tiveram como
missão de ir ao mundo evangelizar (Mt 28,18-20;
Mc 16,15-17).
Todos os sacramentos foram instituídos por
Jesus Cristo e estão fundamentados na Bíblia.
O Sacramento do Batismo
(Mt 28,19) sempre lhe causava emoção,
além de livrar a pessoa do pecado e restabelecer a amizade em Deus, ele
batizava em Cristo, como “ele pediu antes da Ascensão: Batizai em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo” (Cf. Mt 28,19; Mc
16, 15-17) – É a Trindade explícita. Por ele as pessoas podiam receber os
outros Sacramentos.
As pessoas são
batizadas em Cristo Jesus. “Quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no Reino de Deus” (Jo 3,3). É na
sua morte que todos são batizados. Portanto, “pelo batismo todos são sepultados
com ele na morte (Rm 6,3-5). Todos que são
batizados em Cristo e se vestiram de Cristo são filhos de Deus pela fé em
Cristo” (Cf. Gl 3,26). Com o Batismo, se está em
Cristo, é nova criatura, passaram-se as coisas antigas; eis que se fez
realidade nova. (2Cor 5,17).
Nesta ocasião, ele contava casos de
pessoas batizadas, ou relacionadas ao batismo: “Jesus, mesmo sem pecado (Cf.
1Pd 2,22), foi batizado por João Batista para se cumprir toda justiça (Cf.
Mt 3,13-15) e esse testemunhou que viu o
Espírito descer como uma pomba, vinda do céu e permaneceu nele (Cf. Jo 1,32); No Batismo as pessoas recebiam o Espírito Santo, após a imposição das mãos pelos
apóstolos” (At 8,16-17). Hoje é acrescido o sinal da Cruz. Uma
oração de grande poder.
O próprio João Batista estabeleceu um paralelo entre o seu batismo e o
de Jesus: ele veio batizar com água e Jesus é aquele que batiza com o Espírito
Santo, pois o Espírito Santo descera em Jesus e permanecera, conforme Deus lhe
avisara. Isso ele podia testemunhar (Cf. Jo 1,19-34).
Felipe batizou um eunuco conforme o
anjo lhe pediu e depois foi arrebatado pelo Espírito Santo. (At 8,26-40).
Quando o padre contava essa passagem
ele explicava o que era um eunuco (Mt 19,10-12): eram homens incapazes para as
funções matrimoniais dessa maneira, se empregavam e se tornavam guardiões dos
aposentos íntimos, para cuidar das mulheres de seus donos (Cf. Est 2,3).
Também são chamados de Eunucos os altos funcionários (Cf. At 8,27),
homem de confiança, ministro do rei. Eles eram considerados ineptos na
Assembleia de Deus da Comunidade Israelita (Dt 23,2). Isaias
admite-os (Is 56, 3-8). Há os Eunuco: impotentes, cirurgiados e os
que assim escolheram (o celibato) para seguir Jesus.
Apesar de ser
padre, às vezes, tinha
“pensamentos de homem como Pedro tivera” (Cf. Mt
16,23) um dia, e ele não estava preparado para “ser arrebatado como fora
Filipe depois que batizou o eunuco” para lugar nenhum. Felipe foi para Azot (Cf. At 8,39).
No seu caso, não queria desaparecer depois de
realizar um batizado, mesmo porque chocaria as pessoas. “O eunuco não mais viu
Felipe, mas prosseguiu sua jornada com alegria” (At 8,39). As pessoas não reagiriam como aquele eunuco, com
certeza, e ele não queria deixar “suas ovelhas sem pastor” (Cf. Mc 3,34)
e estarrecidas.
Também falava sobre o encontro de Nicodemos
com Jesus que Jesus ressaltava o nascimento das pessoas na água e no Espírito,
para entrarem no Reino dos Céus. (Jo 3,3).
Justificação (Mt
3,13-17; 28,19-20; Jo 3,1-8; At 8,36-37; Rm 6,3-11; Gl 3,26-27).
O Sacramento da Confirmação (At 8,14-15) – Crisma – Causava-lhe uma alegria ímpar. É a
chegada do Espírito Santo novamente, do modo que ocorreu no “Dia de Pentecostes
quando o Espírito Santo encheu a casa onde todos se encontravam. É o
derramamento do Espírito de Deus sobre toda a carne, sobre todos os Seus
servos” (Cf. At 2,1-13). É
lindo e Divino porque é o “cumprimento da Promessa de Cristo de enviar o
Espírito Santo. Ao receber o Espírito Santo se recebe também os Dons do
Espírito (Cf. At 2,38) e a sua força (Cf. At 1,8); E
todos que são conduzidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” (Rm 8,14).
A ele cabia toda organização e um convite
esperado ao Bispo diante da hierarquia. Mas isso não diminuía a grandeza, pois
ele visualizava naquele cenário tanta luz divina em forma de pomba, em cada
cristão, com tanta nitidez que não sabia se era real ou imaginação. É um
sacramento dado pelo Bispo.
Naqueles tempos “Jesus soprou sobre os dez Apóstolos
e eles receberam o Espírito Santo” (Cf. Jo
20,22). Ainda ia acontecer o ‘Dia de Pentecostes’ quando apareceu aos
discípulos. Tomé não estava presente (Jo 20,24)
e Judas tinha se enforcado (Mt 27,5).
Deus nos fortalece em Cristo e nos dá a
unção. Ele nos marcou um selo (dom do Espírito Santo) e pôs em nossos corações
o penhor do Espírito (2Cor 1,21-22).
Assim ele contava a passagem que os Apóstolos
não precisariam temer diante da sinagoga porque o Espírito Santo lhes ensinaria
naquele momento o que deveriam dizer. (Lc 12,12)
O Paráclito além de ensinar tudo, os faria recordar de tudo que Jesus havia
dito. (Jo 14,26). Aqui também podia
relacionar o encontro de Nicodemos com Jesus, já citado.
Justifição (At
2,1-11; 8,14-17; 19,1-7)
O Sacramento da
Eucaristia surgiu na última Ceia de
Jesus. Era para ele, uma grande bênção atender a um pedido do Senhor: “Jesus
tomou um pão, deu graças, partiu e deu-o a eles dizendo: Isto é o meu corpo que
é dado por vós. Fazei isso em minha memória” (Cf. Lc
22,19-20) e mais ainda... “Fazer com que Deus permanecesse nele e em
todos que recebiam o Cristo, a verdadeira comida e bebida” (Cf. Jo 6,55-56), o Cordeiro Pascal, na Hóstia Sagrada e
no Vinho.
O pão e/ou o vinho faziam parte de ofertas em
outras passagens que oportunamente o padre proclamava a todos: Melquisedec levou para Abraão pão e vinho (Cf. Gn 14,18); Abigail tomou 200 pães e dois
odres de vinho, para Davi (Cf. 1Sm 25,18); Davi distribuiu pão todos
(Cf. 2Sm 6,19); Jesus multiplicara o pão e peixe (Mc 6,30-44).
Justificação (Mt
26,17-19.26-28; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20; Jo 6,22-71; 1Cor 11,23-25).
O Sacramento da Penitência – Reconciliação – Confissão – Foi
ensinado por Jesus na Parábola do Filho Pródigo, quando o filho se confessa: “Pai,
eu pequei contra o Céu e contra ti...” (Lc
15,21) Ao dizer: “se o irmão disser que está arrependido, tu lhe
perdoarás” (Cf. Mt 18,21-22) e ao orientar
“se reconciliar com o irmão antes de oferecer qualquer coisa no altar” (Cf.
Mt 5,24).
“Jesus
pregava para se arrepender porque estava chegando o Reino dos Céus (Mt 4,17); haveria muita alegria no Céu por um pecador
que se arrepende (Cf. Lc 15,10); pedia
para se arrepender e crer no Evangelho” (Cf. Mc 1,15); e dizia “que
tinha vindo chamar os pecadores ao arrependimento” (Lc 5,32). Só pode
se arrepender quem lamenta o mal cometido.
“Desde
os tempos de Moisés que as pessoas ao pecarem deviam procurar um sacerdote e
expiar suas faltas com oferendas” (Cf. Lv 5,7-13). Não bastava se
confessar a Deus. “E Jesus veio cumprir a Lei: depois d’Ele purificar falava
para o curado procurar um sacerdote” (Cf. Lc
17,14). Dizia ainda há muitos: “os teus pecados estão perdoados” (Cf.
Lc 5,21), “vá e não volte a pecar” (Cf. Jo 5,14). Valia para o físico e para o espírito.
Sendo Ele o Deus encarnado “tinha poder de perdoar os pecados na terra” (Cf.
Lc 5,24; Mc 2,10) sem que fosse preciso ir ao
sacerdote. E deu esse poder aos discípulos quando soprou o Espírito Santo, já
ressuscitado. (Cf. Jo 20, 22-23). Aos discipolos foi dado o
Ministério da Reconciliação (2Cor 5,18).
Na Confissão, o Padre dava alento aos pecadores de arrependimento e
orientava aqueles que não estavam prontos. Assim ele perdoava os pecados porque
o “sangue da Aliança tinha sido derramado por muitos, para a remissão dos
pecados” (Cf. Mc 14,22), e não queria que esse sangue tivesse sido
derramado em vão.
“As pessoas eram batizadas por João Batista, confessando os pecados,
pois seu batismo de arrependimento era para remissão dos pecados, já
profetizado por Isaías” (Cf. Lc 3,3-6).
Eram enriquecidos e esclarecidos por estas passagens:
Jesus disse aos discípulos: “Aqueles a quem perdoares os pecados
ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23); ao paralítico, “eis que estás curado, não
peques mais” (Jo 5,14); a adúltera, “não
te condeno, vai e de agora em diante não peques mais” (Jo
8,11). O rei Davi se confessou a Deus (1Cr
21,8) e na Oração (SL 5,1-4); e fez o Salmo 51 arrependido.
Na cura do paralítico que entrou pelo teto, ao curá-lo Jesus disse que
os pecados deles estavam perdoados, causando a indignação: “só Deus pode
perdoar os pecados” (Cf. Lc 5,17).
Justificação (Mt
16,18-19; Jo 20,23).
O Sacramento do Matrimônio era para ele um tipo de repetição, da Criação para fazerem companhia um
ao outro: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn
2,18). Abençoar uma família que se iniciava diante de Deus, era para ele
uma alegria. Ele estava dando glórias ao que Deus tinha “serão uma só carne,
unido e não podia ser separado” (Cf. Mt 19,5-6).
Os aconselhava honrar um ao outro como honraram ao pai e a mãe.
Jesus foi muito enfático nesse
assunto: “O Criador fez o homem e a mulher: por isso, o homem deixa seu pai e
sua mãe e se unirá a sua mulher e os dois serão uma só carne. Todo aquele que
repudia sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de
matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um
adultério. O casamento é indissolúvel.” (Cf. Mt
19,1-9). Até quem olha com desejo libidinoso já comete adultério (Mt 5,28)
Entre essas e outras ele gostava de expor nos Casamentos: “Vós todos
honrai o matrimônio e conservai o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará
os impuros e os adúlteros”. (Cf. Hb 13,4).
“Não contrairás matrimônios, não darás tua filha a seus filhos, e não tomarás
de suas filhas para teu filho com pessoas impuras ou próximas de parentesco” (Cf.
Dt 7,2-4).
Então os saudava com as recomendações de São Paulo sobre o Casamento e a
Virgindade (1Cor 7) para cumprirem o dever conjugal, não se
separarem, mas que acima de tudo Deus os chamara para viverem em paz; para
os homens amararem as mulheres como a si mesmo e como Cristo amou a Igreja e
elas deveriam os respeitar (Ef 5); e não tratá-las com mau humor (Cf. Cl 3,18) e culminava
sempre com o Hino à Caridade (1Cor 13).
Justificação (Gn 2,18;
Mt 29,4; Ef 5,21-31; 1Cor 7,1-7, 1Cor 13, Cl 3,18ss; Ef 6,1.)
O Sacramento da Unção dos Enfermos – antes Extrema Unção – para o operário era um misto de alegria e tristeza
porque na maioria das vezes as pessoas se afastavam do júbilo de Deus.
Na
“Missão dos Doze” (Mc 6,13), “os apóstolos enviados por Jesus
deveriam curar os doentes ungindo-os com óleo” (Cf; Mc 6,13).
Quando
ele era chamado para dar a Unção dos Enfermos com a intenção de cura, ou
antecedendo uma cirurgia, era uma graça e uma bênção para todos. Quando a
pessoa era um doente terminal, e carecia de uma Extrema Unção, como foi chamada
por muito tempo, era muito dolorido porque as pessoas não estavam preparadas
para a despedida nem para entenderem que “o espírito é que vivifica; a carne
para nada serve” (Jo 6,63) e que a morte é
vida, pois Jesus disse: “Eu sou a ressurreição. Quem crê ainda que morra
viverá” (Jo 11,25-26).
Todos
eram fortalecidos com a narrativa de São Tiago: “Sofre alguém dentre vós um
contratempo recorra à oração. Está alguém alegre? Cante. Alguém dentre vós está
doente? Mande chamar o presbítero da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o
com óleo em nome do na doença e a se confessarem uns aos outros os próprios
pecados. Orai uns pelos outros para que sejam curados”. (Cf. Tg 5,13-17).
Justificação (Mc 6,13; Tg 5,14-15).
O
Sacramento da Ordem lhe agradava. Deus
em Sua misericórdia o intuíra para essa missão, sem pretensões de jamais se
igualar a Jesus, embora O seguindo. Ele sabia
que “Cristo foi o único sacerdote que se assentou à direita da Majestade nos
céus. Ele é ministro do Santuário e da Tenda, a verdadeira armada pelo Senhor” (Cf.
Hb 8,1-2). É por atribuição Divina, “a pedra
rejeitada pelos homens, mas diante de Deus eleita e preciosa” (Cf.1Pd 2,4)
– a Pedra Angular (1Pd 2,7). Paulo diz: “Considerai atentamente
Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da nossa profissão de fé” (Hb 3,1; Cf, 4,14; 5,5; 7,28). “Só há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, um homem,
Cristo Jesus.” (1Tm 2,5). Porém, Jesus "fez de nós um reino de
sacerdotes para Deus, o Pai” (Cf. Ap 1,6).
Ele se incluíra nesta afirmativa.
“Jesus constituiu Doze, para que ficassem com ele, para enviá-los a
pregar e terem autoridade para expulsar demônios” (Cf. Mc 3,13-15; Lc 6, 12-16). Um deles era Pedro do qual, por Jesus
“edificou a Igreja e as portas do Hades nunca prevalecerão contra ela.” (Cf.
Mt 16,16-20). De certa forma, Jesus escolheu os sacerdotes na Missão do Doze (Mt
10), na Missão dos setenta e dois discípulos (Lc 10) e no chamado a Paulo (At 9).
O Sacerdócio
começou na última Ceia quando Jesus disse o que era para fazer em sua memória. “Jesus tomou o pão, deu graças, os abençoou, partiu e deu aos discípulos
dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo. Depois dando graças, a um cálice de
vinho tomou e disse: Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue. O sangue da
Aliança que por muitos é derramado para remissão dos pecados. Fazei isto em
memória a mim” (Cf. Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20).
Ele quando ressuscitou, pediu a Pedro para apascentar suas
ovelhas (Jo 21,1-23). Deixando o exemplo ele foi um Bom Pastor
(Jo 10,1-21). O que busca a ovelha
desgarrada (Cf. Lc 15,4-7). Que conhece as
suas ovelhas e elas escutam a sua voz (Jo
10,22-30).
“O primeiro ato (Cf. At 1,15-26) que Pedro concretizou na
edificação do Ministério do Apostolado, foi a reunião os 10 (Dez). Iam dar
testemunho da Ressurreição de Cristo. Entre José e Matias, para substituir
Judas, o segundo foi sorteado... Culminou com o ‘Dia de Pentecostes em seu
discurso’.
“São Pedro disse
que a comunidade cristã era um sacerdócio real, uma nação santa e um povo de
sua particular propriedade” (Cf. 1Pd 2,9 )
e “os convidava a terem um bom comportamento” (Cf. 1Pd 2,12).
Igualmente, ele pregava isso entre ‘suas ovelhas’. Também muito se alegrava por
ser mais um servidor de Deus. “Sendo assim, em nome de Cristo exercemos a
função de embaixadores de Cristo e por nosso intermédio é Deus mesmo que vos
exorta” (2Cor 5,20). “Não descuides do dom da graça que há em ti,
que te foi conferido mediante profecia junto com a imposição das mãos” (1Tm 4,14).
Cristo é o
único sacerdote entre o Pai e os homens. Porém, ele "fez de nós uma realeza
de sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele pertencea glória e o domíniopelos
séculos dos séculos.” (Ap 1,6).
Agraciava a
todos com as passagens sobre os levistas e a profecia de Davi sobre “o
sacerdócio do Messias: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedec” (Sl 110,4; Hb 5,10;
6,20; 7,23). Melquisedec,
rei de Salém, apareceu como o sacerdote do Altíssimo,
antes da instituição levítica. Ele abençoou Abraão, levou-lhe pão e vinho, e
recebeu desse o dízimo. (Gn 14,17-24). É
uma figura profética de Cristo (Rodapé Pá 2090).
O nome Melquisedec significa Rei da Justiça; e
Rei de Salém, que quer dizer Rei da Paz. Sem pai, sem
mãe, sem genealogia, nem princípio de dias nem fim de vida. É assim que se
assemelha ao Filho de Deus, e permanece eternamente (Cf. Hb 7).
Jesus era descendente de Judá e exerceu com perfeição o que era função
dos levitas – dada pela Lei e que seria se Deus quisesse, um sacerdócio pela
Ordem de Aarão, origem dos levitas. “De fato, a Lei nada levara à perfeição;
com nova ordem, dada a Jesus, “está introduzida uma esperança melhor, pela qual
nos aproximamos de Deus” (Cf Hb
7) e a imutabilidade do sacerdócio de Cristo, “o sumo sacerdote santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores, elevado mais alto do que os céus” (Hb 7,26).
“Porquanto
todo sumo sacerdote, tirado do meio dos homens é constituído em favor dos homens
em suas relações com Deus”. (Hb 5,1).
“Paulo e Timóteo estiveram em Filipos com seus epíscopos e diáconos” (Fl 1,1).
Epíscopo – Bispo (1Tm 3,1-7; Tt
1,5-6) – Tinha que
ser irrepreensível. Era o nome dado aos dirigentes das comunidades eclesiais
(Igrejas cristãs), fundadas por ele (Glosário
Bíblia CNBB).
Presbíteros (Tt 1,1-9; 1Tm 5,17-22) –
Paulo disse a Tito eu te deixei em Creta para cuidares da organização e ao
mesmo tento constituir os Presbíteros em cada cidade. Em cada Igreja designaram
anciões (At 14,23). Saudação ao ancião (2Jo 1,1). Reunião
com o conselho dos anciões (Lc 22,66). “Chamaram
os anciões daquela Igreja.” (At 20,17). “Enviaram anciões” (At
11,30). Ele não era ancião, mas exercia a atribuição dos mesmos.
Diáconos (At 6,1-7; 1Tm
3,8-13) –
homens de boa reputação, repleto de Espírito Santo e de Sabedoria para servir
às mesas. Escolheram Estevão e outros... irrepreensíveis.
O sumo
sacerdote existia no Antigo Testamento, portanto, a prefiguração de Jesus
Cristo. Antes era imolado um cordeiro, macho sem mácula; com Cristo é ele quem
é imolado. Paulo diz: “Por este motivo, eu exorto-te a reavivar o dom
espiritual que Deus depositou em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm
1,6).
Essa
hierarquia e as atribuições mostradas na Bíblia, não correspondem à hierarquia
atual, tanto que por tradição, São Pedro Apóstolo tornou-se o Primeiro Papa e
não há citação da palavra Papa.
Justificação (Hb 2,5-18; Hb 5,1-10; 7,11-14; Sl 110,4).
O Cotidiano
No seu
sacerdócio havia missas diárias
que Ele dava cumprimento da instituição da Eucaristia, realizado na Santa Ceia,
comemorando um banquete em memória da Salvação efetuada por Cristo.
E tanto nas missas como nos eventos dos Sacramentos ele esperava que o
Espírito Santo o guiasse tornando aqueles Sacramentos significativos e não
apenas um compromisso social, como tantos pensavam que era. Os Sete foram
instituídos por Jesus e deveriam ter um valor Divino. Eram bênçãos, graças e
agradáveis a Deus.
Como padre precisava usar os sacramentais instituídos pela Igreja. Eram
os sinais sagrados como água benta e alguns paramentos, pois eles muito se
aproximaram aos pedidos de Deus.
Deus operara, por meio de Jesus, manifestando milagres. E agora operava
naquele Padre, tornando-o um fiel e bondoso operário sendo, de fato, ‘Um bom
Pastor’ e servidor de Deus.
“Perseverem na comunhão fraterna,
na fração do pão
e nas orações” (Cf. At 2,42)
(Em 09/10/2021)
19 – Os Quatro
Amigos
Você acha que Deus pode ser motivo de conversa
entre amigos num clube?
Um grupo de quatro amigos estava reunido à beira da piscina. Cada um
pensava de um jeito. Uns bebericaram demais e uma leve embriaguez já se
instalara afastando-os do ditado: Futebol, Política e Religião não se discutem.
O primeiro era descrente de Deus;
o segundo tinha apenas a Bíblia de cor na cabeça; o terceiro era frequentador
da Igreja, mas as ações não condiziam com um cristão; o quarto era um Cristão
no verdadeiro sentido, pois o segundo e o terceiro se julgavam cristãos.
“Diz assim o insensato no seu
coração: Deus não existe!” (Sl 53,1). Foi
com essas palavras que o descrente alfinetou todos sem saber da sua insensatez.
O segundo, o sabichão, lançou mão dos dizeres da Bíblia: “Deus criou o céu e a
terra” (Gn 1,1). O terceiro, sendo fugaz
atacou: Você não pode mais beber essa cerveja geladinha, nem ficar aí sentado e
ainda devia dar seu último suspiro para não se prevalecer de “Quem” não
acredita. Por causa de Deus você está se beneficiando com água e cereais na
bebida, madeira e ferro na cadeira e respirando o ar d’Ele!
O Cristão disse: vamos apenas olhar por 30 segundos e fazer mentalmente
duas listas: o que nós construímos e o que nunca vamos construir com nossas
mãos. “Creiam nas obras” (Cf. Jo 10,38) pelo
menos.
O descrente não se deu por vencido: É, pode haver um Deus para fazer ‘o
céu, as nuvens, a terra, os animais, os vegetais’. A lista é grande mesmo. Mas,
Jesus? Para mim é um mito. O sabichão disse: “Jesus estava com Deus. Tudo foi
feito por Ele” (Jo 1,2). O fugaz soltou
praga: Quero que você adoeça para precisar de Jesus! O cristão disse que havia
muitos livros e autores relatando estes fatos, embora por ele a Bíblia lhe
informasse o suficiente.
O termo Bíblia incendiou mais os ânimos pela dúvida do descrente e o
sabichão do Evangelho começou a mostrar os autores: Moisés, os Evangelistas e
os Profetas; o fugaz tomou a Bíblia do Sabichão e jogou a Bíblia no descrente.
O Cristão disse que a Bíblia dava respostas e pegou a Bíblia antes que fosse
arremessada em retorno.
No meio daquela conversa aparentemente infrutífera começaram as brigas
verbais. O fugaz foi chamado de “Filho Pródigo que voltara para viver à custa
do pai” (Lc 15,11-32). O descrente foi
chamado de “judeu (e era mesmo) que matou Jesus” (Cf. At 2,22-23). O
sabichão foi chamado de “fariseu que gostava de ser visto pelos outros” (Mt 23,5). O Cristão, de “Religioso porque Deus o
escutava” (Jo 9,31). O sabichão e o
Cristão não falaram mal de ninguém. As
acusações ficaram entre o descrente e o que frequentava a Igreja.
E esses dois nem sabiam que
“Jesus foi morto pelas mãos dos ímpios” (At 2,23) judeus. O leitor
geralmente seguia os preceitos, pois tinha conhecimento, Mas,
também não era fácil acreditar, como até hoje não se acredita.
O sabichão leitor da Bíblia justificou as acusações endereçadas a todos.
Apontando para o descrente
explicou: Havia entre os judeus os que acreditavam em Jesus e os que não acreditavam.
“Pois, nem mesmo os irmãos criam nele” (Jo 7,5),
mas nem todos quiseram a morte de Jesus. E, apontando para o fugaz continuou:
nosso amigo aqui mais se parece com ‘o irmão do Filho Pródigo. Sempre esteve
com o pai! O que é de um é do outro’. Apenas a sucursal na outra cidade não deu
certo e ele voltou. Ele não agiu como ‘o Filho Prodigo’. Quanto a mim, eu não
estou querendo me amostrar. Estou dividindo o que eu leio. E pediu desculpas
por parecer vaidoso. E nosso amigo aqui é de fato um Cristão e está em mais
contacto com as ações agradáveis a Deus. Acho que por isso eles têm maior
conexão.
O Cristão repetiu: a Bíblia responde as coisas para gente. “E Deus não
faz acepção com ninguém” (Rm 2,11). Basta
vocês perguntarem. Em tom de desafio o descrente propôs: Cada um de nós fala
uma palavra e nosso amigo sabichão fala ou mostra uma frase relacionada.
Inclusive você, também, disse para o sabichão.
O Cristão sabia que a Bíblia não era uma brincadeira. Na escolha das
palavras, elas estariam soltas, sem contexto... Isto não é forma para ler a
Bíblia. Ele orava antes de ler a mesma e naquela hora também. Não podia dar
esse esclarecimento e no momento foi inspirado a participar. Ia ver aonde
chegaria esta brincadeira, na esperança de sucesso de uma verdadeira resposta
bíblica.
Eis a primeira rodada:
pobre, amor, rico, divórcio. “Sempre haverá pobres entre nós (Cf. Jo 12,8); ameis uns aos outros como eu vos amei (Jo 13,34); Rico e pobre se encontram: e a ambos Deus
fez (Pr 22,2); Moisés que se desse carta de divórcio, quando
repudiasse, por causa da dureza do coração, mas no princípio não era assim” (Cf.
Mt 19,7-8).
Houve uma seguinte rodada: oração, abençoar, empréstimo e saúde. “Sempre
haverá necessidade de oração sem jamais esmorecer (Lc
18,1); recebi ordem de abençoar e não o revogarei (Nm 23,20); não empreste a teu irmão com juros (Dt 23,20); não são os que têm saúde que precisam de
médico (Mc 2,17)”.
Após aquelas respostas cadenciadas numa verdade tão esclarecedora,
atestando a presença de Deus, todos amoleceram o coração. Cada um teve um
entendimento de si mesmo. O sabichão viu que não adiantava ter conhecimento da
Bíblia sem praticar as Palavras de Deus. O Fugaz entendeu que frequentar a
Igreja somente, não era nada. Precisava praticar a caridade e o caminho estava
na Bíblia. O Cristão sabia que devia melhorar sempre. E o descrente propôs um
Grupo de Estudo para que eles crescerem espiritualmente. A proposta foi aceita
por unanimidade.
Toda segunda-feira eles se reuniriam, cada vez na casa de um, com as
respectivas mulheres e filhos, com um lanche coletivo, sem bebidas
embriagantes.
Com tudo já definido, o descrente pediu a Bíblia e abriu uma página a
esmo, como um ato de fé e disse que cada um lesse a primeira coisa que
enxergasse, sem mudar a folha. Quero ver o que este Grupo de Estudo vai nos
oferecer. Eu vou começar. Então, viu e leu: “Crede-me: eu estou no Pai e o Pai
em mim. Crede-o, ao menos por causa dessas obras” (Cf. Jo
14,10). Ao fugaz coube: “Quem tem meus mandamentos e os observa é quem me
ama” (Jo 14,21). Ao sabichão: “minha
Palavra não é minha, mas do Pai que me enviou” (Jo
14,24). Ao Cristão: “Deixo-vos a paz. A minha paz vos dou” (Jo 14,27).
A reação foi única: ficaram boquiabertos de tão estarrecidos e em
seguida foi uníssona a risada dos quatros. Brindaram com água a confirmação e
fizeram a primeira oração juntos.
“Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,
ali eu estou no meio dele” (Mt
18,20.)
(Em 9/10/2021)
20 – Vivendo
na Alegria
Você sente alegria em servir?
Ela estava lendo a Bíblica na passagem a Necessidade da Prática diz
assim no versículo: “Aquele, porém, que escutou a Palavra e não pôs em prática
é semelhante ao homem que construiu sua casa ao rés do chão, sem alicerce. A
torrente deu contra ela, e imediatamente desabou; e foi grande sua ruína!” (Cf.
Lc 6,49).
Ela se deu conta que aquele texto refletia sua vida física e
espiritualmente, em alguns pontos.
Ela sorriu quando viu parte do seu endereço escrito na Bíblia. Ela
morava em Portugal, num apartamento com o endereço RC Direito, que significa
Rés de Chão do lado direito. Sendo construído num alicerce bem feito, estava
distante da ruína.
Sempre ‘escutou a Palavra de Deus e a pôs em prática’. Quanto à ‘torrente’
chegara há trinta anos na sua vida. Foi um tempo muito sofrido, mas não tinha
sido arruinada.
Sempre fora hábito peculiar ‘rezar’ antes de sair e voltar do trabalho,
ao estar cansada após um dia exaustivo, ‘antes das refeições’. Em tudo dava
graças (1Ts 5,18) e estava em comunhão com Deus. Tudo isso, como
Jesus, não na mesma proporção, é claro.
Ela rezara à noite toda antes de se decidir casar. “Jesus fizera o
mesmo, antes de escolher os Doze” (Lc 6,12).
Ela não sabia que estava semeando seu casamento, mas que não colheria. A vida
do noivo seria ceifada por Deus, antes do matrimônio.
“Angustiada, apavorada, chorou, como Jesus no Horto” (Cf Mc 14,39), naqueles dias de espera, após o
acidente de carro... “Orando, pediu a Jesus que tomasse aquela enfermidade” (Mc
8,17) do seu noivo, mas sua vontade não coincidiu com os desígnios de
Deus.
As más línguas diziam que ela passara por um grande livramento. Eles não
sabiam que aquela afirmativa lhe doía na alma no mesmo ponto onde “o golpe de
lança traspassou Jesus, na sua morte, como predissera Simeão” (Lc 2,35). O perdão saía do coração dela sem mágoa ou
ressentimento, logo que passava o impacto da dor. Afinal, “eles não sabiam o
que faziam” (Lc 23,32), ou seja, o que
diziam.
Seu noivo foi de fato um filho desajustado proveniente do desamor
recebido em casa. “Jesus rezara por Pedro para que sua fé não desfalecesse” (Lc 22,32). Ela rezara para o noivo ter fé. Ela levara
o noivo ao Padre e ele se ‘confessara’, e já “produzia frutos dignos de
arrependimento” (Lc 3,8) e recebera os ‘Sacramentos’
que antecedem o Casamento.
Agora, tantos tempos idos, ela se tornara mãe de todos, tia de todos,
irmã de todos, do rés de chão à cobertura, do prédio onde morava. Ela rogava
por eles, fazia promessas, acendia velas, rezava o terço, fazia romarias para
cada necessidade de cada um, além de ajudá-los, numa compra, num curativo, numa
companhia, cuidando das crianças...
Ninguém tirava sua alegria de servir e ela costumava usar as palavras de
“João Batista: Essa é a minha alegria e ela é completa” (Jo 3,29). A alegria dele era mostrar Jesus. A dela
era seguir Jesus. E acrescia: “Foi um tempo de tristeza que se transformou em
alegria como Jesus anunciou aos discípulos” (Jo
16,20), embora em contexto bem diferentes. Sabia que “o Filho
do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate de muitos” (Mt 20,28) e “Mas quem
quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva e quem quiser ser
o primeiro entre vós, será esse servo de todos” (Cf. Mc 10, 43,44).
“Por essa razão, quando deres um donativo, não toques trombeta diante de
ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados
pelos homens. Com toda a certeza vos afirmo que eles já receberam o seu
galardão. E Tu, porém, quando deres uma esmola ou ajuda, não deixes tua mão
esquerda saber o que faz a direita. Para que a tua obra de caridade fique
em secreto: e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Cf. Mt 6,2-4). E ela servia em segredo, porque servir no
amor de Deus é dar.
“Há mais alegria em dar do que receber” (At
20,35)
(Em 10/10/2021)