Contos - 1ª Sequência

Poucos Contos

Muitos Pontos

da Palavra de Deus

 

Introdução

 

Eis um trabalho paradoxal constituído de três pilares: a ficção, a realidade da vida mundana e o que está contido na Palavra de Deus.  

Surge fantasioso quanto à existência dos fatos e dos personagens, com pouquíssimas exceções. Eles são inverídicos e atemporais. Eles podem perfeitamente se assemelhar à vida de qualquer um que possa ter vivenciado uma situação similar e ter para si algum significado. Como também pode ser uma lembrança de uma mera leitura... Talvez uma vontade, um desejo, um sonho...

É real porque o cotidiano da vida de muitas pessoas compõe a história do mundo. Estas experiências ou narrações se propagam numa convivência, numa mídia, num livro entre outros e favorecem a inspiração. E a partir do que a própria memória se apodera, é possível criar uma nova história porque, com efeito, “ninguém cria do nada...”.

É legítimo porque em um ou outro conto, a história é inspirada em fatos fidedignos.

Às vezes difere uns dos outros quanto ao estilo, porque uns estão muito mais voltados para as passagens Bíblicas. Torna-se mais real porque a narrativa se apropria de muitas ideias, palavras e expressões bíblicas onde se encontra o Deus Vivo nas linhas e entrelinhas. 

            Não há pretensão de mudar a Bíblia, nem desrespeito. As citações bíblicas estão marcadas em aspas e com as indicações entre parênteses para facilitar uma consulta. Espera-se que se torne um texto agradável e a leitura flua livremente.

Há o entendimento de que a frase da Bíblia não pode ser vista isoladamente, mas num conto é possível usá-la assim, entretanto procura manter a integridade dos ensinamentos de Deus.

            Ao utilizar as “Palavras de Deus” nos “Contos”, busca-se uma forma de relacionar “Muitos Pontos” inspirados pelo Espírito Santo, porém acima de tudo é um caminho escolhido para louvar a Deus. Jesus disse que “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20). E estes contos não têm outro foco se não falar no nome da Trindade.

Tem sido possível pela facilidade de escrever, um dom dado por Deus, juntamente com a vontade de explorar o conteúdo Bíblico, em uma linguagem simples associado também à ideia e acréscimos de outrem, pois não se trata de uma trajetória unilateral.

Não aborda um conto de fada que culmina com “felizes para sempre”. Mas nestes textos de louvação, há de fato, um final feliz, na maioria deles, pois a presença de Deus é significativa como em todos os momentos da vida, ignorada por tantos, fazendo jus ao provérbio: “a tristeza pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Cf. Sl 30,6).

Em cada tema escrito, identificado por numeração e título, há uma frase interrogativa que induz a uma reflexão que pode estar respondida ou não no contexto. Caracteriza-se por textos independentes, enriquecidos com uma frase final em destaque, que de certa forma se julga correlacionadas com o conto em si.

Alguns textos acompanharam um conteúdo mais acirrado, porque a inspiração levou a isso. 

Foi historiado e datado conforme a concretização da ideia.

Será apresentado no menu Texto / Contos e como submenu 1ª Sequência, 2ª Sequência e assim sucessivamente. Cada Sequência conterá 20 (vinte) Contos, mas a numeração será contínua. É só uma forma de apresentar. A última vai sendo atualizada até completar os 20 (vinte) à medida que vão ficando prontos.

 

Conclusão

 

É mais fácil escrever esses textos “utópicos” do que vivenciar a realidade que pode estar inserida neles. No entanto, a crença que Deus se encontra nos dois campos (no texto e na vida) é eminente e por isso, este meio de louvor foi escolhido. Convém acrescentar que existe muita fé no poder da oração.

Realmente é difícil entender que Deus esteja presente em todos os momentos da vida, até mesmo quando se comete atos desagradáveis a Ele. E mais ainda, encarar o que parece mais um castigo ou uma injustiça ser proveniente de Sua permissão. Enxergar uma tribulação como livramento ou mesmo uma bênção e para tudo necessita de fé, talvez muita fé... Embora ela “possa ser pequenina como o grão da mostarda, como disse Jesus” (Mt 17,20).

Em contra partida, quantas vezes se ouve dizer: Só Jesus mesmo na causa; não sei como eu aguentei tudo isso; parece que a mão de Deus me tocou naquela hora; e tantas frases equivalentes! Acreditem: Ele está sempre com cada um...

Com efeito, a justiça de Deus não precisa se mostrar com vinganças aos algozes, nem Sua glória precisa se manifestar num mundo florido e colorido.

“Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo, o que crê não pereça, mas tenha vida eterna.” (Jo 13,16) Filho glorioso, capaz de “pegar a enfermidade de todos e libertar todos de um espírito impuro, sendo de fato o Filho de Deus” (Cf. Mt 4,23).

Deus como homem, “começou a apavorar-se e a angustiar-se, chorou e foi consolado por um anjo no Getsêmani(Mt 26,36-47; Mc14,32-42; Lc 22,39-46). É inteiramente natural que Jesus tivesse comportamentos humanos, como é natural que o nosso consolo chegue.

Este Filho veio proclamar a “paternidade do Pai” e de forma resumida destacam-se três pedidos de Jesus aos homens: “amar uns aos outros como Ele amou” (Jo 15,12), “crer no Filho e no Pai” (Cf. Jo 14,10-11) e na “vinda Espírito Santo” (Jo 16,5-15).

E este louvor é oferecido porque se crê; quanto ao amor, sempre precisa melhorar...

1 – A Espera

 

O que você faz quando os seus

planos não coincidem com o de Deus?

 

            Ela tem seus 12 anos. Sabia que “deveria ser submissa aos pais como Jesus fora” (Cf. Lc 2,51), conforme lera na Bíblia. Era uma leitora assídua, já possuía sua vida definida por vocação nata e por se identificar com aquelas passagens fruto de suas interpretações e análises diárias.

Ela costumava orar, conversar com Deus, escrever para Ele e contemplá-lO na cruz ou em fotografia. Também ouvia músicas religiosas. Participava das missas. Gostava dos Santos. Assistia filmes, lia livros editados e buscava suas Histórias pela Internet. Tinha um comportamento recatado.

            Então, certo tempo, ela passara mais de 15 dias ansiosa, orando e fazendo suas petições a Deus, entre elas como servir a Ele e levar a sua Palavra, mas precisava da permissão dos pais. Pedia que Deus lhe indicasse uma hora propícia para fazer os mesmos apelos aos genitores.

Para ela este dia chegou... A informação da sua vocação e pedido para ir para o convento saíram de sua boca advindos de um coração sereno, suave como uma oração. Mas, chegou como uma bomba relógio para quem o ouviu, e igualmente a um bumerangue, voltou para si, mas em outros termos: pura negação e agressividade.

            A paz saíra da sua alma com a reação dos pais. Encheu-se de uma tristeza angustiante, de momentos conflitantes, num silêncio profundo... Chorava tanto em seu coração que as lágrimas nem conseguiram acompanhá-lo.

            Foi quando viu, na sua imaginação, a figura do Filho do Pai: “Jesus no monte das Oliveiras, orando ao Pai, e quanto mais angustiado ficou, mas Ele orou” (Cf. Lc 22,39-45).

Sem revolta, ela apenas conversava com o Pai em sua mente: Não foi isso que eu lhe pedi. Esta realidade se misturava à imagem de “Jesus de joelhos orando” (Lc 22,41). E ela ousa dizer que, como o “anjo chegou a Jesus e O confortou” (Lc 22,43), chegou a ela também, embora não tenha sentido nada. Ele chegou sem censura, sem cobranças. A paz que passou a sentir denunciou sua presença.

As palavras que um dia lera agora eram vivenciadas ao ver Jesus na imaginação e naquela sensação de conforto deixada pelo Anjo. Mas, aquela negativa queria prevalecer na sua tristeza, agora pacífica e assim se justificava: “Deus firmou no céu o seu trono e sua realeza governa o universo” (Sl 103,19). “Ele conhece os desígnios que formou a meu respeito (Cf. Jr 29,11) e para Deus nada é impossível”. (Lc 1,37)

Refletiu sobre uma citação dirigida a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não dás preferência a ninguém, pois não consideras o homem pelas aparências, mas ensinas, de fato, o caminho de Deus” (Mc 12,14). Que Ele lhe direcionasse então!

Tudo isso lhe trouxera o alento necessário. Não estava só, embora estivesse distante de suas perspectivas.

Não desistiria dos seus apelos. Apenas entregara de fato nas mãos de Deus. “Abandonara-se à Providência” (Mt 6,25). Assumira o “seja feita a sua vontade” (Mt 6,10).

Ele luz (Jo 8,12), Ele direciona. “Ele que conhece a necessidade de cada um” (Cf. Mt 6,32) mais que a própria pessoa! O Plano d’Ele é superior à necessidade de cada um (Sl 37,5). De certo irá agir em seu favor ou em seu consolo, “ainda que seja preciso esperar...” (Cf. Lc 18,6).

Maria no seu ‘sim’ (Cf. Lc 1,38), mudou o mundo. Ela, no seu sim, não pronunciado nestes termos, mas no “faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38); sabia que “sempre haveria os pobres para que ela pudesse fazer o bem” (Cf. Mc 14,7). Ela agiria “honrando os pais” (Cf. Mt 19,19) e com certeza faria tudo o que sua idade permitisse. Esse era seu caminho escolhido, por enquanto...

 

“Entrega teu caminho ao Senhor, confia n’Ele e Ele agirá.” (Sm 37,5)

(Em 17/08/2021)

2 – O Esmorecimento

 

O que você faz quando o esmorecimento

quer fazer morada no seu coração?

 

Ela é uma viúva aposentada com filhos criados e se sente abençoada com a presença dos netos.

Aparentemente a vida lhe parece ingrata. Os descrentes da benevolência Divina julgam que Deus não teve misericórdia com ela.

No entanto, ela sabe no imo do coração que recebera muitas bênçãos de Deus e testemunhou muitas bênçãos destinadas aos seus familiares bem chegados que moram próximo e distante. E até mesmo a parentes não tão chegados, amigos, vizinhos e desconhecidos. Mas claro, que ela não foi isentada de dificuldades, amarguras e até mesmo de relativa penúria.

“No monte das Oliveiras Jesus falara: o espírito está pronto, mas a carne é fraca. Vigiai para não entrar em tentação.” (Cf. Mt 26,41) Ela, mesmo tendo um espírito forte, em muitos momentos, deixou de vigiar e caiu em tentação.

Numa das tribulações, até se revoltara, pois lhe dominou a falta de vigilância. Recebeu de Deus uma resposta eminente, que só ela conhece. E nesta hora abriu seu coração mais ainda para Ele.

Noutra atribulação “abandonara-se a Deus” (Cf. Mt 6,25-34) inteiramente e ainda cumprira ao pedido “por tudo daí graças” (1Ts  5,18), mas sem saber que era da vontade do Pai.

Diante da carne fraca e do espírito invigilante, alternava sua fé entre crer na força de Deus e na inércia do seu corpo.

Ora abatia-se pela tristeza que consumia sua alma de forma tão profunda que nem lacrimejava. Deixava que o esmorecimento instalasse seu corpo sobre sua cama, naquele vazio que pairava sobre si contrariando o “orar sempre, sem jamais esmorecer” (Lc 18,1).

Pensava assim quando estava ressentida, cheia de amargura: “meus olhos derretem-se de dor pela insolência dos meus adversários´” (Sl 6,8) – a provação (Rodapé Pág. 868).    

Inconscientemente, deixava que seu profundo silêncio lhe ocultasse sem saber que justo ele denunciaria a sua própria ausência, pois ela era amada e querida por muitas pessoas e elas sentiam falta de sua presença quando deixava de dar notícias.

Então ela agradecia e se enchia de graça porque as pessoas se preocupavam com ela, e lhe tinham afeto e amor, embora no dia a dia nem sempre se manifestassem...

Há vezes que torna-se vigilante reagindo ao esmorecimento, buscando seus afazeres, atestando o fortalecimento do Espírito sobre a carne. “A viúva não esmoreceu e frequentemente se dirigia ao juiz” (Cf. Lc 18,1-5). Pensando como a viúva assim reagia à sua apatia.

 Assim ela tem levado a vida com altos e baixos, alegre e triste, sozinha e acompanhada. E se ela opta por atitudes próprias que parecem afastá-la de Deus, Ele se encontra indiferente a estas ações e lhe presenteia com bênçãos, milagres e graças.

Nem ela mesma tem sabedoria suficiente para conhecer toda a ação Divina que tem recebido porque “não depende daquele que quer, nem daquele que corre, mas de Deus que faz misericórdia” (Rm 9,16).  

Ela desconhece muitos livramentos que Deus lhe proporcionou. Ela está sempre cumulada da presença d’Ele, basta “abrir a mente” (Lc 24,45), pois Deus está fazendo a Sua parte.  

 

“O próprio irá à sua frente e estará com você”. (Dt 31,8)

 (Em 20/8/2021)

3 – Encontrando a Bíblia  

(Os 10 Mandamentos)

                                               

Você acredita que a Bíblia possa

de fato lhe dar respostas?

 

Ela estava com 60 anos. Aguardava apenas a publicação da sua aposentadoria no Diário Oficial para se afastar da sua labuta. Era professora de uma escola pública e refletia: 60 anos! Já vivi mais que metade da minha vida. É mesmo hora de descansar.

Foi interrompida com a chegada de uma aluna. A menina pediu que a professora consertasse sua Bíblia, por favor, porque na sua casa não tinha cola, nem fita colante. Também, ela não tinha atributos para fazer esta colagem.

A menina, deixando a Bíblia, agradeceu e se afastou ciente que havia um tempo de espera para a disponibilidade da professora e para a secagem da cola. A futura aposentada ia atender esse pedido em casa e depois a devolveria à aluna.

Em casa, ao abrir a página rasgada e descolada, a idosa se deparou com o “Decálogo”, “Êxodo 20”. Na hora, isso não lhe trazia nenhum significado. Mas, a leitura daqueles “10 Mandamentos” surgiu sem nenhum esforço. Mesmo que não quisesse ler, era impossível. Não tinha como desviar os olhos daquela lista que aprendera há tanto tempo.

Sem que pudesse evitar, aquela leitura apresentava-se em sua mente como um caleidoscópio, e ao invés de mostrar linha e figuras geométricas coloridas, mostrava sua própria vida, suas reflexões e suas ações de acordo com cada Mandamento.

Os três primeiros mandamentos a respeito de Deus estavam diante dela lhe trazendo um jugo na consciência.

“1°) Amar a Deus sobre todas as coisas” – Não amava Deus. Amava seus irmãos, sobrinhos, alunos, amigos, vizinhos...

 “2°) Não usar seu Santo nome em vão” – Isso não fazia, mas também não louvava; passava para os alunos, atividades que separassem o que Deus criara e o que homem fazia. Via agora, tão pouco falara de Suas obras... Seus ensinamentos nunca foram motivo de suas aulas e nesses tempos isso ainda era permitido.

“3°) Guardar o sábado” (Agora domingo pela Plenitude da Ressurreição) – Para ela todos os dias eram iguais. Não havia um momento para Deus, que dirá um dia!

Ela ainda não conhecia Deus, seu poder, sua misericórdia, sua benevolência, seu amor, nem sua paternidade... E naquela bendita hora, Deus se apresentava tomando sua mente para um julgamento interno e um coração pronto para se encher de amor naquelas leituras...

“4°) Honrar pai e mãe” – ela não lhes deu o respeito que eles mereciam. Quantas vezes lhes cumulara de tristeza e sua própria ira ficara a ponto de quase “matá-los”. Não compreendia que o desamor é uma forma de matar, cuja arma é um ato de desafeto e não uma peça física como instrumento para execução da morte. Era lhes passara tanta ingratidão...

“5°) Não matar” – no sentido literal nunca matara ninguém. Mas, no sentido figurativo, nem sabia o que de fato havia matado...  Naquela hora teve em mente isto: com más palavras e más ações, é possível matar alegria, prazeres, sonhos, afetos, confiança, relacionamentos... E ela não conteve as lágrimas que rolaram do seu rosto ora pálido de tanto remorso.

“6°) Não cometer adultério e 10°) Não pecar contra a castidade” – Quando era novinha se insinuara para os homens sim, até para os maridos das colegas, com danças, olhares e gestos, embora não chegasse às vias de fato... Não associava que pensamentos e filmes desta natureza também não eram corretos.

“7°) Não cobiçar as coisas dos próximos” – ela desejara sim, o carro da vizinha, a casa da prima, o vestido da irmã e outras mais tantas coisas... Olhava com desprazer os que os outros lhe superavam... Não cuidava de ter as suas próprias conquistas dadas por Deus, por meios de pedidos, oração...

“8°) Não roubar” – quantas vezes roubara o tempo dos alunos com uma aula não preparada... O tempo de alguém ao furar uma fila... Quantas vezes levara material da escola para seu consumo próprio. Ficara com o troco como pagamento de um favor que se dignara fazer a alguém. Ou ficara com o troco de quem errara e lhe passara a mais sem dar a devida atenção a sua tarefa. Azar dela! Serviria de correção! Não pagava aos empregados o que lhes era devido. Tirou proveito em detrimento de algo ou alguém porque recebeu ordens superiores. Pensava que estava certa, pensava que nunca assaltara alguém, pois nunca usara arma ou ameaçara... Naquela hora começara a enxergar com outros olhos e neste ponto era vasta a lista...

“9°) Não levantar falso testemunho” – se não o fez diretamente, quantas vezes o fez silenciando, se omitindo, insinuando um possível culpado, não esclarecendo que o outro não tinha culpa.

O tempo passara... Sim, fizera muitas transgressões desta natureza e se deixara de fazer algumas daquelas, foi por falta de oportunidade e pela idade que agora era avançada. Nada de culpa... Em seu próprio jugo se sentira correta nas suas ações e/ou reações porque elas lhe colocavam numa zona de conforto, naqueles tempos. Mas, com aquela Leitura Dinâmica, o caleidoscópio se encarregava de lhe censurar abrindo-lhe a consciência.

E agora, após aquela leitura ocasional, aqueles Mandamentos e suas reflexões consumiram sua mente, intensamente, durante aquela tarefa e, posteriormente no seu sono e no seu acordar. Reconhecia que cumulara muitos erros... De pecados tidos como inocentes... Que linguajar simples ela encontrara para seu próprio julgamento, embora ainda se encontrasse desconcertante e desconfortável diante daquelas dúvidas remanescentes.

Ainda precisava atestar a qualidade de sua tarefa antes de devolver a Bíblia. Estava tudo feito com perfeição apesar da mente confusa. Folheou as páginas em busca de outro defeito e outra passagem carregada de reflexão invadiu seus pensamentos. Ainda não sabia que tudo isso estava contribuindo a fim de abrir-lhe as portas para um crescimento Espiritual. Deus lhe presenteou com a resposta em Lucas, 3,8: João Batista dizia “para produzir frutos dignos de (mostrar) arrependimento”.

Sua intuição despertou e lhe avisou: haverá aposentadoria, mas não haverá descanso! Encontraria o caminho reto num futuro próximo.

Primeiro, neste tempo que lhe restava, não tinha intenção de repetir as más ações identificadas e agora sabia que a omissão também era uma má ação. Essa é a busca incessante de todo Cristão e intuitivamente ela estava se transformando numa Cristã.

Segundo, faria um trabalho voluntário: “dando comida a quem tem fome, dando água a quem tem sede, visitando enfermos. Presos?”. Nem cogitou. “Receber forasteiros - estrangeiros”, já não faz parte da cultura, mas “buscou proporcionar a hospitalidade” (Rm 12,13) aos parentes e amigos. Estas inspirações vieram pelo Espírito Santo. Ela não sabia que essas ações consistiam do “Julgamento Final” (Mt 25,31-46) de Jesus descrito na Bíblia.

Antes mesmo de se aposentar, ela comprou uma Bíblia para si. Com toda tribulação mental tinha sido iluminada, guiada e lhe apetecia que continuasse assim. E na primeira página folheada da própria Bíblia, encontrara o texto do “Último julgamento: Pois tive fome, e me deste de comer, tive sede, e me destes de beber; fui estrangeiro, e vós me acolhestes” (Cf. Mt 25,35). Era a confirmação da ação de Deus sobre seus pensamentos anteriores.

Não demorou muito para, na leitura diária, o Evangelho lhe mostrar o que Jesus dissera: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; Esse é o maior mandamento; O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu como a ti mesmo; Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas” (Mt 23,37-40); e mais: “Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34).

O Primeiro maior mandamento já foi recomendado no Antigo Testamento da seguinte forma: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5).

Ainda tão desprovida da leitura da Bíblia, já podia testemunhar que nela as pessoas recebem respostas de Deus: Jesus é a resposta. Respondia naquela época e continuava respondendo pela Bíblia que é a Sua Palavra Viva.

 

“Proclamai o Evangelho a toda criatura.”  (Mc 16,15)

(Em 22/8/2021)

 

4 – O Casal Antagônico

 

Se você cometesse os 7 Pecados Capitais,

ou alguns, como poderia vencê-los?

(Soberba, Avareza, Luxúria, Ira, Gula, Inveja e Preguiça)

 

Eles formavam um casal de pessoas antagônicas em pensamentos e ações que “Deus uniu em uma só carne e o que Deus uniu não se deve separar” (Cf. Mt 19,5-6). Nele fluíam mais as virtudes. Nela, os Pecados Capitais.

Ele tornou-se um moço próspero. Era diligente e cuidadoso em tudo que fazia e muito prestativo inclusive no trabalho. “Sendo fiel nas coisas mínimas, era fiel no muito.” (Lc 16,10) Sabendo “fazer bom emprego do dinheiro (Lc 16,9), mas um dinheiro justo e limpo (Sl 37,16), “ajuntava tesouros no céu” (Mt 6,20). Por isso, “Deus foi lhe acrescentando outras coisas mais” (Cf. Mt 6,33) além de uma vida financeira bem cômoda, porque “é Deus quem empobrece e enriquece, quem humilha e quem exalta” (1Sm 2,7).

Nela a preguiça imperava. Não fazia literalmente nada. Nem mesmo dirigir os empregados. Sendo preguiçosa, atraía muitos outros pecados.  

Era totalmente indiferente a este provérbio bíblico. “Anda, preguiçoso, olha a formiga, observa o seu proceder, e torna-te sábio: sem ter chefe, nem guia, nem dirigente, no verão, acumula o grão e reúne provisões durante a colheita. Até quando dormirás, ó preguiçoso? Quando te levantas do sono? Um pouco dormes, cochilas um pouco; um pouco esticas os braços cruzados e descansa; mas te sobrevém a pobreza do vagabundo e a indigência do ladrão!” (Pr 6,6-11) Com certeza, ela teria vergonha, pois nada aprendera com a formiga e os gestos do vagabundo se assemelhavam aos seus.

“Por mãos preguiçosas o teto desaba, por braços frouxos goteja a casa.” (Pr 10,18). Isso só não lhe ocorria, graças “aos servos que se encontravam sempre vigilantes e conheciam as vontades dos seus senhores” (Cf Lc 12, 35-48).  

Quando ela fazia uma visita, a inveja, a cobiça e o ciúme das coisas dos anfitriões e visitantes se infiltravam em sua mente pecaminosa exigindo, posteriormente, que seu marido lhe desse aquele alvo desejado.

Com sabedoria, ele se aproveitava para ela ser altruísta.

“Apegada ao dinheiro”, a avareza lhe consumia e irava-se com o marido quando “dava uma esmola” (Cf. Mt 6,2); “pagava o dízimo” (Ml 3,6-12) como dispunha em seu coração (2Cor 9,7); ajudava financeiramente um amigo ou vizinho; ou dava uma gorjeta generosa, entre outras. Ela gritava, falava mal e discutia indiferente a “ai daquele que produzir escândalo” (Mt 18,7). “Ela era uma ávida de rapina e perturbava sua casa.” (Pr 15,27). Ele ia vencendo aquela ira tentando ter a “mansidão de Jesus” (Cf. Mt 11,29). Sempre deveria tentar alcançá-lO!

“Há quem se enriquece por avareza: esta será a sua recompensa: quando ele disser: encontrei descanso, agora comerei meus bens, não sabendo quando virá aquele dia, deixará tudo a outros e morrerá.” (Eclo 11,18-19). O marido não enriquecera por avareza. Com avareza ela usufruía da riqueza dele, indiferente ao dia que Deus buscaria sua alma, conforme Jesus ensinara na parábola narrada em Lc 12,16, reiterando o que já havia sido dito há muito tempo.

Às vezes ela acompanhava o marido nas assistências sociais que ele fazia. Ele sendo complacente e cheio de compaixão, ciente de que “sempre haveria pobres” (Mc 14,7), atuava na Igreja. Ela participava com uma “vaidade” aflorada diante daqueles desafortunados. Mostrava-se em pompas e tagarelava o que estava fazendo em prol dos coitados “sem segredo” (Mt 6,1). Era uma benevolência mediante a soberba.

Aliada à preguiça, estava a gula. Enquanto ele se alimentava com temperança, ela se excedia principalmente em relação à bebida, sem saber que “na alimentação demasiada está a doença, que a intemperança provoca cólicas e muitos morreram por causa dela e, que se ela se cuidasse poderia prolongar a vida” (Eclo 37, 30-31).

Ela estava tão distante desta frase: “Quando te assentas para comer com um chefe, presta atenção ao que está na tua frente; põe uma faca tua à garganta, se és glutão” (Pr 23,1-2). Enquanto isso, ele se mantinha zeloso e cuidadoso como sempre, não transgredia no tipo de alimentação e bebida ao comer junto com o chefe ou não, e em tudo o que levava para casa.

Este zelo se estendia em retirar a esposa dos eventos, principalmente, quando ela bebia demais e agregava comportamentos sensuais num apelo sexual entre os anfitriões e visitantes. Aquela libertinagem que permitia a presença da luxúria constrangia a todos, mas ela nem se apercebia.

“Ora, eu vos digo, conduzi-vos pelo Espírito Santo e não satisfareis os desejos da carne.” (Gl 5,16). Ela não se deixava ser conduzida por Ele e “era provada pela própria concupiscência, que arrasta e seduz; em seguida a concupiscência, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, atingindo o termo, gera a morte” (Tg 1,14-15); “porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o orgulho da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa, e também a sua concupiscência; mas o que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (1Jo 2,16-17).

“Com efeito, é do coração que procedem as más intenções” (Mt  15,19), e do coração dela vieram: a preguiça, a inveja, a avareza,  a ira, a soberba, a gula e a luxúria. Era isso que a tornava impura.

Ele sentia, em sua relativa pureza, que o comportamento da esposa emanava o que estava no coração e orava a Deus, para juntos vencerem aquelas tribulações. Conhecia o coração da esposa e esperava que dele fluísse os bons sentimentos que ele conseguia enxergar. Ele intensificava suas orações e sempre a abençoava. Em todo momento ele procurou ser “sal e luz conforme Jesus orientou” (Cf. Mt 5,13-16), levando-a “pelas sendas da retidão” (Pr 4,11).

“Ele conhecia a sentença de que Deus declara dignos de morte os que praticam semelhantes ações, como as da esposa, e por isso não aprovava que ela as praticasse”, pois a prática e a aprovação não agradavam a Deus” (Cf. Rm 1,28-32). “A mulher não cristã é santificada pelo marido cristão” (Cf. 1Cor 7,14). Ele não seria omisso. Faria tudo em nome de Deus para vencer esta batalha.

            Ele recebera muito de Deus e não desejava ser cobrado, pois fora beneficiado financeiramente e espiritualmente e assim, “abandonava-se a Providência” (Cf. Mt 6,25-14) e nela esperava.

            “Deus misericordioso (Dt 4,31), que prometia acrescer as outras coisas mais, a quem buscasse primeiro as coisas do Reino” (Cf. Mt 6,33) e juntasse tesouros no céu” (Cf. Mt 6,19-21), foi pouco a pouco “fazendo justiça àquele homem mesmo que ele tivesse que esperar” (Cf. Lc 18,7).

            Havia naquela mulher, amores pelos seus pais e pelo marido, pois todos eles eram também pecadores e como a perfeição é Divina “até os pecadores amam os pecadores que lhe amam” (Lc 6,32).

Foi por causa daquela fresta de amor que o Espírito Santo foi se apossando daquela mulher. Ela praticara os Sete Pecados Capitais e a eles se agregavam outros tantos delitos, mas tinha amor...

Foi pelo amor de Deus destinado a todos que o Espírito Santo, em nome de Jesus, foi afastando aquela mulher dos pecados e consequentemente a aproximando de Deus...

O amor do Criador precede a origem do pecado que surgiu com Adão e Eva. É natural que justo o amor tenha se sobreposto à conduta daquela mulher, mas tudo no tempo de Deus...

“Deus criou o homem para a incorruptibilidade e o fez imagem de sua própria natureza; foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo: experimentaram-na aqueles que lhe pertence.” (Sb 2,23-24) O marido a reconhecia como filha de Deus. Por isso o marido rezava tanto, pois esperava que ela não estivesse entre os que “Deus entregara à própria mente incapaz de julgar, para fazer o que não convém...” (Rm 1,28) os pecados capitais e outros que se agregaram!

“Se o teu inimigo cai, não te alegres, e teu coração não exulte se ele tropeça” (Pr 24,17). Aquele marido misericordioso, não fazia isso com nenhum inimigo, se é que ele tinha um, que dirá, com a mulher que lhe foi dada por seu Deus, a sua eterna amada!

 

 

“Amai uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34)

(Em 1/9/2021)

 

5 – Conjugando Alguns Verbos

 

Louvar, agradecer, abençoar, perdoar e orar

fazem parte de sua vida?

 

Ela era apenas uma mulher...

No tocante a Deus, ela “conjugava” bem estes verbos: “louvar, agradecer, abençoar, perdoar e orar”. Uns com mais frequência e facilidades do que outros.

Louvar: um pedido do salmista” (Cf. SL 150,1).  É louvor do homem aquele que bendiz a Deus. Estão inseridos nos salmos, por isso era uma das suas leituras preferidas.

“Jesus louvou o Pai, Senhor do céu e da terra porque ocultou as coisas dos sábios e doutores, e revelou aos pequeninos.” (Cf. Mt 11,25).

 Louvar implica em múltiplas ações, pois até “esperar em Deus” não deixa de ser uma louvação. Da mesma forma que pedir a Deus também é uma louvação, pois é o reconhecimento do Poder Divino. “E tudo que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis.” (Mt 21,22) Ela O louvava também quando “praticava ações que eram agradáveis aos olhos do Pai, como o rei Joatão(Cf. 2Rs 15,34). Quanto mais ela se aproximava das orientações do “Sermão da Montanha” (Mt 5; 6; e 7) e as praticava, ela julgava que O louvava. Louvar embutia os outros quatro verbos: agradecer, abençoar, perdoar e orar.

 

Agradecer”: é “por tudo dar graças” (1Ts 5,18). “Jesus deu graças na segunda Multiplicação dos Pães” (Cf. Mt 15,16) e “deu graças antes de ressuscitar Lázaro” (Cf. Jo 11,41-42).

 Faz parte de rotina dela, agradecer quando as coisas boas acontecem. Se as coisas ruins surgem, agradece, mas pede ajuda e procura o lado bom e quando não o encontra acredita que apesar de tudo Deus lhe proporcionara um livramento. Ela enxergava Deus agindo a seu favor. Sabia que Deus ia compensar pelas intempéries que apareciam na vida, mas precisava ter fé. “Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável; pois aquele que se aproxima de Deus deve crer que Ele existe e Ele recompensa os que o procura” (Hb 11,6).

 

Abençoar: É bendizer. É uma forma de oração acompanhada de palavras e/ou gestos. Por Deus, a ação de abençoar esteve presente aos animais e ao casal humano na Criação (Gn 1, 22 e 28), não só para a fecundidade, como para a vida (Is 43,4), paz e bem-estar.

“Jesus abençoou pão, peixe (Mt 14,19), crianças (Mc 10,16) e muitos outros.” (Mt 5,1-11).  E, começou o Discurso no Sermão da Montanha com as bem-aventuranças, uma oração que abençoa os mansos, aflitos ao que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os que promovem a paz e os perseguidos e a promessa do Reino. (Mt 5,12).

“Deus ensinou uma fórmula para que Moisés ensinasse a Aarão a abençoar seus filhos: Iahweh te abençoe e te guarde! Iahweh te faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te seja benigno! Iahweh mostre para ti a sua face e te conceda a paz! Porão assim o meu nome sobre os israelitas e eu os abençoarei.” (Nm 6,23-27). “Também pediu que Abraão fosse uma bênção para o povo e prometeu abençoar ou amaldiçoar, quem o abençoasse ou o amaldiçoasse. Por Abraão todos seriam benditos.” (Cf. Gn 12,1-3).Noé, tinha três filhos: Sem, Cam e Jafé. Amaldiçoou Canaã (Cam pai de Canaã) e abençoou Sem; e que Deus dilatasse Jafé (Gn 9,25-26).    

Os patriarcas abençoaram os filhos: Isaac abençoou Jacó, porque esse, com a ajuda da mãe, interceptou a vez de Esaú (Cf Gn 27,1-45); Jacó adotou e abençoou os filhos de José: Manassés e Efraim (Gn 48,1) e depois abençoou seus filhos antes de morrer, conforme a bênção que lhe convinha (Gn 49).

“As bênçãos (como as maldições) uma vez pronunciadas são eficazes e irrevogáveis.” (Rodapé Pág.. 69).  Mas pelo Senhor, “Aqueles que foram uma maldição, como a casa de Judá e de Israel, foram salvos por Deus e foram bênçãos conforme a promessa de Deus” (Cf. Zc 8,13) porque “eram preciosos aos olhos de Deus e amados” (Cf. Is 43,1-4). Ela abençoava, ignorava a maldição e esperava ser preciosa aos olhos de Deus.

Dar bênção ou tomar a bênção é um hábito que se tornou démodé e que está se extinguindo pouco a pouco se distanciando desta prática entre os mais novos e os mais velhos, sem saberem que as pessoas podem “abençoar umas às outras” (Cf. Rm 12,14). Neste cumprimento, Padre, os pais, avós, padrinhos e tantos idosos, eram interventores de Deus quando diziam: Deus te abençoe “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Cf. Mt 28,19), a cada filho, neto, afilhado... Vinham acompanhados de um gesto entre as mãos e um beijo. Para ela, agora, a bênção prevalece no Sinal da Cruz.

No tempo dela criança, as pessoas eram abençoadas quando saíam de casa e quando elas chegavam de volta, quando elas iam participar de algo fora da rotina como uma prova, uma entrevista para um trabalho, uma cirurgia... Com a idade avançada, ela de fato já não tem a quem pedir bênção. Os ascendentes já partiram. E já não pode abençoar porque permitiu que este costume se distanciasse de sua vida. Os novos não sabem deste valor.

Era comum fazer o Sinal da Cruz quando passava em uma Igreja e em muitos momentos. Esta prática ela manteve.

No entanto, com este modernismo tecnológico, dentro de si, no seu silêncio, ela abençoa na sua mente, ou com o gesto sobre o aparelho celular, ou televisor, muitas pessoas que estão no seu coração ou um desafortunado que está numa notícia, como abençoa com o Sinal da Cruz, sua casa, sua refeição, a foto do parente ou um desconhecido necessitado com o gesto conhecido por todos. É um momento intimo que partilha com Deus.

 

Perdoar: para o Pai celestial perdoar (Mt 6,14) como Jesus foi capaz de perdoar seus algozes na crucificação (Lc 23,34). O tempo se encarregou de fazê-la esquecer o que e a quem deveria perdoar como deveriam ser todos os perdões. Perdoa ao teu próximo seus erros e então ao rezares, ser-te-ão perdoados os teus pecados” (Eclo 28,2), ciente de que é este o caminho, para cada ato vão e “que não podia pecar duas vezes um pecado porque do primeiro já não sairia impune” (Eclo 7,8) mesmo Deus levando em conta a ignorância (At 17,30). Se amor e fidelidade expiam a culpa (Pr 16,6) ela, preferia “não se assegurar no perdão para acumular pecado sobre pecado” (Eclo 5,5).

Era ciente disto: “Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem poder na terra de perdoar os pecados.” (Mt 9,6). “Pois se perdoardes aos homens os seus delitos, também vosso Pai Celeste vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoara os vossos delitos” (Mt 6,14-15).

Quando ela perdoava, ela sentia na própria alma um canto de Deus. “Aquele a quem perdoas, eu perdoo! Se pensei – à medida que tinha de perdoar – fi-lo em vosso favor, na plena presença de Cristo.” (2Cor 2,10).

“Se alguém está em Cristo é nova criatura.” (2Cor 5,17) Era necessário ela se converter, para ter vitória e não ser “escrava do pecado” (Cf. Jo 8,34), isso porque “não há homem justo que não peque”. (Cf. Rm 3,10).

Outro caminho que ela se utiliza é “produzir frutos de (mostrar) arrependimento” (Cf. Lc 3,8) principalmente quando a ira e a mágoa querem fazer morada no imo do seu coração com sentimentos vingativos. Então, ela procura desfazer-se de qualquer mal entendido entre ela e alguém, ou seja, “toma logo uma atitude conciliadora com seu adversário” (Cf. Mt 5,25-26). Sem isso, ela “não poderia deixar a oferta no altar” (Mt 5,25). Não haveria paz, nem adoração tendo ressentimentos, nem oração com plenitude. Ela não seria digna da misericórdia de Deus e seria entregue aos “verdugos” (Mt 18, 21-35), no sentido figurado.

 

Orar: é um momento de intimidade com Deus” (Rodapé Pág 1731). É o verbo mais complicado de conjugar mesmo parecendo o mais simples, pois Orar não é só petição. A intimidade com Deus implica ter amor, fidelidade e confiança para que seja feita a vontade d’Ele e não a nossa, pois “o homem propõe e Deus dispõe” (Rodapé Pág 1044) e não pode se “mostrar fraco no dia de angústia porque mostra que a força é bem pequena” (Pr 24,10). Por exemplo, “Jesus orou com insistência quando esteve cheio de angústia no Monte das Oliveiras – Getsêmani – mesmo com os anjos o confortando” (Lc 22,41-44). 

Quando as vontades não acontecem, não é hora de revolta. É hora de rezar. É pela oração que se louva, agradece, abençoa, perdoa e outras coisas mais, com certeza... Talvez por isso, “sempre vai haver necessidade de orar sem esmorecer” (Lc 18,1). A oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé e se tiver cometido pecado, estes lhe serão perdoados (Ti 5,15).

“Orar foi um exemplo constante de Jesus em diversas situações” (Rodapé Pág 1731). Ele costumava orar sozinho na solidão da noite; até mesmo à noite inteira (Lc 6,12); ou de madrugada, ainda escuro, retirado em lugares desertos (Mc 1,35); ou subia o monte (Mt 14,23); ou em particular cercado pelos discípulos (Lc 9,18) ou apenas com Pedro, João e Tiago subiu a montanha para orar (Lc 9,28) ou diante da multidão para crerem em Deus O enviou (Jo 11,42) e na cruz diante de todos (Lc 23,34).  Às vezes elevava os olhos ao céu e orava ou pronunciava uma bênção (Mt 14,19).  Jesus também orou de joelhos e até intensificou a oração (Lc 22,41-44). 

Ela guardava em seu coração, os momentos que Jesus orara, só para poder imitá-lO.

 “Jesus orou no seu próprio batismo” (Lc 3,21). Ela orava em outros batismos, pois no seu era muito pequenina. 

Jesus orava antes de tomar decisões importantes; orou para escolher os 12 discípulos (Lc 6,12); para ensinar o Pai nosso (Lc 11,1); para conversar com os discípulos sobre quem era Ele – Confissão de Cesaria – (Lc 11,1); para ressuscitar Lázaro (Jo 11,41-42); para se despedir – Oração de Jesus – (Jo 11,41-42). Assim ela fazia antes de se decidir.

Jesus orou pelos amigos e inimigos: por Pedro (Lc 22,32); pelo seu carrasco (Lc 23,34) pelos que lhe seguiam e pelo que não queriam segui-lO (Jo 17, 1-5), por si mesmo, quando pediu para o Pai afastar o cálice (Mt 26,39) e quando entregou o seu Espírito ao nas mãos do Pai (Lc 23,46). Ela orava por si mesma, pelos amigos e pelos inimigos desconhecidos.

Era gostava de orar nas refeições e abençoar os alimentos como Jesus fazia (Mt 14,18) e fez na Última Ceia ao instituir os Sacramentos da Eucaristia e da Ordem (Lc 23,19-20). Ele “nas refeições pronunciava a bênção” (Cf. Mt 14,18).

Em alguns momentos a imitação era humanamente impossível como “na Transfiguração – Enquanto Jesus orava, o aspecto de seu rosto se alterou e suas vestes tornaram-se de fulgurante brancura” (Lc 9,29).

A Bíblia de Jerusalém associa oração e jejum (Rodapé Pág 1773). Na Tentação fala-se que Jesus jejuou (Mt 4,1-11). Jesus achava-se em oração no momento do batismo, quando ficou pleno do Espírito Santo, e em seguida foi tentado (Lc 3,21-22). Ela também ainda jejua conforme os preceitos.

 Como já foi dito; Ele ensinou o povo a orar. Ela fazia igualmente como se estivesse presente no dia do ensinamento. Ela “orava em silêncio, em segredo no seu quarto” (Cf. Mt 6,5-6) principalmente nas madrugadas, pois sua casa é muito movimentada e barulhenta, pois não mora sozinha. Não ora “repetindo palavras vãs” (Mt 6,7). Muitas vezes quando ora, não fica difícil, utiliza-se das Jaculatórias com muito amor e credibilidade que saem do seu coração.

Ela reza o “Pai Nosso que Jesus ensinou (Mt 6,9-13) e a Ave Maria, cuja primeira parte se encontra na Bíblia” (Lc 1,39-45). Reza lendo, escrevendo, cantando, fazendo o Sinal da Cruz, meditando sobre a cruz, conversando com Deus... Ainda apegada ao material, reza usando sacramentais como: terço, santinhos de papel, de gesso e de resina, medalhas, cordões de São José e São Francisco...

Diante desta multiplicidade apresentada, que envolve a oração, o “pedir que será dado” (Mt 7,7) e o “pedir e acreditar que já foi dado” (Mc 11,24) tornam-se para ela conflitantes, porque lhe falta sabedoria: duvida se não está sendo prepotente, se é merecedora daquela graça e se ela tem mesmo precisão do que pede. Sabe que “Deus perscruta o coração, sonda os rins, para retribuir ao homem conforme o seu caminho, conforme o fruto de suas obras (Jr 17,10); sabe de todas as coisas que se tem necessidade (Cf. Mt 6,32) e faz justiça aos seus eleitos mesmo que os faça esperar” (Cf. Lc 18,7).

 Então, ela se fortalece no tenha fé, porque sabe que “a fraqueza de fé impediu os discípulos de expulsar o demônio do lunático” (Cf. Mt 17,20), “crê em Jesus e no Pai” (Cf. Jo 6,40) e se alimenta da “Palavra inspirada aos profetas” dada “por Aquele que enviou o Filho por amor ao mundo” (Cf Jo 3,16).

O coração desta mulher exulta por ser inspirada pelo Espírito Santo a não apenas conjugar estes verbos, uma vez que, isto não passa se uma recitação. Mas deseja agir conforme exprimem as ações de cada verbo, e que foram tantas vezes exemplificados por Jesus em tantas passagens.

 

“Confia no Senhor de todo o teu coração.” (Pr 3,5)

 (Em 5/9/2021)

 

6 – Sonhando com Jesus

 

O que você faria se sonhasse conversando

com Jesus Cristo?

 

Ela, criança, órfã de mãe, morava com o pai e a avó. Dizem que avó é mãe duas vezes. Com efeito, foi assim para ela. Era feliz. Era esperta. Era precoce. Conhecia o Novo Testamento de ponta a ponta. Ainda bebê, ouvia as estórias bíblicas, contadas pela sua avó. Aos três anos, a avó fazia a leitura da Bíblia. Aos quatro, acompanhava a leitura com os olhinhos. Aos cinco aprendera a ler, pelo método global, e agora era ela quem lia para a avó.

As passagens preferidas eram as “curas (Mt 8,1.4; 9,1 etc...), as parábolas de Jesus (Mt 13,4.24 etc...) e a história do peixe pescado por Pedro, para pagar o tributo” (Mt 17,24) por isso não cansava delas. “João Batista crescia e fortalecia o espírito (Lc 1,80) e Jesus crescia, tornava-se robusto e enchia-se de sabedoria” (Lc 2,40) e ela gostava de se comparar com eles. Esperava que “a graça de Deus que estava em Jesus” (Cf. Jo 1,14) se estendesse até ela. 

Sendo criança tão pequenina pulava, propositalmente, “o massacre dos inocentes (Mt 2,13-18), a morte de João Batista (Mt 14,3-12), a paixão de Cristo” (Mt 27) e tudo que envolvia a morte. Ela fugira da morte na leitura, mas aos seis anos teve que enfrentá-la na vida real com a partida da avó-mãe indo para junto de sua mãezinha.

Depois, já crescidinha sabia que a leitura da Paixão de Cristo não podia ser deixada de lado por um Cristão, como tantas vezes fizera. Ela tinha conhecimento que em cada Missa a mesma é vivida. Estava consciente de que sem essa Paixão não haveria a vitória da Ressurreição. Ele mesmo dissera: “Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Achando-se impossibilitado de criá-la sozinha, seu pai lhe dera uma madrasta e mesmo assim ele se tornara alcoólatra. Seu pai batia na mulher e essa por vingança batia na enteada quando ambas estavam sozinhas. A messe era-lhe pesada: havia as surras constantes pela madrasta; todo o serviço de casa era por sua conta, embora tão pequenina e a dupla saudade consumia sua alma. Saudade por quem conviveu (a sua avó companheira) e saudade por quem nunca conhecera (a sua mãe).

Novas e más colheitas lhe chegaram sem ao menos ter semeado: ela também se tornou alvo da embriaguez paterna. Agora o pai batia nela e na madrasta sem compaixão.

Para ela, a graça de Deus ainda não estava presente. “Não esmorecia e orava sempre” (Lc 18,1) antes de dormir. Sonhava com Jesus constantemente. Ambos sentados num banco, num jardim coberto de flores de alfazema, numa calorosa conversação. Ao acordar ainda sentia o cheiro do lugar.

No meio destas conversas, ela Lhe fazia indagações como: Jesus, por que não tenho a “graça de Deus”? Jesus, “a adúltera não recebeu nenhuma pedrada” (Jo 8,1-11). Em cada surra, sinto-me apedrejada. Por quê? Por que a “parábola do Filho Pródigo” (Lc 15,11-32) não se torna do pai pródigo? Por que sou tão “espancada como a parábola dos Vinhateiros Homicidas? Só me falta levarem à morte” (Lc 20,9-19).

Os sonhos estiveram presentes em José (AT), José pai de Jesus (NT), entre outros, e eram reveladores. Para ela os sonhos apenas lhe traziam infinita paz e no meio destes questionamentos, entre outros, presentes em seus sonhos, ela acordava, sem nenhuma resposta, mas um dia foi diferente. Veio a revelação...

Ambos sentados no mesmo lugar ela lhe perguntara: Jesus, se “as crianças vão para o Reino” (Cf. Mc 10,14), quando eu poderei ir? Daqui a pouco não serei mais criança. Meu fardo está muito pesado. Não posso ir logo?

Ela não acreditou quando acordou. Lembrava-se da resposta que ouvira nitidamente: “Podes vir para o Reino” (Cf Mc 10,14) depois que “deres comida a quem tem fome, bebida a quem tem sede, vestires o nu, receberes o forasteiro, visitares o doente e preso, conforme O Último Julgamento” (Cf. Mt 25,31-46).

Passaram-se três dias e ela matutava aquele sonho quando ela e a madrasta levaram a maior surra durante aqueles seis anos idos. Ambas foram para o hospital e o pai para a prisão.

A menina foi a primeira a voltar para casa. Por ser menor, a prima do pai chegara. Era de fato uma forasteira. Estranha, ausente de tudo que se referia aos trabalhos domésticos. Trabalhava fora e apenas administrava a previdência que sua avó deixara para a neta, o que ajudava no sustento de todos. Dormia naquela casa. Nada mais!

Antes de a madrasta voltar para casa ela já cumprira três petições de Jesus: acolheu a prima (forasteira), visitou a madrasta (enferma) e o pai (preso). Ainda não sabia que logo, logo, vestiria o nu, daria de comer a quem tem fome e daria água a quem tem sede.

A madrasta voltou inválida, sem locomoção e sem fala. Ouvia apenas e seus olhos falavam. Muitas vezes teve ímpetos de não assumir aquele encargo. Mas eles logo se perdiam na sua mente como folhas ao vento. As palavras de Jesus eram muito mais fortes na sua consciência.

 A menina tinha só 12 anos e começara a aprender que “havia mais felicidade em dar do que receber! (At 20,35)” Além de cuidar da madrasta, passara a ler a Bíblia para aquela desafortunada, resultando no cumprimento das seis petições acrescentando mais um pouquinho. Os olhos da madrasta riam e choravam, nas mesmas passagens que a menina gostava e pulara quando era pequenina. A menina captara que ambas partilhavam do mesmo sentimento naquelas leituras.

Foram mais seis anos e ela ainda estava cuidando daquela pecadora que tanto a maltratara. Foram seis anos enxergando naquele olhar o que tinha aprendido um dia: “Por tudo daí graça” (1Ts 5,18). Ela via isto naquela pobre mulher: gratidão. Sem a enteada ela teria sido uma moribunda.

A menina agradecia a Jesus, por Ele ter conservado na sua memória Sua Santa resposta dada em sonho que significava cuidar do outro. Ela cuidava da madrasta literalmente; da forasteira dando-lhe casa limpa, comida e roupa lavada; e do pai conforme lhe era permitido: visitando, levando guloseimas e um dia o presenteou com uma Bíblia.

Nas visitas ao pai, continuava “o caminho do amor (Cf. Ef 5,2), honrando o mesmo (Cf. Mt 19,19), sendo sal e luz” (Cf. Mt 5,13). Conversavam inclusive sobre o Evangelho. Dia a dia veio o “arrependimento pregado por João Batista” (Lc 3,3) até a entrega de seu pai a Deus quando “infelizmente” morreu na cadeia. 

E ela, agora vivenciava a passagem: “a pecadora que ama Jesus” (Cf. Lc 7,36-50), pois ela percebia o amor daquela infeliz, por Jesus, graças a sua leitura diária destinada a ela. Da mesma forma que Jesus enxergou o amor numa pecadora, a menina, agora moça, enxergara amor nos olhos daquela coitada que ela aprendera amar também.

Ambas partilharam amor entre si e a Jesus. Esta foi a maior recompensa.

 

“Orai por aqueles que vos difamam.” (Lc 6,28)

 (Em 7/9/2021)

7 – O Voluntário

 

Alguma vez na vida você pediu um sinal a Deus?

 

Ele era um Palhaço de Hospital nas suas horas vagas. Era adulto, trabalhador, mas quando adentrava naquele âmbito “se convertia e se tornava como uma criança, apta ao Reino do Céu” (Cf. Mt 18,4).

Além de brincar com as crianças, contava história, pintava recortava e mais que tudo inseria a Palavra de Deus.

Deus lhe dera sabedoria suficiente, para ser apenas um ouvinte, diante daqueles moribundos macambúzios até que eles aderissem a sua alegria.

Ele pedia que “Jesus tomasse as enfermidades e carregasse as doenças, conforme Isaías dissera que Ele faria” (Cf. Is 53,4) de todos os doentes que ele convivia, embora sabendo que Deus estava no comando.

Ele nem desconfiava, que esse pedido, ele mesmo deveria dirigir também a si logo, logo.

Foi acometido de um câncer de estômago. A morte era certa em pouco tempo. Este prognóstico não o impediu de trabalhar voluntariamente. Ele falava como Jesus, quando se sentia melhor: “hoje, amanhã e depois de amanhã, devo prosseguir o meu caminho” (Lc 13,33).

Os seus filhos eram pequenos. Esperava criá-los. Também desejava prepará-los para substituí-lo naquela tarefa alegre e triste ao mesmo tempo. As perdas eram muitas, mas as alegrias eram em maior quantidade.

Como alguns escribas e fariseus falaram um dia com Jesus: “Mestre, queremos ver um sinal feito por ti” (Mt 12,38), ele fez o mesmo pedido com relação à sua cura. Esperava que Jesus não lhe negasse, afinal, ele cria em Deus, em Jesus, no Espírito Santo, em Maria e nas Escrituras.

Mas, o pedido de sinal do palhaço foi rejeitado...

“O rei Ezequias teve um mal mortal Ele virou o rosto para a parede e assim orou a Iahweh: Ah! Iahweh, lembra-te, por favor, de como andei fielmente e com toda probidade de coração diante de ti, fazendo o que era agradável aos teus olhos e chorou abundantes lágrimas.” (Cf. 2Rs 20,3) Cena semelhante aconteceu com ele nesta passagem, apenas neste relato de choro e oração. 

Ezequias recebeu um recado de Deus assim: “escutei tua prece e vi tuas lágrimas e acrescentarei mais quinze anos de vida; e a pedido do Rei, lhe enviou um sinal atestando sua cura usando o sol e a sombra” (Cf. 2Rs 20,5-11). Ele não fora agraciado com nenhum recado, nem com um sinal, como já foi dito.

A doença lhe questionara a fé e se perguntava como todos os desesperados: Por quê? Por que comigo? O que fiz? Por que o Senhor permitiu? Será que eu fiz algum mal e não sei? Por que não me foi enviado nenhum recado, nenhum sinal? Suas questões não foram respondidas como desejava, mas lhe veio a lembrança de Jesus falando: “Eu estarei sempre com vocês, até o fim dos séculos” (Mt 28,20).

Muitas pessoas não perderam a esperança entre elas, as mulheres estéreis como: Sara (Gn 18,10), Rebeca (Gn 25,21), Raquel (Gn 29,31), Ana (Sm 1,5), Isabel (Lc 1,36)... “Por Jesus, cegos recuperaram a vista; coxos andaram; surdos ouviram; leprosos se curaram.” (Cf. Mt 11,5) Por que ele havia de duvidar?

Então, apenas esperou em Deus e confiou nos Seus desígnios.

Jesus disse: “E quem der, nem que seja um copo d’água fria a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que não perderá sua recompensa” (Mt 10,42). Não seria ele um discípulo?  Pela crença, era discípulo de Jesus e ele tinha ido muito além: levara alegria, amor e a Palavra. Tinha sido um anjo também. É assim que se chamam as pessoas que fazem o bem com tanto amor. Ele ultrapassara “o copo de água fria” aos sãos e aos enfermos idosos, adultos, adolescentes até o limite dado por Jesus: os pequeninos.

Há tempos ele acredita piamente que Deus ouviu sua oração. Viu os filhos crescerem e os netos chegarem. Todos o acompanhavam agora no serviço voluntário ou iam sem ele. Agora a idade pesava... “Sabia que com toda preocupação, ele mesmo não poderia ter acrescentado nenhum côncavo à duração da sua vida” (Mt 6,27) nem os médicos... Fora Deus!

Mesmo sem recado, sem sinal sem respostas, houve uma bela e agradável recompensa... Deus o tinha curado como curara a tantos, em nome de Jesus Cristo.  Ele estava vivendo a vida em abundância prometida por Jesus, a vida eterna... ainda nesse mundo.

 

“De graça recebeste, de graça daí.” (Mt 10,8)

 (Em 14/9/2021)

 

 

 8 – A Ave

 

Você se beneficia das obras de Deus?

 

Ela é tão pequenina. Ela é uma ave, lutadora na vida, com duas belas lindas asas feitas para cortarem o céu. Ela canta e encanta a terra e os mares com os seus voos rasantes ou altos, quando passeia, constrói seus ninhos, ao alimentar seus filhotes, ao ensiná-los a voar...

Nota-se o desespero quando os filhotes se perdem no primeiro voo ou sua fortaleza quando tem que brigar com um predador que ataca seu ninho. Todo ano, na primavera, ela volta para a aquela árvore, naquele jardim florido, renova seu ninho e começa tudo de novo.

 Quem já viu este cenário, sabe que é fantástico e inesquecível. E muitas vezes sente vontade de ajudá-la, pois ela é tão pequenina...

A ave não sabe que faz parte da história do homem e nem da Bíblia. Ela foi citada diversas vezes e, entre elas, Jesus afirmou que “os homens valem mais que os pássaros” (Cf. Mt 6,26). Esta afirmativa não faz diferença para ela, pois apenas cumpre os desígnios que Deus lhe dera.

A ave desconhece também que “dois dos seus antecedentes foram oferecidos em sacrifício, por Maria, na apresentação de Jesus ao Templo” (Cf. Lc 2,24).

Jesus disse ao povo de Jerusalém: “quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha recolhe seus pintinhos debaixo das asas e não o quiseste!” (Mt 23,37). Por instinto ela faz isso, e, para sua alegria, seus filhinhos sempre querem até alçarem voo.

“Jesus disse: as raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos (Mt 8,20); Olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros (Mt 6,26), nem depósitos, mas Deus as alimenta (Lc 12,24).

A mostarda, “embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam em seus ramos” (Mt 13,32). De fato, muitas vezes ela se abrigara lá.

Também, Deus tomou do cimo do cedro, da extremidade dos seu ramos um broto e plantou  ele mesmo sobre monte alto e elevado... Ele deitou ramos e produziu frutos, tornando-se magnífico, de modo que à sua sombra habitou toda espécie de pássaros, à sombra dos seus ramos habitou toda sorte de aves. (Ez 17,23)

Ela desconhece que “nenhuma ave cai em terra sem o consentimento do Pai” (Cf. Mt 10,29) e assim voa para onde se sente segura... Sem saber, reafirma sua história na Palavra quando Jesus disse: “Não se costuma vender cinco pardais por duas moedas? Entretanto, nenhum deles deixa de receber o cuidado de Deus. Portanto, até os fios de cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mt 10,29-30). Se, fosse gente entenderia da necessidade da entrega ao Plano de Deus.

Talvez, se ela pudesse, agradeceria a Deus pelo abrigo, pela alimentação, por não cair em terra e a própria natureza que lhe foram destinados, pois é possível enxergar sentimento no seu instinto... Basta observar.

Não se sabe se ela se indignaria se conhecesse um homem que tem consciência de viver da Criação e fosse agnóstico ao Criador. Pela sua natureza ela é assim quanto à existência de Deus. Ela apenas desfruta destas benesses, citadas por Jesus. Não tem capacidade intencional para “abandonar-se à Providência” (Mt 6,25-34) embora o faça.

Ela, como um animal, só recebeu o instinto, mas tem meios para construir sua moradia, buscar alimento, tem locomoção, sentidos, tudo dado por Deus...

O homem recebera inteligência e muitas coisas mais... Entre elas, a intuição humana provinda do Espírito Santo alojado no coração e deveria saber ouvir os outros, ou um anjo, ou mesmo ser um deles. Afinal “Foi feito à imagem de Deus para dominar inclusive as aves do céu” (Gn 1,26).

Ambos são frutos do Criador e dispõem das obras de Deus como todos e tudo que faz parte desta bela Criação...

 

“Se não crês em mim, creias nas minhas obras” (Jo 10,38)

(Em 15/9/2021)

 

9 – Em Tempos de Covid      

(As virtudes Teologais: fé, esperança e caridade)

 

Você já presenciou glórias em pessoas

que tiveram Covid?

 

Ele e ela foram pessoas distintas. Eles nem se conheceram. Cada um tinha sua família, sua casa, seu carro... Ambos viveram bem de acordo com suas posses. Foram ricos da presença de Deus e foram acometidos de Covid.

Ele tinha uma situação financeira superior, por isso, pôde se beneficiar com um Plano de Saúde. Ela tem o suficiente para um sustento moderado e conta com a Assistência Médica do Governo.

 Ele e ela foram estudiosos da Bíblia e sabiam que “Jesus, junto com os anjos de Deus, retribuirá a eles, de acordo com o seu comportamento” (Mt 16,27). Ele e ela eram voluntários em trabalhos sociais diferentes. Faziam parte da comunidade da sua própria Igreja.

Internados no hospital, ele e ela oraram cientes que os Planos de Deus deveriam ser melhores que os seus, pois “Deus conhece a necessidade de cada um” (Cf. Mt 6,32) e que “Jesus veio para lhes dar vida em abundância” (Jo 10,10) Esperavam que “fossem salvos mediante a fé” (Cf. Ef 2,8).

Enquanto ele e ela estiveram conscientes, “Deus era refúgio, fortaleza, socorro, sempre alerta nos perigos” (Cf. Sl 46,2). Não seria diferente naquele momento crucial, quando ficaram inconscientes. Ambos souberam que corriam perigo e ambos tiveram em mente o pensamento de Jesus: “Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!” (Mt 26,42).

 Ele e ela se entregaram a vontade do Pai como também entregaram a Jesus suas enfermidades, porque sabiam que “ele tinha o poder de curar” (Cf. Lc 4,40). Mas, com pensamento humano frágil, pode-se dizer: infelizmente ele morreu. Sendo que ele teria condição financeira de manter seu tratamento. Ela sobreviveu e recebe ajuda financeira para se recuperar das sequelas deixadas pela Covid. Ele que era jovem e com saúde partiu. Ela que tem idade e comorbidade ainda luta pela vida, sofrendo a terrível recuperação.

Ela não sabe se os “seus dias foram prolongados como os do rei Ezequias” (2Rs 20,6), nem ele soube se seus dias foram diminuídos, pois isso “ultrapassava os poderes humanos” (Cf. Lc 12,26). Ele e ela tinham “buscado as coisas do Reino e não souberam o que lhes foi acrescentado” (Cf. Mt 6,33). Sabiam que é do “agrado de Deus lhes dar o Reino” (Cf. Lc 12,32) e ambos “escutaram sua Palavra e creram naquele que Ele enviou” (Cf. Jo 12,44). Talvez “tenham vida eterna e nem venham a julgamento” (Jo 5,24) por terem crido no Pai e no Filho, segundo o Evangelista João (Cf. Jo 6,47).

Ele e ela “tinham aspirado aos dons mais altos. Permaneceram na fé, na esperança e na caridade; A maior delas, porém, é a caridade”. (1Cor 13,13). Ele em vida. Ela ainda continua, embora ainda debilitada. “A caridade trata do amor fraterno e implicitamente está o amor de Deus.” (1Cor Rodapé Pág. 2009).

“A caridade esteve presente quando ele e ela assistiram aos famintos, de acordo com suas posses, sem buscarem o próprio interesse, não se irritando, nem guardando rancor, sem inveja e sem ostentações. Entristeciam com as injustiças e procuravam minimizá-las”. (Cf. 1Cor 13,1-13).

Tiveram caridade consigo mesmo, quando desculparam, creram, esperaram e suportaram aqueles sofrimentos considerando-os “como um ensinamento de Deus para o bem deles, conduzindo-os pelo caminho que deviam trilhar” (Is 48,17), por isso permaneceram na fé e na esperança.

As três virtudes existem juntas e somente juntas crescem. Para Igreja Católica elas se tornaram Virtudes Teologais como Dogmas de Fé. Jesus Cristo diante destes Dons tinha visão plena de Deus, porque Ele era Deus, e não precisava de Fé. Sua Esperança dava vazão a uma pela compreensão as imperfeições. Mas quanto ao Amor ele era Amor, porque Deus é amor.

Se depender da fé, ele “passou da morte à vida...” (Cf. 1Jo 3,14). Ela espera sua hora. Com efeito, ele e ela estão sendo abençoados por Deus. Cada uma na sua morada...

 

“Deus é perfeito em seu caminho; a palavra do Senhor é provada,

Ele é o escudo para todos que nele se abrigam.” (Sl 18,31)

(Em 15/9/2021)

 

 

 

10 – O Juiz

 

Por que julgamos tanto o outro se há tantas

consequências nesta atitude?

 

Ele era um rapaz novo de boa família que aproveitara bem a oportunidade de estudar.

Tornou-se juiz logo cedo. Era o mais novo da Corte de uma cidade pequena de poucos juízes. Era extremamente religioso. “Jesus, na Sua angústia, intensificava suas orações.” (Cf. Lc 22,44) Assim, também fazia ele, principalmente às vésperas e na hora de adentrar no Tribunal do Júri.

Sempre que possível, avisava: “antes de procurar um magistrado, esforça-te para entrares num acordo com o teu adversário, enquanto andas no mesmo caminho que ele” (Cf, Lc 12,58).

Ele não “sentia prazer em circular com sua toga, nem ele gostava de saudações em praças públicas, nem dos primeiros lugares” (Cf. Lc 20,46) aonde ia, numa cidade de poucas praças, frequentada por muitos.

Também não julgava só para não ser incomodado ou mesmo ser esbofeteado, como é narrado na Bíblia em o “juiz e a viúva importuna” (Lc 18,1-8). Procurava “julgar pelo o que é justo, sem julgar pela aparência” (Cf. Jo 7,24) como Jesus pedira.

Pensava: “João Batista veio num caminho de justiça” (Mt 21,32). Conseguiria seguir no mesmo caminho? Também foram justos: Noé (Gn 6,9), José pai de Jesus (Mt 1,19), João Batista (Mc 6,20). Poderia ser como eles? Pelo menos tentava...

No Fórum se encontravam: justos e ímpios; ladrões e vítimas; empregados e empregadores; empresas e consumidores; assassinos e uma família dizimada; e muitas outras dualidades.

A Bíblia ensinara muitas separações em parábolas: “o trigo será separado do joio, só no tempo da colheita, e primeiro o joio é arrancado, para não matar o trigo” (Cf. Mt 13,24-30), ou seja, no tempo certo; “a pá está na sua mão: limpará sua eira e recolherá seu trigo no celeiro: mas, quanto à palha a queimará num fogo inextinguível”(Lc 3,17); Também “o homem lança a rede e quando está cheia, puxam-na para a praia e sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora” (Cf. Mt 13,47-50) e seriam separados de Jesus quem praticava iniquidades. Também os que n’Ele creem e os que O renegaram.

  Com estes exemplos, ele precisava separar aquelas dualidades na hora que ele fosse fazer justiça, como juiz designado para os casos, do mesmo modo que “um machado que já está posto à raiz das árvores que não produzem frutos para serem cortadas e lançadas ao fogo” (Mt 3,10).

“No céu, os anjos separarão os maus dos justos; Jesus junto com eles separará os homens uns dos outros como o pastor separa as ovelhas dos bodes”. (Mt 25,31-33) Na terra, esta árdua tarefa cabia aos juízes de qualquer lugar do mundo. 

 As frases que mais lhe pesavam eram: “Absolver o ímpio e condenar o justo, e ambas as coisas são abomináveis a Deus (Pr 17,15); Não é bom ser parcial no julgamento (Pr 24,23) e não condene sem saber o que ele fez” (Cf. Jo 7,51). E mais ainda: “não condene os que não têm culpa” (Cf. Mt 12,7). Por causa dessas assertivas, ele pedia a “sabedoria de Salomão” (Cf. Sb 7,7), para não acontecer isso nos julgamentos (dele e dos outros) e para “acolher os sensatos e fechar as portas para os imprudentes como na Parábola das virgens” (Cf. Mt 25,1-13).

            Ele precisava ser um bom juiz, como na “Parábola dos Talentos, que o senhor deu a cada servo, de acordo com sua capacidade” (Cf. Mt 25,14-30) e cada um foi cobrado na mesma proporção.

            “Jesus disse: meu jugo é suave e meu fardo é leve, vinde a mim os que estão cansados com o peso do seu fardo.” (Cf. Mt 11,28-30) Em pensamento, não queria se igualar a Jesus ou tinha a mesma pretensão, mas era necessária a busca de se “tornar igual a Ele”. Enquanto Jesus falava do descanso para as almas, ele falava do descanso terreno que precisava ser dado aos vitimados. Era seu papel julgar e se espelhava nessas afirmativas para condenar, absolver, prover indenizações... Não é uma tarefa de empate. Sempre há um perdedor e um ganhador, por mais que se busque a equidade dos direitos, tanto que Jesus já dizia, que “o seu sim seja sim, e o seu não seja não” (Mt 5,37).

Para ele, jugo suave seria um julgamento justo; fardo leve considerava fazer seu trabalho com amor, sem reclamar, mesmo com a dificuldade por ser novato naquela carreira promissora, por gastar tanto tempo nas leituras dos laudos, nas buscas de jurisprudências, no julgamento em si e tantas coisas mais.

            Como homem lera: “Não julgueis para não sereis julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgado, e com a medida com que medis, serás medido” (Mt 7,1-2). E, na qualidade de juiz, cabia-lhe julgar, e para isso precisava que o Espírito Santo lhe intuísse, pois se errasse, receberia tudo de volta na mesma medida. Conhecia a importância da frase: “por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12,37).  Mas não era só por isso. Ele gostava muito de fazer coisas agradáveis a Deus, então buscava o caminho “onde os justos brilharão como o sol no Reino do Pai” (Cf. Mt 13,43).

 

“Felizes os que têm fome e sede de justiça.”  (Mt 5,6)

            (Em 16/9/2021)

 

 

 

11 – O Sequestrado

 

É possível crer em Deus

numa situação tão angustiante?

 

Ele era apenas um homem que morava sozinho e foi sequestrado. Tinha uma situação financeira relativamente boa, mas não tão próspera.

Naquela hora, a angústia presente na situação por qual passava era equivalente à ansiedade que lhe apontava um futuro incerto. As algemas colocadas no seu punho doíam menos que as outras algemas impostas pelos sequestradores, colocadas na sua alma: a devassidão, a mutilação, a cobiça, a privação, a penúria e quase um homicídio. Quanto sofrimento... Mas, “Quem habita na proteção do Altíssimo, pernoita à sombra do Onipotente e dirá ao Senhor: meu abrigo, minha fortaleza, meu Deus em quem confio; era Ele quem ia o livrar do laço do caçador que se ocupara em destruí-lo” (Cf. Sl 19,1-3).

Na sua conduta não cabia esta assertiva: “Caso o teu olho direito te leve a pecar, arranque-o e lança-o para longe de ti, pois é preferível que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado na Geena; Caso a tua mão direita te leve a pecar, corte-a e lance-a longe de ti, pois é preferível que perca um dos teus membros do que todo o seu corpo vá para a Geena” (Mt 5,29-30), pelo menos assim, ele pensava.

Por isso, no seu próprio julgamento não havia pecado que justificasse aquela mutilação que estava passando. Para ele, aqueles sequestradores pareciam ser uma “planta que não foi plantada pelo Pai Celeste e que precisava ser arrancada... (Mt 15,13) Com efeito, foi do coração ‘mau’, que aquelas más intenções procederam” (Cf. Mt 15,19) naquelas horas sofridas. Eram pessoas impuras que “caminhavam nas trevas e nem sabiam aonde iam” (Cf. Jo 12,35).

Sabia que “no mundo teria tribulações e que devia ter coragem” (Cf. Jo 16,33). Mas, essa estava além de suas forças. Não tinha coragem nem para orar. Sua mente desesperada se recusava a ajudá-lo se pondo em oração. Sua força se limitava a esperar que “o mal que eles tinham intenção de fazer, o desígnio de Deus o mudasse para o bem” (Cf. Gn 50,20). Se esperar em Deus é oração, foi a única que conseguiu orar no meio daquele tormento.

De repente, tudo acabou... Não acabou... O homem foi resgatado, mas o que ficou na sua alma não teve fim. Foi até atenuado com o tempo, embora de vez enquanto seu consciente sopre do nada e lhe mostre aquelas cenas como se estivesse assistindo um filme. Ou como se fosse um dedinho enfiado naquela ferida. E nestas horas consegue orar, pede que Deus lhe afaste aquelas lembranças tão doloridas e agradece pela sua pela sua vida, ciente que “Deus é o nosso refúgio e a nossa força, socorro sempre alerta nos perigos” (Sl 46,2).

Nunca soube o que aconteceu com aquelas pessoas e de alguma forma deixou de ser importante. Ele “fechou aquela porta da mesma forma que fora fechada as portas para aquelas virgens insensatas” (Cf. Mt 25,10). Quando o vento sopra e a abre, ele ora e a porta se fecha novamente.

“Orava para ter força de escapar de tudo que lhe acontecera” (Cf. Lc 21,36), embora fossem apenas lembranças, mas quando elas chegavam lhe assombravam e não tinha com quem dividir suas angústias naquele silêncio noturno do seu apartamento. Pediu ao Senhor uma esposa que lhe fosse querida e amada, que pudesse ouvi-lo e segurar sua mão na hora que aquelas ingratas recordações chegassem.

Deus colocou sua esposa no seu caminho e um padre os abençoou em casamento. Por Deus “ela lhe trouxe a felicidade e afastara aquela desgraça por todos os dias da sua vida” (Cf. Pr 31,12).  “O que Deus uniu não pode ser separado.” (Cf. Mt 19,6) Então, nunca “repudiou a mulher amada” que lhe dera sua descendência, pois “sua lâmpada nunca apagara” iluminando sempre ele, os filhos, amigos, vizinhos e sua parentela.

Refez sua vida em cima do amor, porque aquela luz (sua mulher) além de amá-lo muito lhe ensinara também a “amar a Deus sobre todas as coisas” (Cf. Mt 22,37).

 

“Não faça ao outro o que não gostaria que o outro lhe fizesse” (Cf. Tb 4,15);

“Faça ao outro o que gostaria que ele lhe fizesse.” (Cf Mt 7,12)

(Em 16/9/2021)

 

 

12 - Vida Social

 

Em que difere sua vida social e a vida social de Jesus?

 

Eles formam um casal de classe média alta e podem desfrutar de uma vida social sem dificuldade alguma.

Ter vida social é participar dos compromissos que a sociedade impõe. Os padrões adotados estão nas leis e nos costumes que podem ser para as coisas boas como para as coisas desagradáveis. Esses padrões vão mudando de acordo com a cultura, com o crescimento tecnológico ou porque se aproximam das necessidades próprias dos seres humanos e nem sempre estão dentro dos preceitos de Deus.

De certa forma, Jesus teve uma vida social apropriada para aqueles tempos. As leis, até aprimorou, pois “a nova justiça era superior à antiga(Lc 5,20-48).  Quanto à “Igreja, Jesus pediu que Pedro a edificasse” (Mt 16,18) e também instituiu os Sete Sacramentos”.

O casal também tivera uma vida social, bem movimentada, de forma bem diferente de Jesus. Enquanto Jesus participava destes compromissos deixando um milagre ou um ensinamento, eles participavam apenas se divertindo, quem sabe até com excesso, se afastando de Deus.

Eles se “batizaram em nome do Pai, do Filho e do Espírito” (Cf. Mt 28,19). Jesus também (Mt 3,13-17), apesar de não ter pecado. O casal se confessou para os pecados serem perdoados (Cf. Lc 5, 24), na Igreja Católica com um padre. Fizeram a primeira Eucaristia (Mt 26,26-29), crismaram (At 8,14-17) e se casaram (Mt 19,14-17)” (Matrimônio), e igualmente participaram destes eventos realizados por amigos e parentes. Era assim que frequentavam a Igreja de Jesus. Mas, reuniam-se em grupos nas casas das pessoas com bebidas e nada de oração. Eles tinham vivenciado “cinco sacramentos” como costume familiar. Recebiam como um “símbolo”, apenas seguindo o padrão costumeiro da religião. Não percebiam que todos tinham recebido uma graça em cada um deles.

Um dia, estiveram presentes na morte de um parente próximo e viram a “Unção do enfermo (Mc 6,13), e a Ordem (Lc 22,19-20) - padres, bispos e papas” – ao presenciarem o ingresso do primo. Não sabiam que a Unção dos Enfermos serve de cura. Assim eles vivenciaram os “Sete Sacramentos”, num mero compromisso social. A ignorância era tanta que eles nem sabiam que estas sete bênçãos advinham de Jesus.

A vida social de Jesus começou assim: ainda no “ventre de sua mãe, Jesus visitou a parente dela, Isabel (Lc 1,39-45); e no nascimento recebeu a visita dos pastores e dos Reis Magos, e até foi presenteado” (Lc 2,1-20). Coisa que todo mundo faz... Ou fazia até recentemente... E eles também.

O casal era convidado para almoços e jantares, como Jesus fora algumas vezes. 

Estando num tempo de isolamento social por causa de uma epidemia, eles deixaram de visitar os próximos, o que antes faziam, por amizade, por pura cortesia ou por compromisso. Também renunciaram os convites de festas ou qualquer comemoração.

Sem a vida mundana e os eventos sociais, sofrendo de solidão, começaram a pedir a ajuda de Deus para acabar com o isolamento... As sementes que haviam nos cumprimentos sociais religiosos, que eles ignoraram, começaram a fomentar orações, agradecimentos e louvores a Deus dando inícios de um florir com bons frutos... “Eles eram frutos de árvore boa” (Cf. Mt 12,33), só estavam perdidos na vida mundana cujo “caminho conduz à perdição” (7,13-14).

Os descendentes chegaram e eles não puderam desfrutar de suas chegadas. Impossibilitados de visitar os parentes, ambos se juntaram em prece, pediram e agradeceram a Jesus, por aquelas crianças amadas, queridas e saudáveis, ora compartilhadas por vídeos e imagens. Elas eram tão pequeninas como Jesus fora um dia. Mas sabiam que Jesus se tornara “Grande” diante da Humanidade. E recorreram a Ele, pondo Ele em suas vidas: pedindo e agradecendo pelos seus pequeninos que acresciam a família. Isto é oração...

“Jesus visitara uma enferma, a sogra de Pedro, e a curara.” (Cf. Mt 8,14-15) Eles não podiam visitar seus enfermos próximos. Oravam por eles, ou seja, intercediam.

“Jesus foi a um casamento; foi onde realizou seu Primeiro Milagre transformando água em vinho.” (Jo 2,1-12) Eles não foram aos casamentos que se realizaram nestes tempos. E se antes apenas se divertiam, aprenderam a pedir a Deus que abençoasse aquela nova família que ora se iniciava. Começaram a interiorizar a “Sagrada Família”.

Algumas sugestões foram feitas por Jesus para que os discípulos pudessem segui-lO, entre elas “não se despedir do pai, e deixar os mortos enterrarem seus mortos” (Mt 8,22). Não significa deixar de amar. “Jesus disse a todos: Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me; Pois aquele que quiser salvar sua vida a perderá, mas o que perder a sua vida por causa de mim, a vida salvará”. (Cf Lc 9,23-24) E “Ele pediu: Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios;. De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10,8). Portanto, destaca a ressureição dos mortos e não o sepultamento.

Agora, tal qual Jesus falara, eles estavam vivenciando as mesmas negativas dadas por Jesus pós – pedidos. Os outros seguiam Jesus e nisto encontravam alegria. Eles se quisessem, só podiam segui-lO na mente, e lamentaram a falta de despedida e o não comparecimento nos enterros de pessoas tão próximas.

“A Hospitalidade foi cumprida por Maria e Marta quando Jesus as visitou.” (Lc 10,38-42) Com eles, era diferente. Eles se negavam a receber visitas. Quando as recebiam sem aviso, agiam como os costumes atuais: muito álcool, máscaras e sem contato físico, se pudessem escapulir... Depois eles oravam como se tivessem cometido um pecado. E contavam os dias, para ver se suplantaram a quarentena sem sinais daquele mal.

“Jesus participava da Páscoa (Jo 2,23) – anualmente comemoravam a libertação dos judeus do Egito” (Ex 12,1-14). Eles também, ao modo deles. Para eles era a Páscoa do Consumismo. Eles celebravam a Páscoa dos ovinhos de chocolates deixados pelo Coelhinho e muito vinho. E foi neste isolamento, que os passos a Deus foram aparecendo. Conheceram o sentido da “Páscoa – Ressurreição de Cristo” (Mt 28,1-8) e ampliaram a este entendimento o nascimento de Jesus, descobrindo o verdadeiro sentido do Natal.

“Na casa de Levi, Jesus fora chamar os pecadores, não os justos” (Mt 9,10-12); “na refeição da casa do fariseu Jesus curou um homem hidrópico” (Lc 14,1-6); “no jantar da casa de Simão, o leproso, Jesus falou que sempre haveria pobres para eles fazerem o bem” (Mt 26,6-13); “na casa de outro fariseu perdoou a pecadora” (Lc 7,36-50); e “no almoço de outro fariseu, admoestou os fariseus e legistas” (Lc 11,37-54). Tudo bem diferente das visitas costumeiras daquele casal que apenas curtia...

Como já foi falado, eles estavam distantes de refeições, jantares, visitas, com medo de serem acometidos pelo mal, ou quem sabe transmitir, inconscientemente. Então, não participavam daqueles compromissos sociais tão rotineiros que foram palco de suas vidas e pura fonte de divertimento.

Com outra visão eles aprenderam a orar pelas pessoas que os convidavam sempre, ou quando se eles se lembravam do evento, na data sem festa que continha um silencioso aniversário de nascimento ou casamento.

Nas refeições “Jesus abençoava os alimentos” (Cf. Mt 14,19), uma prática que o casal acolhera com amor.

Se aquele referido isolamento os afastara de uma vida social os aproximara de uma vida espiritual. Aquela tribulação fazia um a um falar como Jesus: “não estou só porque o Pai está comigo” (Jo 16,32). Os corações deles se encaminharam para se aproximarem de Deus.

 

“Carregai o peso uns dos outros,

e assim cumprireis a Lei de Cristo.” (Gl 6,2)

(Em 16/9/2021)  

 

 

13 – A Cantora

 

O que você faz com os dons

que Deus lhe deu?

 

            Ela era pequenina e “Deus lhe concedeu o dom” (Cf. 1Cor 12,3) de cantar, pois Ele “dispensou a cada um uma sabedoria de acordo com a medida da fé” (Rm 12,3). Era cantando que ela “manifestava o Espírito para a utilidade de todos” (1Cor 12,7), pois encantava a muitos. “Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto e desce do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação”. (Tg 1,17)

            Sendo uma criança com uma vida estável, tranquila e feliz, a medida de sua fé era cantar sobre a vida de Jesus. Sendo assim, ela plagiava cantigas de rodas ou de seu conhecimento utilizando-se de passagens bíblicas que envolviam o Cristo. 

Ela justificava seu dom à sua mãe assim: Mamãe, “Jesus cantou o Hino com os apóstolos e foi para o Monte das Oliveiras” (Mc 14,26). Eu preciso cantar para Ele; na Bíblia diz que “os Reis Magos homenagearam Jesus” (Mt 2,1-2). Acho que além de levar presentes, eles cantaram. Meu presente é cantar também.

E de plágio em plágio ela deu voz em música aos “Cânticos de Maria (Lc 1,46-56) e de Simeão (Lc 2,29-32) e ao Benedictus (Lc 1,67-79)”. Com a “Entrada Messiânica” (Mt 21-1-11) foi mais complicado porque teve que transformar a prosa em versos e ainda plagiar sobre “Jesus entrando por cima dos ramos espalhados na estrada, num burrinho” (Cf. Mt 21-1-11). E fez o mesmo em muitas outras passagens.

Os Salmos são para ser cantados e isso, ela fazia com serenidade e amor. Ficava lindo naquela voz forte, harmônica e suave...

Ela gostava demais de cantar na missa e até fez parte do Coral da Igreja, pois a “Igreja foi edificada por Pedro, a pedido de Jesus” (Cf. Mt 16,18). Aliás, outro motivo da criação de mais um plágio musical.  

Como cantava bem, participava dos Encontros da Igreja e aprendera que os Dons do Espírito Santo são: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor a Deus. Ele foram despertados por meio das músicas sobre eles. E aprendidos detalhadamente em Estudos Bíblicos.

Diante deste conhecimento pensava no que tinha aprendido: “Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi dada” (Rm 12,3), “mas, é  o único e mesmo Espírito que tudo isso realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz” (1Cor 12,11).

 “Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o segundo a proporção de sua fé.” (Rm 12,6) E ela usava a sua fé para Louvar a Deus de formal musical. “Porque aqueles que foram uma vez iluminados – que saborearam o dom celeste, receberam o dom do Espírito Santo.” (Cf. Hb 6,4) Ela tinha o dom de cantar e era agradecida a Deus por isso.

Observando os dons, viu que não passavam de habilidades que cada um tinha e estava narrado na Bíblia: “serviço, ensinar, falar, exortar, da profecia, dom de milagres; a outro, o discernimento dos espíritos; a variedade de línguas; a interpretação das línguas, o dom de curar, de socorrer, de governar. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores?” (Rm 12,7-8; 1cor 12,4-11.28-30). De forma alguma cada pessoa tem o seu arsenal de tarefas específicas. Somos iguais porque somos “filhos do Deus” (Gl 6,22), mas cada um com suas características.

Moisés sabia que não tinha o dom de falar. Também era preciso ter humildade e reconhecer quando um dom não lhe favorece intensamente. “Ele disse ao Senhor: Pobre de mim, Senhor! Nunca tive facilidade para falar, nem antes, nem agora que falas a teu servo. Tenho boca e língua pesadas; O Senhor respondeu-lhe: E quem é que dá a boca ao ser humano? Quem faz o surdo e o mudo, o cego e o aquele que vê? Por acaso não sou eu, o Senhor? Vai, portanto, que eu estarei com tua boca e te ensinarei o que deverás dizer” (Cf. Ex 4,1-17).

A menina foi crescendo e começou a perceber que o mundo ia além de sua vida cotidiana e de cantar sobre Jesus Cristo: “havia fomes, pestes, terremotos, traições, guerras em todos os lugares, como Jesus disse que haveria” (Cf. Lc 21,8-19). E começou a cantar, inclusive algumas composições próprias, de forma que levasse alento aos desafortunados.

Sendo moça, se transformara numa cantora profissional. Descobriu que “precisava vigiar para não cair em tentação e cuidou para que seu coração não ficasse pesado pela devassidão” (Cf. Lc 21,34-36), vaidade e soberba.

Não podia se permitir “invejar” a quem tivesse mais sucesso que ela nem ser avara e cantar qualquer música pelo valor financeiro. “Precisava se afastar de toda sorte de injustiça, perversidade, malícias, fraudes” (Cf. Rm 1,29) entre outros.

“Jesus disse aos seus 12 (doze) discípulos: Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar. Naquele momento vos será indicado o que deveis falar, porque não sereis vós que estareis falando, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós”. (Mt 10,19-20) E ela também tinha esse Espírito.

O maior dom que recebera era a vida. O outro com certeza era saber cantar. Mas, há o “dom de servir, contribuir generosamente, mostrar misericórdia e ia fazer tudo isso cantando, e tudo isso com alegria” (Cf Rm 12,12).  

Sua fé agora era do tamanho do amor. Ia “procurar o caminho da caridade e aspirar os dons do Espírito” (Cf 1Cor 14,1), vivenciar o “que todo homem coma e beba, desfrutando do produto de todo o seu trabalho, isto é um dom de Deus” (Ecle 3,13). E seu trabalho era cantar.

 

“Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros...” (Cf. Rm12,7)

 

(Em 18/09/2021)

 

 

14 – Uma Família Desestruturada

 

É possível alguém fazer o bem

vivendo num ambiente onde sobressai o mal?

 

            Ela era a caçula de nove irmãos. A única menina. Aquele ambiente desestruturado, de discórdia e confusão onde ela vivia não a alcançava com a mesma intensidade em que seus pais e irmãos conviviam.

            Pequenina, todas às vezes que ia à praça com eles, não podia brincar. Os irmãos mais próximos de sua idade “eram crianças sentadas na praça, a se desafiarem mutuamente” (Cf. Mt 11,16) ou mesmo brigavam entre si ou com os outros meninos presentes.

            “O sal é bom, de fato, mas se tornar insosso, não presta nem para terra, nem é útil para esterco: jogue fora” (Cf. Lc 14,34-35). Ela não era este tipo de sal. Quando ela voltava para casa da praça, ela era o “sal da terra” (Mt 5,13) que servia de cura: limpava os machucados, passava remédio, colocava gelo, entre outros cuidados nos infortunados irmãos. Do mesmo jeito ela procedia nas brigas constantes dentro ou fora de casa, entre familiares, vizinhos e inclusive na escola.

Aqueles desentendimentos, que não passavam de querelas, se transformavam em agressões nos embates corpo a corpo. Esta desinteligência desviava todos da retidão. Mas “ela não semeava discórdia entre irmãos; Deus abominaria se o fizesse” (Pr 6,19). Ela os orientava, os aconselhava... Nunca fora conivente apesar de cuidá-los.

Não fora feliz na “correção fraterna” (Mt 18,15) quanto àquelas brigas. “Não ganhara nenhum irmão, pois nenhum a ouvira. Testemunhas nem pensar!” (Mt 18,15-16) Tinha medo de provocar maiores desentendimentos. “Levá-los a Igreja”? (Mt 18,17) Fora zombada e ridicularizada... 

“Quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. O ladrão vem só para roubar, matar e destruir.” (Jo 10,1.10) Seus irmãos escolheram se enredar neste caminho. 

“Se o dono da casa soubesse em que vigília viria o ladrão, vigiaria e sua casa não seria arrombada (Mt 24,43); Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e roubar os seus pertences, se primeiro não o amarrar; só então poderá roubar a sua casa” (Mt 12,29) e era justamente assim que eles faziam.

Nem a igreja foi poupada. “Fizeram da Igreja um covil de ladrão” (Cf. Mt 21,13) assaltando os cristãos dentro da igreja e no estacionamento enquanto as pessoas iam ali falar com Deus, respeitando a “Casa de Oração” (Mt 21,13).

Um dia um homem descia a ladeira e “caiu no meio de assaltantes, que após havê-lo despojado e espancado, foram-se, deixando-o semimorto” (Lc 10,30). Casualmente, ela passou por ali, logo depois, e se “tornou a samaritana que viu e moveu-se de compaixão” (Lc 10,33) chamando os bombeiros e esperou por eles, sem saber que aquele coitado tinha sido alvo dos irmãos.

Quando chegou a sua casa conheceu as atividades deles. Viu que “os inimigos dos homens (seus irmãos) eram os próprios familiares” (Cf. Mt 10,36). Ela começou então a vivenciar “o irmão entregará o irmão à morte; os filhos se levantarão contra os pais e os farão morrer” (Mt 10,21), pois seus irmãos acusavam uns aos outros, numa delação completa dos seus feitos, roubos e assaltos inclusive sobre o moço que ela acabara de socorrer. Acusavam os pais pela educação dada e pela falta de dinheiro. Pura inverdade: não havia nem abundância nem penúria e houvera orientação.

Este “uns contra os outros” se parecia com o “uns contra os outros por causa de Jesus, pois nem mesmo os irmãos criam n’Ele” (Cf. Jo 7,5).

Sem perceberem Deus, eles contrariavam as palavras de Jesus: “eu lhes digo todo aquele que se encolerizar contra seu irmão terá de responder no tribunal; aquele que chamar o irmão de cretino estará sujeito a julgamento; aquele que chamar de Cretino terá de responder...” (Mt 5,22). Do mesmo modo quanto a esta assertiva: “Em verdade vos digo, toda as vezes que que deixaste de fazer o bem, a um destes pequeninos, foi a mim que o fizeste” (Cf. Mt 25,45), conforme está escrito no “Julgamento Final” (Mt 25,31-46).

Um dos irmãos gritava perguntando aos outros: “Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? (Lc 23,40). E, bancando o “bom ladrão” (Cf. Lc 23,39) “pronunciava em falso o Santo Nome” (Ex 20,7).

Da mesma forma que “Judas traíra Jesus por dinheiro” (Mt 26,14-16), eles entregavam uns aos outros, embora ela não soubesse explicar a origem do dinheiro nem o destino.

Das palavras para a costumeira agressão foi um passo. Culminou com a morte do pai e de um dos irmãos. Mais do que nunca ela foi o “sal da terra” (Mt 5,12) que cura como vinha sendo desde criança alentando quem ficou e tomando as providências legais e sociais.

A mãe de apagada, indiferente e omissa se tornara revoltada. Muita paz e mansidão fora dedicada a ela, pela filha.

Os irmãos maiores ficaram presos e os menores foram soltos no tempo devido.

Os crimes pararam. Não “as divisões: filhos contra o pai (in memoriam), pai contra os filhos (relembrando o que ele falava), mãe contra filha (depois de tanto sofrimento), sogra contra nora, nora contra sogra” (Lc 12,51-53). Lamentavelmente não era em nome de Deus. “Era uma casa dividida contra si e não poderia subsistir” (Cf. Mc 3,24-25).

“Filha contra a mãe” (Lc 12,51-53) ela não se permitia. Tinha sido sal para curar feridas, dando sabor a vida, gerando Paz Familiar. Agora seria o sal da compaixão e da misericórdia. “Deus não faz acepção as pessoas.” (Rm 2,11). Ela não tinha feito acepção com nenhum dos irmãos, não ia fazer agora com sua mãe. Ela apenas seguia a “Regra de ouro: tudo aquilo, portanto que queres que os homens vos façam, fazei-vos a eles, pois esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7,12).

O exemplo de família deixado por Jesus, Maria e José estava longe na sua vida... Mas sabia que filhos são bênçãos de Deus. Honrara o pai, honraria a mãe e os irmãos, pois “quem causa problemas à sua família herdará somente vento” (Cf. Pr 11,29) e não queria isso para si mesma.

 

“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá.” (Sl 127,3-5)

(Em 18/09/2021)

 

 

15 – Recorrendo a Deus

 

O que você faz após ser atendido por Deus?

 

Eles eram pessoas que tentavam fazer tudo que é agradável a Deus. Casados há 15 (quinze) anos, esperavam que Deus lhes enviasse uma criança para lhes completar a felicidade.

Ela era estéril como “Sara de Abraão, mãe de Isaac (Gn 17,15-16, 21,1-7); Rebeca de Isaac, mãe dos gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25, 19-28); Raquel de Jacó, mãe de José e Benjamim (Gn 30,1; 30,33 e 35,16-20); Ana de Elcana, mãe de Samuel (1Sm 1,2; 1Sm 2,5); e Mara, esposa de Manuá, mãe de Sansão (Jz 12,2-4; 13,2); Isabel (Lc 1,13)”; entre outras. Para esta última, “a parenta da mãe de Jesus, era um opróbrio que Deus designou retirar dela diante dos homens quando concebeu João Batista” (Cf. Lc 1,25).

Eles não pensavam assim, afinal os tempos são outros. Eles sabiam que esta esterilidade fazia parte dos propósitos de Deus. Com fé esperavam n’Ele. 

Ela ainda era nova, pois se casara menor de idade. O mundo da Medicina estava preparado para lhe garantir uma boa gestação e “com efeito, para Deus, nada é impossível” (Cf. Lc 1,37).

Eles “oravam em segredo no quarto deles” (Cf. Mt 6,6) e muitas vezes “faziam jejum” (Mt 6,16-18), principalmente das coisas que mais gostavam, não só o alimentar como também dos programas, filmes e jogos preferidos. Usavam a “imposição das mãos” (Lc 13,13) na barriga com Fé e Esperança.

“Deus escutou estas súplicas.” (Cf.. Lc 11,13) Então, chegou o dia que “Ele os cumulara com sua misericórdia e todos se alegraram com o casal, como acontecera com Isabel e Zacarias” (Cf. Lc 1,58). Parecia que repetira “Jesus, o que dissera a outra: Mulher, estás livre da tua doença” (Lc 13,12). Deus permitira que eles concebessem a criança esperada, com o casal coabitando, sem nenhuma intervenção médica.

Narra a Bíblia que “Jesus foi a um casamento e transformou a água em um vinho de qualidade superior” (Jo 2,9-10). Provavelmente os anfitriões ficaram aflitos porque “não tinham mais vinho” (Jo 2,3). Agora eles estavam aflitos e alegres com a concepção porque requeria exagerados cuidados naquele desejo tão bem-vindo.

Eles ousam dizer que Jesus estava com eles todos os dias, principalmente onde moravam transformando aquela aflição de uma gravidez de risco num milagre constante e diário, permitindo que aquele feto vivesse por mais um dia até a 38ª semana. Continuamente estavam em oração agradecendo o bebê e pedindo pela sua vida.

Lembravam: “Felizes são os aflitos porque eles serão consolados” (Mt 5,5). Eram dias extremamente difíceis para ambos, mas eram consolados pela alegria de terem no seio materno aquela vida, por cada dia vencido, com a graça de Deus.  

Tudo aconteceu como Jesus falara e João Evangelista narrara: “Quando a mulher está para dar a luz, entristece-se porque sua hora chegou, porém, ao dar a luz à criança, já não se lembra do sofrimento” (Jo 16,21). Na verdade, sua hora chegara, naqueles meses abençoados, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo até a hora de fato.

O bebê chegou um pouco mais cedo, “com qualidade superior, como o vinho chegara” (Cf. Jo 2,10): a saúde, porque Jesus cuidara dele, da mesma forma que por Ele “cegos viram, coxos andaram, os leprosos foram purificados, surdos ouviram (Cf. Mt 11,5), mãos atrofiadas (Mt 12,9-14) se ajeitaram, mulher encurvada se endireitou e andou” (Lc 13,10-17) e tantos outros milagres. “Jesus curava toda sorte de enfermidade” (Cf. Mc 1,32-34). As curam foram físicas e espirituais. Jesus olhou para aquela mãezinha. “Tomou e carregou” todos aqueles riscos, um a um, dia a dia, mês a mês.

Eles receberam muitas orações e o “por tudo daí graças” (1Ts 5,18) foi vivenciado por eles, parente, amigos, desconhecidos, atestando todo dia que “para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis” (Cf. Mt 19,26).

E agora, com o bebê no colo, surgiram mais orações e mais petições: que as pessoas em iguais situações a ela, orem muito, tenham fé, confiem e creiam em Jesus, no Pai e no Espírito Santo.

 

“Os filhos são a herança de Deus.” (Sl 127,3)

 (Em 19/9/2021)

 

 

16 – A Fraternidade do Irmão

 

Você se julga capaz de imitar alguma

ação de Jesus?

 

Eram dois irmãos. O mais novo andava por estradas finas de “porta estreita” (Mt 7,13) e o mais velho andava pelo “caminho largo e espaçoso que conduz à perdição” (Mt 7,13). Quando “o irmão pecava o outro corrigia (Mt 18,15), e se ele se arrependia perdoava-o, não sete vezes por dia, ou setenta e sete vezes”.

Quando o “irmão o ouvia, ganhava um irmão” (Mt 18,15). Mas, às vezes, diante de familiares ou amigos íntimos, “recorria à correção diante de duas ou três testemunhas” (Mt 18,16). Também “recorrera à Igreja, e porque o irmão ouvia, não o tratou como um gentio ou republicano” (Mt 18,17).

‘O pecado vinha da desobediência do homem’ e o retorno àquela prática afastava aquele rebelde da família, de Deus, dos amigos e dos colegas. A escolha do mais velho “era caminhar nas trevas sem saber para onde ia” (Cf. Jo 12,35).

“Não existe um homem tão justo sobre a terra que faça o bem sem jamais pecar” (Ecl 7,21), mas o irmão mais velho acumulara muitas, muitas iniquidades. Ele, o mais novo, se “reconciliava com seu irmão” (Mt 5,24) mais velho, tantas vezes que perdera as contas. Ele sabia “que no mundo teria tribulações” (Jo 16,33), mas já achava seu “fardo pesado para os seus ombros” (Mt 23,4) sem que houvesse alguém que com “um dedo pudesse movê-lo” (Mt 23,4).

Jesus dissera que o “fardo d’Ele era leve” (Mt 11,30). Ele discordava desta assertiva. Jesus fora “desprezado (Mc 6,4), desacreditado (Jo 12,37), injuriado (Mt 27,39), crucificado (Mt 27,35) e morto (Mc 15,37). Então comparava com seu próprio fardo. O que era o seu diante disso? Mas Jesus nunca esmoreceu e lhe cabia o mesmo.

“Os amigos do irmão eram amigos importunos. Ele os recebia pela insistência, e lhe dava tudo o que precisava, quando eram procurados à noite” (Cf. Lc 11,5-8) até o dia que aqueles amigos se tornaram iguais em ações ao “Devedor Implacável” (Cf. Mt 18,23-35): o irmão mais velho ‘era agarrado pelo pescoço, quase sufocado, e ouvia que devia pagar o que lhes devia... O mais velho rogava pedindo mais um prazo para pagar’.

O mais novo, adentrando no quarto, presenciara esta cena e exigindo explicações e descobrira ser dividas de droga. Os amigos não contavam com a chegada inesperada do mais novo e surpreendidos fugiram em seguida. O mais novo logo percebeu: “Eram cegos guiando cegos” (Mt 15,14).   

Ele, o mais novo, recorreu à Bíblia onde Jesus muito dissera e muito exemplificara. Não queria só seguir Suas orientações. Ousou pensar em imitar algumas de Suas ações. Não faria milagres. Isso era transcendental. Faria coisas humanas, afinal Jesus veio como homem e deixara uma gana de legados possíveis a qualquer um.

“Jesus orou antes de escolher os 12 apóstolos (Lc 6,12); E ele passou a noite em oração a Deus também como Cristo”. E de manhã decidiu internar o irmão numa Casa de Recuperação aos Drogados. “O operário é digno de seu sustento” (1Tm 5,18). Cuidaria do tratamento. O irmão que pagasse seu sustento nocivo, quando ficasse bom com a graça de Deus. “Jesus abençoava as crianças” (Mc 10,16). Passou a abençoar o irmão nas fotos, nas visitas... “Jesus abençoava o pão, o vinho (Mt 26,27), o peixe (Mt 14,19).  Aprendeu a abençoar sua alimentação.

“Jesus amou Lázaro, Marta, Maria (Jo 11,5), João Evangelista (Jo 19,26) e todos (Jo 15,12)”. Ele amou mais ainda o seu irmão e o demonstrou muito mais vezes.

“Jesus louvava e dava graças a Deus” (Jo 11,41). Fez o mesmo.

“Jesus dissera antes de partir: Conclui a obra” (Jo 17,4). O mais novo sabia que começara a obra e no momento só podia dizer: “Fiz o que era para fazer!” (Lc 17,10).  Agora precisava dar tempo ao tempo...

 

“Volte-se para Deus para seu pecado ser cancelado” (Cf At 3,19).

(Em 3/10/2021)

 

 

 

 

17 – A Igreja de Cristo    

(Pedro)

 

Você sabe a origem da Igreja?

 

            Ele sempre foi um Cristão de fato, por influência de sua família, ainda que fosse muito distante, com posses e de carro, podiam se dar o luxo de viajarem por duas horas para ir à Casa de Deus, todos os domingos. Agora estava de volta às suas terras.

            Ele tinha origens fundamentadas na Igreja Católica. Sempre assistira a missa e vivera os Sacramentos do “Batismo (Mt 28,19), da Confirmação (At 8,14), da Comunhão” (Mt 26,26) e consequentemente o da “Penitência” (Lc 15,21). Quando se absteve do “Matrimônio” (Mt 19,4), optando por ser celibatário, pelo sacerdócio, trouxe muita alegria aos seus pais. E agora cumpria mais dois sacramentos dos sete existentes: a “Ordem” e a “Unção dos enfermos”.

            Ele voltara após anos de estudos. Tinha acabado de receber a Ordenação Sagrada (Lc 22,19). Era padre, mas “não competia a ele conhecer os tempos e os momentos” (At 1,7) antes que lhe fossem revelados. Sabia que a Igreja “proclama a palavra, insiste, refuta, ameaça e exorta com toda paciência e doutrina” (2Tm 4,2); e logo deveria abraçar uma Igreja.

Ali na fazenda, sentado na varanda, admirando aquelas paisagens onde tanto brincara, escutou uma voz lhe dizendo: abre a Bíblia agora, por favor. Parecia a voz do pai quando lhe pedia isso nos tempos que morara ali. Seu genitor não estava presente à Casa Principal naquela hora. Fora arrumar uma cerca. Depois de confirmar a ausência do pai pensou: Se não é meu pai, é o Espírito Santo de novo.

            Foi atender ao pedido sublime e abrindo a Bíblia foi surpreendido ao se deparar com a seguinte passagem: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Interpretou assim: Ele não era Pedro. Mas, podia edificar uma Igreja na fazenda dos pais. A fazenda era a pedra onde ele edificaria a Igreja de Cristo, fisicamente com a construção. Ele seria a pedra espiritual, seguindo Pedro a quem Jesus pedira a continuidade de suas obras. Ele tinha em mente: “Não sabeis vós que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3,16).

            Pensou em quem era Pedro e no seu caminho... Como ele foi marcante na sua trajetória!!! Pedro foi chamado para ser discípulo de Jesus Mt 18,1): “Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens.” (Lc 5,10). Foi Cefas – Simão – Pedro, que além de discípulo foi chamado para continuar a Igreja começada por Cristo. Ele, o protagonista, além de sacerdote, recebera agora um chamado: ser pescador de homens, para transformá-los em “ovelhas do seu redil” (Jo 10,16).     

            Com palavras significativas, com muita percepção e sensibilidade Pedro falou a Jesus: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes (Lc 5,5); Pegaram muitos peixes e “Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" (Lc 5,8)

Igual confiança em Jesus, ele adquirira há muito tempo, e talvez por isso, tenha escolhido aquela caminhada e esperava levar muitos pecadores para junto do redil de Jesus se espelhando em Pedro, por quem tinha muita admiração.

Não era a primeira vez que ele escutava vozes e atribuíra ao Espírito Santo lhe dizendo ou perguntando: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a todos os povos (Mc 16,15); apascenta minhas ovelhas; apascenta meus cordeiros; Tu me amas?” (Cf Jo 21,15-7). Quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Houve muitas outras... Estas palavras foram proferidas a Pedro, mas ressoavam para ele. Chegara o momento de Proclamar o Evangelho e cuidar do redil do Pai, naquelas paragens.

Pedro esteve muito presente com Jesus. Por isso, desde que sentira sua vocação seguia os seus passos, apesar Pedro ter negado Jesus três vezes como foi previsto (Mt 26,30-35); de servir de pedra de tropeço para Jesus, por pensar como homem (Mt 16,23); e ser muito questionador comportando-se como um ansioso que quer resolver tudo, como por exemplo:

“Pedro pediu explicação sobre uma parábola. Jesus falara duas. Uma que o que torna o homem impuro é o que sai pela boca; a outra que um cego não pode guiar outro cego; Primeiro Jesus perguntou: Nem mesmo vós tendes inteligência? Então explicou a primeira parábola” (Mt 15,10-20).

De outra feita, “Jesus contou a parábola da ‘Prontidão para o retorno do mestre’ (Lc 12,35-48) quando os servos estavam sempre a postos e Pedro questionou: Senhor, é para nós ou para todos que contas esta parábola?(Lc 12,41)  

Fez outras perguntas a Jesus: “Quantas vezes deveria perdoar o irmão que pecasse” (Cf. Mt 18,21-22); Que haveremos de receber? (Cf. Mt 19,27)por terem deixado tudo e seguido Jesus; Dize-nos quando será isso, e qual o sinal de que todas essas coisas estarão pra acontecer?” (Mc 13,1-4) – Quando Jesus falou do fim do Templo. “Senhor a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos que és o Santo de Deus(Jo 6,67-68). “Senhor, para onde vais? Senhor, por que não posso seguir-te agora? (Jo 13,36-37). “Senhor, e ele?” (Jo 21,20) – querendo saber de João.

Pedro estivera na companhia de Jesus em momentos importantes: na cura da hemorroíssa falando que a multidão comprimia Jesus; a caminho da casa de Jairo e lá entrou com Tiago e João (Mc 5,21-47; Lc 8,40-56) curando sua filha; ao mostrar a figueira amaldiçoada (Mc 11,21); ao confessar o reconhecimento de que Jesus era Cristo, o filho de Deus vivo (Mt 16,16); na promessa de nunca se escandalizar por causa de Jesus (Mt 30,33).  E outras... Refletindo nessa promessa que não foi cumprida, rezou ao Senhor que não lhe acontecesse o mesmo, que ocorreu na noite daquele dia: “O senhor feriu o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersaram” (Mt 26,31).  

E continuou na sua reflexão. Havia coisas que jamais poderia seguir os passos de Pedro, pois foram situações únicas: Jesus caminhando sobre as águas e Pedro, interpelando-o, disse: "Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas". E Jesus respondeu: "Vem". Descendo do barco, Pedro caminhou sobre as águas e foi ao encontro de Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!" (Mt 14,28-30).  Mostrou-se corajoso e reconheceu que Jesus podia salvá-lo. Isto ele não poderia esquecer e servia de estímulo à caminhada do futuro Pároco.

Jesus começou a lavar os pés dos discípulos e Pedro não quis que lavasse os deles. Foi explicado que precisava permitir para fazer parte de Jesus, então desejou que as mãos e a cabeça fossem lavadas também, sem precisão, pois estava puro (Jo 13,1-20). Pedro era impetuoso tanto quanto ele mesmo.

“Feriu com a espada o servo do Sumo Sacerdote, Malco, decepando-lhe a orelha direita quando Jesus foi preso”. (Cf. Jo 18,10). Uma defesa!!! Assim seria com seus paroquianos, sem arma, claro.

Pedro Também estava junto no 1º Anúncio da Paixão (Mt 16,21-28; Mc 8,31-38) e lamentou o que Jesus ia passar (Cf. Mt 16,22); na Transfiguração (Mt 17,1-13; Mc 9,2-13, Lc 9,28-36) quis montar uma cabana para cada um dos três; no pagamento do Imposto do Templo pescou um peixe (Mt 17,24-27); e no Getsêmani (Mt 26,36-40; Mc 14,32-46; Lc 22,40-46), Pedro dormia.

Com a morte física do corpo de Jesus, Pedro foi o segundo a chegar ao túmulo. Saiu correndo com João, esse chegou primeiro e ficou esperando por ele que foi o primeiro a entrar e se surpreendeu pelo que viu (Jo 20, 1). João ao ver o sepulcro vazio reconheceu certa preeminência em Pedro. (Rodapé Pág 1892)

Quanto poder! A nenhum dos outros apóstolos foi proferido estas palavras de Jesus: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu.”). Então ocorre a entrega “...tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja... darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus e o que desligares na terra será desligado nos céus.(Mt 16,13-20; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21).

Jesus orou pelos 12 (doze) apóstolos (Jo 17,12) e especificamente por Pedro (Lc 22,32) – a fim de que a fé dele não desfalecesse.

Finalmente depois de todos esses destaques sobre Pedro, Jesus ressuscitado culminara com Seu pedido: apascentar as minhas ovelhas(Jo 21,15-17). Era para ouvi-lO que depois ele ia entende e dar gloria a Deus. Então pede para segui-lo (Cf. Jo 21,18-19).

“A chave do Reino dos Céus foi dada a Pedro” (Mt 16,19) e o Pároco só teria a chave da Porta das Ovelhas terrestre de sua Paróquia, mas com os mesmos propósitos de Pedro e de Jesus, para apascentar as próprias ovelhas que na verdade eram acima de tudo de Jesus.

E ali, na paz da sua fazenda, estas frases estavam mais presentes e ele falava com Jesus: Eu te amo, vou apascentar suas ovelhas, vou pregar o Evangelho aqui nesta terra e nestas cercanias; e penso como “Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo” (Mt 16,15). Pedro reconheceu em Jesus o Messias e que deveria ser uma pedra de arrimo para seus irmãos (CNBB pág. 1222- rodapé).

Mas, agora é diferente. “ele não estava proibido severamente de falar a alguém a esse respeito” (Mt 16,20), muito pelo contrário! Ele viveria “para aperfeiçoar os santos em vistas do ministério, para edificação do corpo de Cristo até que todos alcançassem a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado do Homem Perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4,12-13).

Depois desta reflexão ele disse: vou segui-lO como Pedro O seguiu. Estava determinado e corajoso, pois era um líder nato.

Pedro, então de pé, junto com os onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão: “Homens da Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos as minhas palavras” (At 2,14). Assim começara sua missão.  

Finalmente chegou o dia da inauguração da Igreja construída na fazenda que aconteceu no “Dia de Pentecostes” (At 2,1) quando “Pedro proclamara a mensagem de Cristo onde todos estavam reunidos no mesmo lugar” (At 2,1) e o Padre fez o mesmo em todo o povoado rural, na sua Comunidade.

O sacerdote convertera muitas pessoas e além das Missas dominicais ele celebrava os sacramentos. Fazia tudo por Jesus com amor e retidão quando tinha autorização.

 Muitos se sentiam em pecado porque eram casados no civil, mas não foram abençoados nos Matrimônios e não podiam levar seus filhos para ser Batizados ou fazer a Primeira Comunhão junto com a Confissão (Penitência), nem a Crisma (Confirmação – quando o Padre chamava o Bispo). Nem tão pouco, podiam chamar o padre para dar a Unção aos Enfermos doentes e terminais, porque naquela região não havia Igreja nem Padre. E assim, todos se alegraram como a mulher que encontrou sua moeda perdida (Cf. Lc 15,8).  

Esperava que as tribulações administrativas, as perdas e outras “Não o fizesse abandonar a congregação de Jesus, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, se vir que se vai aproximando aquele Dia” (Cf. Hb 10,25).

Houve um José de cognome Barnabé, que vendera tudo e entregara o dinheiro aos pés dos apóstolos (Cf. At 4,36). Naquela comunidade não precisou fazer isso. Quem era rico continuou rico. Quem era pobre continuou pobre. Eram outros tempos e outra cultura. Mas, o seu povo se assemelhara à “comunidade de Pedro: havia crido em um só coração e uma só alma. O que era de um era do outro também. Dividiam entre si de acordo com a necessidade” (Cf. At 4,32-35), prevalecendo o amor ao próximo.

Este foi o maior legado daquele padre, após proclamar o Evangelho ao edificar a Igreja de Cristo, na sua fazenda: a Igreja constituída pelos cristãos católicos que é Una, Santa, Católica Apostólica e Romana. Conseguira fazer dos homens pescados, ovelhas apascentadas, membros da Igreja de Cristo, em Cristo e por Cristo.

 

“Amai vossas esposas como também Cristo amou a Igreja” (Ef. 5,21)

(Em 06/10/2021)

 

18 – Um Operário de Deus

(Os Sacramentos: Batismo, Confirmação, Penitência, Eucaristia,

Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio)

 

Você conhece os sete sacramentos instituídos por Jesus?

 

            Ele era um varão a serviço de Deus

            “Nós somos cooperadores de Deus, vós sois a seara de Deus, o edifício de Deus” (1Cor 3,9). Assim ele dizia na sua comunidade, com o intuito, de mostrar a valorização da participação dela, na Igreja de Deus.

            Ele cooperava com Deus. Tinha o Sacramento da Ordem (Lc 22,19) e gostava de anunciar o evangelho de Deus mais por amor do que por obrigação. Sem seara, sem o edifício de Deus, ele não poderia semear este seu amor... Sua interpretação encantava a todos.

            Nele “reinava a paz de Cristo à qual, ele fora chamado” (Cf. Cl 3,15) e desejava o mesmo para ‘suas ovelhas’. Ainda pedia que eles dominassem seu coração e “que tudo que fizessem de palavra ou ação, fizessem em nome do senhor Jesus, por ele dando graças, a Deus, o Pai” (Cf. Cl 3,17).

Paulo disse “vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte. E aquele que Deus estabeleceu na Igreja são em primeiro lugar, os Apóstolos; em segundo lugar, profetas; e terceiro lugar, doutores...” (1Cor 12,27-28). A Igreja foi iniciada com os apóstolos, que tiveram como missão de ir ao mundo evangelizar (Mt 28,18-20; Mc 16,15-17).

Todos os sacramentos foram instituídos por Jesus Cristo e estão fundamentados na Bíblia.

 

O Sacramento do Batismo (Mt 28,19) sempre lhe causava emoção, além de livrar a pessoa do pecado e restabelecer a amizade em Deus, ele batizava em Cristo, como “ele pediu antes da Ascensão: Batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Cf. Mt 28,19; Mc 16, 15-17) – É a Trindade explícita. Por ele as pessoas podiam receber os outros Sacramentos.

            As pessoas são batizadas em Cristo Jesus. “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,3). É na sua morte que todos são batizados. Portanto, “pelo batismo todos são sepultados com ele na morte (Rm 6,3-5). Todos que são batizados em Cristo e se vestiram de Cristo são filhos de Deus pela fé em Cristo” (Cf. Gl 3,26). Com o Batismo, se está em Cristo, é nova criatura, passaram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova. (2Cor 5,17).

            Nesta ocasião, ele contava casos de pessoas batizadas, ou relacionadas ao batismo: “Jesus, mesmo sem pecado (Cf. 1Pd 2,22), foi batizado por João Batista para se cumprir toda justiça (Cf. Mt 3,13-15) e esse testemunhou que viu o Espírito descer como uma pomba, vinda do céu e permaneceu nele (Cf. Jo 1,32); No Batismo as pessoas recebiam o Espírito Santo, após a imposição das mãos pelos apóstolos” (At 8,16-17). Hoje é acrescido o sinal da Cruz. Uma oração de grande poder.

O próprio João Batista estabeleceu um paralelo entre o seu batismo e o de Jesus: ele veio batizar com água e Jesus é aquele que batiza com o Espírito Santo, pois o Espírito Santo descera em Jesus e permanecera, conforme Deus lhe avisara. Isso ele podia testemunhar (Cf. Jo 1,19-34). 

            Felipe batizou um eunuco conforme o anjo lhe pediu e depois foi arrebatado pelo Espírito Santo. (At 8,26-40).

            Quando o padre contava essa passagem ele explicava o que era um eunuco (Mt 19,10-12): eram homens incapazes para as funções matrimoniais dessa maneira, se empregavam e se tornavam guardiões dos aposentos íntimos, para cuidar das mulheres de seus donos (Cf. Est 2,3). Também são chamados de Eunucos os altos funcionários (Cf. At 8,27), homem de confiança, ministro do rei. Eles eram considerados ineptos na Assembleia de Deus da Comunidade Israelita (Dt 23,2). Isaias admite-os (Is 56, 3-8). Há os Eunuco: impotentes, cirurgiados e os que assim escolheram (o celibato) para seguir Jesus.

Apesar de ser padre, às vezes, tinha “pensamentos de homem como Pedro tivera” (Cf. Mt 16,23) um dia, e ele não estava preparado para “ser arrebatado como fora Filipe depois que batizou o eunuco” para lugar nenhum. Felipe foi para Azot (Cf. At 8,39).

No seu caso, não queria desaparecer depois de realizar um batizado, mesmo porque chocaria as pessoas. “O eunuco não mais viu Felipe, mas prosseguiu sua jornada com alegria” (At 8,39). As pessoas não reagiriam como aquele eunuco, com certeza, e ele não queria deixar “suas ovelhas sem pastor” (Cf. Mc 3,34) e estarrecidas.

Também falava sobre o encontro de Nicodemos com Jesus que Jesus ressaltava o nascimento das pessoas na água e no Espírito, para entrarem no Reino dos Céus. (Jo 3,3).

 

Justificação (Mt 3,13-17; 28,19-20; Jo 3,1-8; At 8,36-37; Rm 6,3-11; Gl 3,26-27).

 

O Sacramento da Confirmação (At 8,14-15) – Crisma – Causava-lhe uma alegria ímpar. É a chegada do Espírito Santo novamente, do modo que ocorreu no “Dia de Pentecostes quando o Espírito Santo encheu a casa onde todos se encontravam. É o derramamento do Espírito de Deus sobre toda a carne, sobre todos os Seus servos” (Cf. At 2,1-13).  É lindo e Divino porque é o “cumprimento da Promessa de Cristo de enviar o Espírito Santo. Ao receber o Espírito Santo se recebe também os Dons do Espírito (Cf. At 2,38) e a sua força (Cf. At 1,8); E todos que são conduzidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” (Rm 8,14).  

A ele cabia toda organização e um convite esperado ao Bispo diante da hierarquia. Mas isso não diminuía a grandeza, pois ele visualizava naquele cenário tanta luz divina em forma de pomba, em cada cristão, com tanta nitidez que não sabia se era real ou imaginação. É um sacramento dado pelo Bispo.

Naqueles tempos “Jesus soprou sobre os dez Apóstolos e eles receberam o Espírito Santo” (Cf. Jo 20,22). Ainda ia acontecer o ‘Dia de Pentecostes’ quando apareceu aos discípulos. Tomé não estava presente (Jo 20,24) e Judas tinha se enforcado (Mt 27,5).

Deus nos fortalece em Cristo e nos dá a unção. Ele nos marcou um selo (dom do Espírito Santo) e pôs em nossos corações o penhor do Espírito (2Cor 1,21-22).

Assim ele contava a passagem que os Apóstolos não precisariam temer diante da sinagoga porque o Espírito Santo lhes ensinaria naquele momento o que deveriam dizer. (Lc 12,12) O Paráclito além de ensinar tudo, os faria recordar de tudo que Jesus havia dito. (Jo 14,26). Aqui também podia relacionar o encontro de Nicodemos com Jesus, já citado.

 

Justifição (At 2,1-11; 8,14-17; 19,1-7)

 

O Sacramento da Eucaristia surgiu na última Ceia de Jesus. Era para ele, uma grande bênção atender a um pedido do Senhor: “Jesus tomou um pão, deu graças, partiu e deu-o a eles dizendo: Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isso em minha memória” (Cf. Lc 22,19-20) e mais ainda... “Fazer com que Deus permanecesse nele e em todos que recebiam o Cristo, a verdadeira comida e bebida” (Cf. Jo 6,55-56), o Cordeiro Pascal, na Hóstia Sagrada e no Vinho.  

O pão e/ou o vinho faziam parte de ofertas em outras passagens que oportunamente o padre proclamava a todos: Melquisedec levou para Abraão pão e vinho (Cf. Gn 14,18); Abigail tomou 200 pães e dois odres de vinho, para Davi (Cf. 1Sm 25,18); Davi distribuiu pão todos (Cf. 2Sm 6,19); Jesus multiplicara o pão e peixe (Mc 6,30-44).    

 

Justificação (Mt 26,17-19.26-28; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20; Jo 6,22-71; 1Cor 11,23-25).

 

            O Sacramento da Penitência Reconciliação – Confissão – Foi ensinado por Jesus na Parábola do Filho Pródigo, quando o filho se confessa: “Pai, eu pequei contra o Céu e contra ti...” (Lc 15,21) Ao dizer: “se o irmão disser que está arrependido, tu lhe perdoarás” (Cf. Mt 18,21-22) e ao orientar “se reconciliar com o irmão antes de oferecer qualquer coisa no altar” (Cf. Mt 5,24).

            “Jesus pregava para se arrepender porque estava chegando o Reino dos Céus (Mt 4,17); haveria muita alegria no Céu por um pecador que se arrepende (Cf. Lc 15,10); pedia para se arrepender e crer no Evangelho” (Cf. Mc 1,15); e dizia “que tinha vindo chamar os pecadores ao arrependimento” (Lc 5,32). Só pode se arrepender quem lamenta o mal cometido.

            “Desde os tempos de Moisés que as pessoas ao pecarem deviam procurar um sacerdote e expiar suas faltas com oferendas” (Cf. Lv 5,7-13). Não bastava se confessar a Deus. “E Jesus veio cumprir a Lei: depois d’Ele purificar falava para o curado procurar um sacerdote” (Cf. Lc 17,14). Dizia ainda há muitos: “os teus pecados estão perdoados” (Cf. Lc 5,21), “vá e não volte a pecar” (Cf. Jo 5,14). Valia para o físico e para o espírito. Sendo Ele o Deus encarnado “tinha poder de perdoar os pecados na terra” (Cf. Lc 5,24; Mc 2,10) sem que fosse preciso ir ao sacerdote. E deu esse poder aos discípulos quando soprou o Espírito Santo, já ressuscitado. (Cf. Jo 20, 22-23). Aos discipolos foi dado o Ministério da Reconciliação (2Cor 5,18).

Na Confissão, o Padre dava alento aos pecadores de arrependimento e orientava aqueles que não estavam prontos. Assim ele perdoava os pecados porque o “sangue da Aliança tinha sido derramado por muitos, para a remissão dos pecados” (Cf. Mc 14,22), e não queria que esse sangue tivesse sido derramado em vão.

“As pessoas eram batizadas por João Batista, confessando os pecados, pois seu batismo de arrependimento era para remissão dos pecados, já profetizado por Isaías” (Cf. Lc 3,3-6).

Eram enriquecidos e esclarecidos por estas passagens:

Jesus disse aos discípulos: “Aqueles a quem perdoares os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23); ao paralítico, “eis que estás curado, não peques mais” (Jo 5,14); a adúltera, “não te condeno, vai e de agora em diante não peques mais” (Jo 8,11). O rei Davi se confessou a Deus (1Cr 21,8) e na Oração (SL 5,1-4); e fez o Salmo 51 arrependido.

Na cura do paralítico que entrou pelo teto, ao curá-lo Jesus disse que os pecados deles estavam perdoados, causando a indignação: “só Deus pode perdoar os pecados” (Cf. Lc 5,17).

 

Justificação (Mt 16,18-19; Jo 20,23).

 

O Sacramento do Matrimônio era para ele um tipo de repetição, da Criação para fazerem companhia um ao outro: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). Abençoar uma família que se iniciava diante de Deus, era para ele uma alegria. Ele estava dando glórias ao que Deus tinha “serão uma só carne, unido e não podia ser separado” (Cf. Mt 19,5-6). Os aconselhava honrar um ao outro como honraram ao pai e a mãe.

 Jesus foi muito enfático nesse assunto: “O Criador fez o homem e a mulher: por isso, o homem deixa seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher e os dois serão uma só carne. Todo aquele que repudia sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério. O casamento é indissolúvel.” (Cf. Mt 19,1-9). Até quem olha com desejo libidinoso já comete adultério (Mt 5,28)

Entre essas e outras ele gostava de expor nos Casamentos: “Vós todos honrai o matrimônio e conservai o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará os impuros e os adúlteros”. (Cf. Hb 13,4). “Não contrairás matrimônios, não darás tua filha a seus filhos, e não tomarás de suas filhas para teu filho com pessoas impuras ou próximas de parentesco” (Cf. Dt 7,2-4).        

Então os saudava com as recomendações de São Paulo sobre o Casamento e a Virgindade (1Cor 7) para cumprirem o dever conjugal, não se separarem, mas que acima de tudo Deus os chamara para viverem em paz; para os homens amararem as mulheres como a si mesmo e como Cristo amou a Igreja e elas deveriam os respeitar (Ef 5); e não tratá-las com mau humor (Cf. Cl 3,18) e culminava sempre com o Hino à Caridade (1Cor 13).

 

Justificação (Gn 2,18; Mt 29,4; Ef 5,21-31; 1Cor 7,1-7, 1Cor 13, Cl 3,18ss; Ef 6,1.) 

             

O Sacramento da Unção dos Enfermos – antes Extrema Unção – para o operário era um misto de alegria e tristeza porque na maioria das vezes as pessoas se afastavam do júbilo de Deus.

            Na “Missão dos Doze” (Mc 6,13), “os apóstolos enviados por Jesus deveriam curar os doentes ungindo-os com óleo” (Cf; Mc 6,13).  

            Quando ele era chamado para dar a Unção dos Enfermos com a intenção de cura, ou antecedendo uma cirurgia, era uma graça e uma bênção para todos. Quando a pessoa era um doente terminal, e carecia de uma Extrema Unção, como foi chamada por muito tempo, era muito dolorido porque as pessoas não estavam preparadas para a despedida nem para entenderem que “o espírito é que vivifica; a carne para nada serve” (Jo 6,63) e que a morte é vida, pois Jesus disse: “Eu sou a ressurreição. Quem crê ainda que morra viverá” (Jo 11,25-26).

            Todos eram fortalecidos com a narrativa de São Tiago: “Sofre alguém dentre vós um contratempo recorra à oração. Está alguém alegre? Cante. Alguém dentre vós está doente? Mande chamar o presbítero da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do na doença e a se confessarem uns aos outros os próprios pecados. Orai uns pelos outros para que sejam curados”. (Cf. Tg 5,13-17).  

 

Justificação (Mc 6,13; Tg 5,14-15).

 

            O Sacramento da Ordem lhe agradava. Deus em Sua misericórdia o intuíra para essa missão, sem pretensões de jamais se igualar a Jesus, embora O seguindo. Ele sabia que “Cristo foi o único sacerdote que se assentou à direita da Majestade nos céus. Ele é ministro do Santuário e da Tenda, a verdadeira armada pelo Senhor” (Cf. Hb 8,1-2). É por atribuição Divina, “a pedra rejeitada pelos homens, mas diante de Deus eleita e preciosa” (Cf.1Pd 2,4) – a Pedra Angular (1Pd 2,7). Paulo diz: “Considerai atentamente Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da nossa profissão de fé” (Hb 3,1; Cf, 4,14; 5,5; 7,28).  Só há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus.” (1Tm 2,5). Porém, Jesus "fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, o Pai” (Cf. Ap 1,6). Ele se incluíra nesta afirmativa.

“Jesus constituiu Doze, para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar e terem autoridade para expulsar demônios” (Cf. Mc 3,13-15; Lc 6, 12-16). Um deles era Pedro do qual, por Jesus “edificou a Igreja e as portas do Hades nunca prevalecerão contra ela.” (Cf. Mt 16,16-20). De certa forma, Jesus escolheu os sacerdotes na Missão do Doze (Mt 10), na Missão dos setenta e dois discípulos  (Lc 10) e  no chamado a Paulo (At 9).

O Sacerdócio começou na última Ceia quando Jesus disse o que era para fazer em sua memória. “Jesus tomou o pão, deu graças, os abençoou, partiu e deu aos discípulos dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo. Depois dando graças, a um cálice de vinho tomou e disse: Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue. O sangue da Aliança que por muitos é derramado para remissão dos pecados. Fazei isto em memória a mim” (Cf. Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20).

Ele quando ressuscitou, pediu a Pedro para apascentar suas ovelhas (Jo 21,1-23). Deixando o exemplo ele foi um Bom Pastor (Jo 10,1-21). O que busca a ovelha desgarrada (Cf. Lc 15,4-7). Que conhece as suas ovelhas e elas escutam a sua voz (Jo 10,22-30).

“O primeiro ato (Cf. At 1,15-26) que Pedro concretizou na edificação do Ministério do Apostolado, foi a reunião os 10 (Dez). Iam dar testemunho da Ressurreição de Cristo. Entre José e Matias, para substituir Judas, o segundo foi sorteado... Culminou com o ‘Dia de Pentecostes em seu discurso’.

“São Pedro disse que a comunidade cristã era um sacerdócio real, uma nação santa e um povo de sua particular propriedade” (Cf. 1Pd 2,9 ) e “os convidava a terem um bom comportamento” (Cf. 1Pd 2,12). Igualmente, ele pregava isso entre ‘suas ovelhas’. Também muito se alegrava por ser mais um servidor de Deus. “Sendo assim, em nome de Cristo exercemos a função de embaixadores de Cristo e por nosso intermédio é Deus mesmo que vos exorta” (2Cor 5,20). “Não descuides do dom da graça que há em ti, que te foi conferido mediante profecia junto com a imposição das mãos” (1Tm 4,14).

Cristo é o único sacerdote entre o Pai e os homens. Porém, ele "fez de nós uma realeza de sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele pertencea glória e o domíniopelos séculos dos séculos.” (Ap 1,6).  

Agraciava a todos com as passagens sobre os levistas e a profecia de Davi sobre “o sacerdócio do Messias: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec” (Sl 110,4; Hb 5,10; 6,20; 7,23). Melquisedec, rei de Salém, apareceu como o sacerdote do Altíssimo, antes da instituição levítica. Ele abençoou Abraão, levou-lhe pão e vinho, e recebeu desse o dízimo. (Gn 14,17-24). É uma figura profética de Cristo (Rodapé Pá 2090).

O nome Melquisedec significa Rei da Justiça; e Rei de Salém, que quer dizer Rei da Paz. Sem pai, sem mãe, sem genealogia, nem princípio de dias nem fim de vida. É assim que se assemelha ao Filho de Deus, e permanece eternamente (Cf. Hb 7).

Jesus era descendente de Judá e exerceu com perfeição o que era função dos levitas – dada pela Lei e que seria se Deus quisesse, um sacerdócio pela Ordem de Aarão, origem dos levitas. “De fato, a Lei nada levara à perfeição; com nova ordem, dada a Jesus, “está introduzida uma esperança melhor, pela qual nos aproximamos de Deus” (Cf Hb 7) e a imutabilidade do sacerdócio de Cristo, “o sumo sacerdote santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, elevado mais alto do que os céus” (Hb 7,26).

“Porquanto todo sumo sacerdote, tirado do meio dos homens é constituído em favor dos homens em suas relações com Deus”. (Hb 5,1).

 “Paulo e Timóteo estiveram em Filipos com seus epíscopos e diáconos” (Fl 1,1).

Epíscopo – Bispo (1Tm 3,1-7; Tt 1,5-6) – Tinha que ser irrepreensível. Era o nome dado aos dirigentes das comunidades eclesiais (Igrejas cristãs), fundadas por ele (Glosário Bíblia CNBB).

Presbíteros (Tt 1,1-9; 1Tm 5,17-22) – Paulo disse a Tito eu te deixei em Creta para cuidares da organização e ao mesmo tento constituir os Presbíteros em cada cidade. Em cada Igreja designaram anciões (At 14,23). Saudação ao ancião (2Jo 1,1). Reunião com o conselho dos anciões (Lc 22,66). “Chamaram os anciões daquela Igreja.” (At 20,17). “Enviaram anciões” (At 11,30). Ele não era ancião, mas exercia a atribuição dos mesmos.

Diáconos (At 6,1-7; 1Tm 3,8-13) – homens de boa reputação, repleto de Espírito Santo e de Sabedoria para servir às mesas. Escolheram Estevão e outros...  irrepreensíveis.

O sumo sacerdote existia no Antigo Testamento, portanto, a prefiguração de Jesus Cristo. Antes era imolado um cordeiro, macho sem mácula; com Cristo é ele quem é imolado. Paulo diz: “Por este motivo, eu exorto-te a reavivar o dom espiritual que Deus depositou em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1,6).

Essa hierarquia e as atribuições mostradas na Bíblia, não correspondem à hierarquia atual, tanto que por tradição, São Pedro Apóstolo tornou-se o Primeiro Papa e não há citação da palavra Papa.

 

Justificação (Hb 2,5-18; Hb 5,1-10; 7,11-14; Sl 110,4).

           

                        O Cotidiano                                                                             

            No seu sacerdócio havia missas diárias que Ele dava cumprimento da instituição da Eucaristia, realizado na Santa Ceia, comemorando um banquete em memória da Salvação efetuada por Cristo.

E tanto nas missas como nos eventos dos Sacramentos ele esperava que o Espírito Santo o guiasse tornando aqueles Sacramentos significativos e não apenas um compromisso social, como tantos pensavam que era. Os Sete foram instituídos por Jesus e deveriam ter um valor Divino. Eram bênçãos, graças e agradáveis a Deus.

Como padre precisava usar os sacramentais instituídos pela Igreja. Eram os sinais sagrados como água benta e alguns paramentos, pois eles muito se aproximaram aos pedidos de Deus.

Deus operara, por meio de Jesus, manifestando milagres. E agora operava naquele Padre, tornando-o um fiel e bondoso operário sendo, de fato, ‘Um bom Pastor’ e servidor de Deus.

 

Perseverem na comunhão fraterna, na fração do pão

e nas orações” (Cf. At 2,42)

(Em 09/10/2021)

19 – Os Quatro  Amigos

 

Você acha que Deus pode ser motivo de conversa

entre amigos num clube?

 

Um grupo de quatro amigos estava reunido à beira da piscina. Cada um pensava de um jeito. Uns bebericaram demais e uma leve embriaguez já se instalara afastando-os do ditado: Futebol, Política e Religião não se discutem.

 O primeiro era descrente de Deus; o segundo tinha apenas a Bíblia de cor na cabeça; o terceiro era frequentador da Igreja, mas as ações não condiziam com um cristão; o quarto era um Cristão no verdadeiro sentido, pois o segundo e o terceiro se julgavam cristãos.

 “Diz assim o insensato no seu coração: Deus não existe!” (Sl 53,1). Foi com essas palavras que o descrente alfinetou todos sem saber da sua insensatez. O segundo, o sabichão, lançou mão dos dizeres da Bíblia: “Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). O terceiro, sendo fugaz atacou: Você não pode mais beber essa cerveja geladinha, nem ficar aí sentado e ainda devia dar seu último suspiro para não se prevalecer de “Quem” não acredita. Por causa de Deus você está se beneficiando com água e cereais na bebida, madeira e ferro na cadeira e respirando o ar d’Ele!

O Cristão disse: vamos apenas olhar por 30 segundos e fazer mentalmente duas listas: o que nós construímos e o que nunca vamos construir com nossas mãos. “Creiam nas obras” (Cf. Jo 10,38) pelo menos.

O descrente não se deu por vencido: É, pode haver um Deus para fazer ‘o céu, as nuvens, a terra, os animais, os vegetais’. A lista é grande mesmo. Mas, Jesus? Para mim é um mito. O sabichão disse: “Jesus estava com Deus. Tudo foi feito por Ele” (Jo 1,2). O fugaz soltou praga: Quero que você adoeça para precisar de Jesus! O cristão disse que havia muitos livros e autores relatando estes fatos, embora por ele a Bíblia lhe informasse o suficiente.

O termo Bíblia incendiou mais os ânimos pela dúvida do descrente e o sabichão do Evangelho começou a mostrar os autores: Moisés, os Evangelistas e os Profetas; o fugaz tomou a Bíblia do Sabichão e jogou a Bíblia no descrente. O Cristão disse que a Bíblia dava respostas e pegou a Bíblia antes que fosse arremessada em retorno. 

No meio daquela conversa aparentemente infrutífera começaram as brigas verbais. O fugaz foi chamado de “Filho Pródigo que voltara para viver à custa do pai” (Lc 15,11-32). O descrente foi chamado de “judeu (e era mesmo) que matou Jesus” (Cf. At 2,22-23). O sabichão foi chamado de “fariseu que gostava de ser visto pelos outros” (Mt 23,5). O Cristão, de “Religioso porque Deus o escutava” (Jo 9,31). O sabichão e o Cristão não falaram mal de ninguém.  As acusações ficaram entre o descrente e o que frequentava a Igreja.

 E esses dois nem sabiam que “Jesus foi morto pelas mãos dos ímpios” (At 2,23) judeus. O leitor geralmente seguia os preceitos, pois tinha conhecimento, Mas, também não era fácil acreditar, como até hoje não se acredita.  

O sabichão leitor da Bíblia justificou as acusações endereçadas a todos.  Apontando para o descrente explicou: Havia entre os judeus os que acreditavam em Jesus e os que não acreditavam. “Pois, nem mesmo os irmãos criam nele” (Jo 7,5), mas nem todos quiseram a morte de Jesus. E, apontando para o fugaz continuou: nosso amigo aqui mais se parece com ‘o irmão do Filho Pródigo. Sempre esteve com o pai! O que é de um é do outro’. Apenas a sucursal na outra cidade não deu certo e ele voltou. Ele não agiu como ‘o Filho Prodigo’. Quanto a mim, eu não estou querendo me amostrar. Estou dividindo o que eu leio. E pediu desculpas por parecer vaidoso. E nosso amigo aqui é de fato um Cristão e está em mais contacto com as ações agradáveis a Deus. Acho que por isso eles têm maior conexão.

O Cristão repetiu: a Bíblia responde as coisas para gente. “E Deus não faz acepção com ninguém” (Rm 2,11). Basta vocês perguntarem. Em tom de desafio o descrente propôs: Cada um de nós fala uma palavra e nosso amigo sabichão fala ou mostra uma frase relacionada. Inclusive você, também, disse para o sabichão.

O Cristão sabia que a Bíblia não era uma brincadeira. Na escolha das palavras, elas estariam soltas, sem contexto... Isto não é forma para ler a Bíblia. Ele orava antes de ler a mesma e naquela hora também. Não podia dar esse esclarecimento e no momento foi inspirado a participar. Ia ver aonde chegaria esta brincadeira, na esperança de sucesso de uma verdadeira resposta bíblica.

Eis a primeira rodada: pobre, amor, rico, divórcio. “Sempre haverá pobres entre nós (Cf. Jo 12,8); ameis uns aos outros como eu vos amei (Jo 13,34); Rico e pobre se encontram: e a ambos Deus fez (Pr 22,2); Moisés que se desse carta de divórcio, quando repudiasse, por causa da dureza do coração, mas no princípio não era assim” (Cf. Mt 19,7-8).

Houve uma seguinte rodada: oração, abençoar, empréstimo e saúde. “Sempre haverá necessidade de oração sem jamais esmorecer (Lc 18,1); recebi ordem de abençoar e não o revogarei (Nm 23,20); não empreste a teu irmão com juros (Dt 23,20); não são os que têm saúde que precisam de médico (Mc 2,17)”.

Após aquelas respostas cadenciadas numa verdade tão esclarecedora, atestando a presença de Deus, todos amoleceram o coração. Cada um teve um entendimento de si mesmo. O sabichão viu que não adiantava ter conhecimento da Bíblia sem praticar as Palavras de Deus. O Fugaz entendeu que frequentar a Igreja somente, não era nada. Precisava praticar a caridade e o caminho estava na Bíblia. O Cristão sabia que devia melhorar sempre. E o descrente propôs um Grupo de Estudo para que eles crescerem espiritualmente. A proposta foi aceita por unanimidade.

Toda segunda-feira eles se reuniriam, cada vez na casa de um, com as respectivas mulheres e filhos, com um lanche coletivo, sem bebidas embriagantes. 

Com tudo já definido, o descrente pediu a Bíblia e abriu uma página a esmo, como um ato de fé e disse que cada um lesse a primeira coisa que enxergasse, sem mudar a folha. Quero ver o que este Grupo de Estudo vai nos oferecer. Eu vou começar. Então, viu e leu: “Crede-me: eu estou no Pai e o Pai em mim. Crede-o, ao menos por causa dessas obras” (Cf. Jo 14,10). Ao fugaz coube: “Quem tem meus mandamentos e os observa é quem me ama” (Jo 14,21). Ao sabichão: “minha Palavra não é minha, mas do Pai que me enviou” (Jo 14,24). Ao Cristão: “Deixo-vos a paz. A minha paz vos dou” (Jo 14,27).

A reação foi única: ficaram boquiabertos de tão estarrecidos e em seguida foi uníssona a risada dos quatros. Brindaram com água a confirmação e fizeram a primeira oração juntos. 

 

“Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,

ali eu estou no meio dele” (Mt 18,20.)

(Em 9/10/2021)

20 – Vivendo na Alegria

 

Você sente alegria em servir?

 

Ela estava lendo a Bíblica na passagem a Necessidade da Prática diz assim no versículo: “Aquele, porém, que escutou a Palavra e não pôs em prática é semelhante ao homem que construiu sua casa ao rés do chão, sem alicerce. A torrente deu contra ela, e imediatamente desabou; e foi grande sua ruína!” (Cf. Lc 6,49).

Ela se deu conta que aquele texto refletia sua vida física e espiritualmente, em alguns pontos.

Ela sorriu quando viu parte do seu endereço escrito na Bíblia. Ela morava em Portugal, num apartamento com o endereço RC Direito, que significa Rés de Chão do lado direito. Sendo construído num alicerce bem feito, estava distante da ruína.

Sempre ‘escutou a Palavra de Deus e a pôs em prática’. Quanto à ‘torrente’ chegara há trinta anos na sua vida. Foi um tempo muito sofrido, mas não tinha sido arruinada.

Sempre fora hábito peculiar ‘rezar’ antes de sair e voltar do trabalho, ao estar cansada após um dia exaustivo, ‘antes das refeições’. Em tudo dava graças (1Ts 5,18) e estava em comunhão com Deus. Tudo isso, como Jesus, não na mesma proporção, é claro.

Ela rezara à noite toda antes de se decidir casar. “Jesus fizera o mesmo, antes de escolher os Doze” (Lc 6,12). Ela não sabia que estava semeando seu casamento, mas que não colheria. A vida do noivo seria ceifada por Deus, antes do matrimônio.

“Angustiada, apavorada, chorou, como Jesus no Horto” (Cf Mc 14,39), naqueles dias de espera, após o acidente de carro... “Orando, pediu a Jesus que tomasse aquela enfermidade” (Mc 8,17) do seu noivo, mas sua vontade não coincidiu com os desígnios de Deus. 

As más línguas diziam que ela passara por um grande livramento. Eles não sabiam que aquela afirmativa lhe doía na alma no mesmo ponto onde “o golpe de lança traspassou Jesus, na sua morte, como predissera Simeão” (Lc 2,35). O perdão saía do coração dela sem mágoa ou ressentimento, logo que passava o impacto da dor. Afinal, “eles não sabiam o que faziam” (Lc 23,32), ou seja, o que diziam.

Seu noivo foi de fato um filho desajustado proveniente do desamor recebido em casa. “Jesus rezara por Pedro para que sua fé não desfalecesse” (Lc 22,32). Ela rezara para o noivo ter fé. Ela levara o noivo ao Padre e ele se ‘confessara’, e já “produzia frutos dignos de arrependimento” (Lc 3,8) e recebera os ‘Sacramentos’ que antecedem o Casamento.

Agora, tantos tempos idos, ela se tornara mãe de todos, tia de todos, irmã de todos, do rés de chão à cobertura, do prédio onde morava. Ela rogava por eles, fazia promessas, acendia velas, rezava o terço, fazia romarias para cada necessidade de cada um, além de ajudá-los, numa compra, num curativo, numa companhia, cuidando das crianças...

Ninguém tirava sua alegria de servir e ela costumava usar as palavras de “João Batista: Essa é a minha alegria e ela é completa” (Jo 3,29). A alegria dele era mostrar Jesus. A dela era seguir Jesus. E acrescia: “Foi um tempo de tristeza que se transformou em alegria como Jesus anunciou aos discípulos” (Jo 16,20), embora em contexto bem diferentes. Sabia que “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28) e “Mas quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva e quem quiser ser o primeiro entre vós, será esse servo de todos” (Cf. Mc 10, 43,44).

“Por essa razão, quando deres um donativo, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Com toda a certeza vos afirmo que eles já receberam o seu galardão. E Tu, porém, quando deres uma esmola ou ajuda, não deixes tua mão esquerda saber o que faz a direita.  Para que a tua obra de caridade fique em secreto: e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Cf. Mt 6,2-4). E ela servia em segredo, porque servir no amor de Deus é dar.

 

“Há mais alegria em dar do que receber” (At 20,35)

(Em 10/10/2021)